A bulimia de Diana dava os sinais mais clássicos da doença – que são também os menos conhecidos pelas pessoas de forma geral
Atualmente, é sabido que a princesa Diana lidava com questões profundas de saúde mental. A ex-esposa do príncipe Charles tinha, por exemplo, bulimia, problema com o qual lidou em segredo – e, recentemente, uma pessoa próxima da monarca deu detalhes sobre o que ela sentia e relatava a respeito do distúrbio.
Ex-professora dá detalhes sobre quadro de bulimia de Diana
Pouco após noivar com o príncipe Charles, em 1981, a princesa Diana desenvolveu bulimia nervosa. Atualmente, essa informação é conhecida pelo público e pela própria família real, mas, na época – segundo a própria princesa –, ela conseguia esconder o distúrbio de seus familiares.
A dificuldade de Diana em falar sobre o problema vinha da vergonha que ela sentia pela bulimia. É o que relatou Anne Allan, bailarina que, ao dar inúmeras “aulas secretas” de dança para a princesa, se tornou sua confidente. Recentemente, ela lançou o livro “Dancing With Diana” (“Dançando com Diana”), no qual deu detalhes sobre a vivência da monarca.
Segundo ela, um dos maiores gatilhos para a bulimia de Diana foi a necessidade de participar dos compromissos da família real britânica. “Diana explicou que a bulimia começou quando ela passou a comparecer a reuniões importantes, particularmente jantares, em que tinha de se sentar para comer”, disse Anne, detalhando.
“Conhecer tantas pessoas era assustador para ela. A sensação de que estava sendo julgada a cada movimento que fazia, como era vista ou o que dizia a fazia sentir-se totalmente inadequada”, declarou a dançarina na biografia.
Além disso, a antiga professora de dança de Diana afirmou também que a princesa ocultava ao máximo a questão. A princesa teria relatado a bulimia à professora em meio a falas sobre como sentia vergonha de passar por aquilo.
“Incapaz de me olhar nos olhos, ela disse: ‘Estou tão envergonhada, Anne, mas preciso te dizer que sofro de bulimia’. A vergonha era evidentemente dolorosa para ela”, escreveu Anne no livro, que complementa relatos da própria Diana tanto em uma biografia lançada em 1992 quanto em sua icônica entrevista à rede BBC.
Bulimia de Diana: crítica de Charles como gatilho, distúrbio “secreto” e mais
Em 1992, Andrew Morton publicou “Diana: Her True Story” (“Diana: Sua Verdadeira História”) e, posteriormente, foi divulgado que a fonte de todas as informações havia sido a própria princesa. No livro, a bulimia de Diana foi revelada, e a princesa deu detalhes sobre o que teria causado o problema.
“A bulimia começou uma semana depois que ficamos noivos e levaria quase uma década para que eu a superasse. Meu marido colocou a mão na minha cintura e disse: ‘Ah, um pouco gordinha aqui, né?’. Isso disparou algo em mim – e a questão da Camilla [também]”, disse ela, se referindo ao conhecido affair de Charles e Camilla Parker Bowles, atual rainha consorte.
Além disso, em sua icônica entrevista à rede BBC, onde fez inúmeras revelações que revoltaram a família real, Diana também falou sobre a bulimia. Na ocasião, ela frisou a vergonha que sentia, bem como a baixa autoestima e o que sentia ao comer ou vomitar.
“Eu tive bulimia por muitos anos. E isso é tipo uma doença secreta. Você causa isso em você porque sua autoestima está baixa, e você não se vê como alguém que vale a pena ou tem valor. Você enche seu estômago quatro ou cinco vezes no dia, e isso gera sensação de conforto. Mas isso é temporário – você sente nojo do inchaço da barriga e vomita”, declarou na época.
Sintomas de bulimia: Diana tinha os mais comuns, mas pouco falados
Muitos enxergam a bulimia como um transtorno alimentar ligado à comida e marcado por episódios de vômito. Essa doença, no entanto, traz mais uma série de sintomas comportamentais que são pouco observados, mas muito comuns, como:
- Fixação pela autoimagem;
- Autocrítica exagerada;
- Episódios de compulsão alimentar;
- Hábito de comer em segredo;
- Sentimento de grande vergonha em vários momentos (ao comer, ao vomitar, etc);
- Prática excessiva de exercícios físicos, especialmente após comer;
- Mudanças extremas de humor;
- Isolamento;
- Problemas para se relacionar com outras pessoas;
- Aversão a eventos sociais, especialmente os relacionados a comida.
É preciso entender que a bulimia não é necessariamente sobre comida, mas sobre autoimagem e autoestima. Isso significa que situações que prejudicam a forma como uma pessoa se vê – como críticas exageradas e bullying – são possíveis causas para o despertar da doença.
Além disso, é sabido que situações de grande impacto emocional, como eventos muito grandes ou traumas – mesmo que não tão relacionados ao corpo –, podem desencadear a bulimia nervosa.
Se você ou uma pessoa próxima apresenta esses sintomas, a primeira orientação é buscar ajuda profissional com um psicólogo, nutrólogo ou psiquiatra de confiança. Caso não haja o desejo de falar com um profissional, indica-se desabafar com alguém em quem se confie, como um amigo ou parente.