Máscara, chá imunológico, chá de erva-doce: o que ajuda ou não a prevenir coronavírus?

por | jan 31, 2020 | Saúde

Desde que foi identificado pela comunidade científica, o novo coronavírus tem gerado muitas dúvidas na população.

Ainda são primárias informações como a origem do vírus e quais são os métodos mais eficazes para brecar sua disseminação – o que abriu espaço para a circulação de informações falsas, as chamadas fake news do coronavírus, nas redes sociais.

O VIX conversou com infectologistas para saber quais destas afirmações, de fato, procedem. Confira a seguir:

Fake news coronavírus: o que ajuda mesmo a prevenir

Usar máscara?

Verdade. A máscara de fato pode ajudar a prevenir a transmissão do coronavírus, já que os cientistas acreditam ele esteja sendo compartilhado por gotículas respiratórias produzidas quando o indivíduo espirra ou tosse, similarmente a outras doenças respiratórias.

Porém, a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que somente pessoas infectadas e com sintomas do Covid-19 (especialmente tosse) usem máscara. “Se você não está doente ou cuidando de alguém que está doente, estará desperdiçando uma máscara”, enfatiza o órgão, alertando para o fato de que há uma escassez mundial de máscaras devido ao uso desnecessário.

Usar álcool gel?

Verdade. De acordo com Michelle Zicker, infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, a higiene frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel previne a transmissão de vírus e bactérias.

Lavar as mãos?

Verdade. Além de higienizar as mãos com álcool gel, também é importante lavar as mãos o máximo possível ao longo do dia.

Tomar vitamina C ou D?

Mentira. Ainda não há qualquer evidência científica que demonstre ação das vitaminas C e D na prevenção ou no tratamento do novo coronavírus e, portanto, não há indicação de suplementação para esse fim, diz Michelle.

Usar óleo de orégano?

ShutterStock

Mentira. Michelle afirma que tampouco há evidências científicas que comprovem o uso de óleo de orégano como método eficaz de prevenção para a infecção pelo novo coronavírus.

Segundo Leonardo, o uso do óleo é uma orientação baseada em tradições populares, mas que ainda não tem embasamento científico.

Tomar chá de erva-doce?

Mentira. A ingestão do chá de erva-doce tem sido bastante recomendado. Isso porque a planta teria, em sua composição, a substância fosfato de oseltamivir, princípio ativo do medicamento Tamiflu, que seria recomendado contra o coronavírus.

Nenhuma destas informações procede, segundo os especialistas. “O chá de erva-doce não possui o princípio ativo do Tamiflu (fosfato de oseltamivir). Além disso, o oseltamivir está indicado somente para tratamento e prevenção de infecção pelo vírus influenza. Não há um medicamento específico para tratamento do novo coronavírus”, alerta Michelle.

Tomar solução de água e sal?

Mentira. Ingerir soluções salinas, como o indicado em mensagens que circulam pela internet, não é eficaz para prevenir o coronavírus.

“O novo coronavírus infecta as células do trato respiratório. Higienizar a boca não elimina o vírus do trato respiratório”, explica Michelle.

Tomar chá imunológico?

Mentira. Outra fórmula natural que circula pela internet e está sendo indicada como método de prevenção ao novo coronavírus é um “chá imunológico” à base de gengibre, alho, capim-limão, tomilho, hortelã, limão e água alcalina.

O próprio Ministério da Saúde já desmentiu a eficácia da bebida e lembrou que não há qualquer medicamento específico, infusão ou vacina desenvolvido que possa prevenir a infecção pelo novo coronavírus.

Encomendas da China estão contaminadas?

Mentira. Se você está com medo de que produtos importados da China, o epicentro de casos do novo coronavírus, venham contaminados, fique tranquilo. Segundo os médicos entrevistados, isso não acontece.

“Até o momento, não há evidência de casos associados a produtos importados. Enquanto não temos as informações a respeito do novo coronavírus, utilizamos o que sabemos sobre os outros dois coronavírus (SARS e MERS) para nos guiar. Em geral, esses dois coronavírus sobrevivem por pouco tempo nas superfícies, assim é pouco provável que sejam disseminados através de produtos ou embalagens que permaneceram em ar ambiente e foram enviados, por navio, há dias ou semanas”, tranquiliza Michele.

Evitar locais onde haja multidão?

Verdade. Evitar frequentar locais de grande circulação do vírus é uma medida que ajuda a evitar a contaminação. A orientação da OMS é manter distância de pelo menos um metro de pessoas que estejam tossindo ou espirrando.

Ingerir MMS?

Mentira. O “MMS”(“Miracle Mineral Supplement”, ou “suplemento mineral milagroso” em tradução livre) é uma substância polêmica disseminada como uma suposta cura do autismo, Aids, malária, hepatite e até câncer.

Agora, com a descoberta do novo coronavírus, o MMS voltou a ser recomendado para prevenir e tratar o vírus. Porém, seu uso não deve ser feito em nenhuma circunstância.

O produto, segundo a Anvisa, é utilizado na formulação de produtos de limpeza, como alvejantes e tratamento de água – o dióxido de cloro não tem aprovação como medicamento em nenhum lugar do mundo. ”Trata-se de substância perigosa com efeitos colaterais graves e permanentes se ingerida”, diz Michelle.

Prevenção ao coronavírus: recomendações oficiais

Apesar de todas as controversas em volta dos métodos de prevenção ao coronavírus, a infectologista Cinthya M. Ozawa resume que as melhores estratégias para assegurar o corpo contra o vírus são:

  • Higienize as mãos com álcool, sabão e água regularmente;
  • Mantenha-se a um metro de distância de pessoas que estejam tossindo ou espirrando;
  • Evite levar as mãos aos olhos, nariz e boca;
  • Ao tossir ou espirrar, cubra o rosto com a parte interna do cotovelo ou use um lenço – e fazer uma higienização imediatamente, assim como jogar o material fora;
  • Evite contato com pessoas com doenças respiratórias;
  • Se tiver febre, tosse ou dificuldade de respirar, procure um médico imediatamente e divida com ele o histórico de viagem.

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