Embora dor na relação sexual seja relativamente comum em mulheres, sentir dor durante o orgasmo é raro, especialmente se a dor é no pé, como em um caso relatado no periódico Sexual Medicine recentemente. No caso, a paciente em questão começou, aos 34 anos, a apresentar o problema — tudo devido a um procedimento comum feito três anos antes do início das dores.
Dor no pé durante orgasmos: o que explica o caso?
Conforme reportado no periódico, a paciente em questão, que é canadense e tem 34 anos, tinha um histórico sexual absolutamente normal quando, subitamente, começou a apresentar uma forte dor no pé direito sempre que tinha um orgasmo. Isso, segundo o periódico, é um problema chamado disorgasmia, que costuma se manifestar com dor na região abdominal e, mesmo nesta apresentação, é raro.
Quando percebeu que a dor acontecia no ápice do prazer vindo tanto da relação sexual quanto pela masturbação, a paciente decidiu investigar o problema. De início, ela realizou consultas ginecológicas e neurológicas, mas nenhuma delas levantou qualquer suspeita sobre a causa da dor nos mais diversos exames realizados.

Diante de características da dor, porém, um profissional da medicina sexual pontuou a hipótese de haver a compressão de um nervo ligado ao assoalho pélvico que, ao contrair durante o orgasmo, gerava uma reação em cadeia refletida no pé. Com isso, a paciente foi avaliada durante fisioterapia com exercícios focados na parte inferior do corpo para testar tensão em diferentes nervos — algo que confirmou a hipótese.
Segundo o relato de caso, o problema tem ligação com uma cesárea feita pela paciente três anos antes do início da dor, procedimento que pode gerar aderências devido ao processo de cicatrização, além de mudanças anatômicas.
Isso tudo colocou o nervo femoral, localizado na região da virilha, sob o risco de ser “pinçado” em algumas situações. Por este motivo, a contração do assoalho pélvico e da musculatura ao redor dele durante o orgasmo gerava uma compressão temporária do nervo femoral, refletindo então no chamado nervo safeno, que vai até o pé. A dor no pé, portanto, era uma resposta do segundo nervo à compressão do primeiro.

Apesar de rara e complexa, a condição foi devidamente tratada. Segundo o periódico, a paciente realizou cinco sessões de fisioterapia que incluíram a liberação de certas estruturas da pelve e treino tanto da parede abdominal quanto do assoalho pélvico. Além disso, em casa, a paciente utilizou técnicas de automassagem para liberar a própria musculatura e alongamentos focados na região pélvica.
De início, durante o tratamento, a paciente precisava utilizar estas técnicas antes das relações sexuais para ficar livre de dor durante o orgasmo, mas, com o passar do tempo, isso deixou de ser necessário. Após cinco meses com as dores, a mulher vive, hoje, livre do problema sem a necessidade de realizar terapias complementares.