Usando seu perfil no Instagram, a atriz Claudia Raia publicou recentemente um vídeo que parou a internet. Ao lado do marido, ela surgiu dançando sapateado – e, de forma divertida, com um terceiro som de pés batendo no linóleo, a atriz mostrou o barrigão da gravidez de seu terceiro filho. Na web, a notícia foi recebida com alegria, mas também com apreensão e especulações devido ao fato de que Claudia tem 55 anos, se tratando, portanto, de uma gestação considerada tardia.
Entenda quais possibilidades, riscos e cuidados estão envolvidos em uma gravidez como esta.
Gravidez após os 50 é mais difícil, mas alguns fatores “facilitam”
De acordo com o médico Carlos Moraes, ginecologista membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e especialista do Hospital Albert Einstein, qualquer gestação que aconteça após os 35 anos é considerada tardia.
Isso se deve à idade dos óvulos; quanto maior for a idade da mulher, mais velhos são seus óvulos, já que estas células já nascem com ela. Com isso, a qualidade deles também cai.
Sendo assim, conforme explica o ginecologista, a qualidade e a quantidade dos óvulos disponíveis tendem a cair cada vez mais com o passar dos anos. Isso torna cada vez menores as chances de se engravidar naturalmente e com óvulos próprios – e, como a menopausa tende a ocorrer entre os 45 e os 55 anos, gestações que acontecem nesta faixa etária, como a de Claudia Raia, tendem a espantar.
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Segundo o médico Eduardo Cordioli, coordenador geral de obstetrícia do Hospital e Maternidade Pro Matre, engravidar nesta fase da vida é realmente mais raro – mas possível, especialmente se houver o auxílio de algumas ferramentas.
Conforme lembra o ginecologista Carlos Moraes, muitas mulheres, hoje, congelam óvulos, permitindo a fertilização com células saudáveis no futuro. Além disso, de acordo com Cordioli, há casos de menopausa tardia, e isso também contribui para a ocorrência de uma gestação nesta idade.
Ao anunciar a gravidez, Claudia Raia ressaltou a surpresa em saber sobre a gestação e não detalhou se houve ou não o uso de algum método de reprodução assistida. Aos 45 anos, no entanto, ela chegou a revelar a decisão de congelar óvulos.
Riscos da gravidez após os 50 anos
De acordo com o ginecologista Eduardo Cordioli, a cada ano que passa, os riscos relacionados à gestação aumentam tanto para o feto quanto para a mãe devido à idade dos óvulos.
Com 30 anos, há mais riscos que aos 25, enquanto aos 35 há mais riscos que aos 30. Após os 50, este risco aumenta ainda mais – e o médico explica quais complicações podem surgir devido à idade.

“Os principais riscos envolvem risco de malformação, o bebê ter algum tipo de doença, restrição de crescimento. Para a mãe, envolve risco de pré-eclâmpsia, diabetes, prematuridade e trombose”, explica ele, enquanto o ginecologista Carlos Moraes cita também as possíveis comorbidades. Conforme passa a idade, maiores as chances de a mulher já ter alguma doença – e isso, segundo ele, é algo que pode interferir na gravidez.
Já muito importante em qualquer gravidez, o pré-natal é, segundo ambos os médicos, extremamente necessário no caso de gestações tardias. “Estes casos precisam ser individualizados, não existe uma regra geral, cada paciente tem suas comorbidades. Um bom pré-natal é o que garante um parto tranquilo e um bebê saudável”, pontua Carlos.
Cuidados necessários em uma gestação tardia
Ainda que os riscos para a mãe e o bebê sejam cada vez mais altos com o passar dos anos da mulher, o médico Eduardo Cordioli afirma que o aumento do risco não significa que a probabilidade de ter complicações se torne maior que a de não ter.
Segundo ele, mulheres que são saudáveis, realizam seus exames periodicamente e fazem rastreamento para hipertensão, diabetes e prematuridade tendem a ter bebês igualmente saudáveis.

O primeiro cuidado, portanto, é planejar a gravidez, realizando os exames necessários para detectar e eliminar qualquer questão que possa ser sanada. Em seguida, ambos recomendam um bom pré-natal para que seja possível monitorar quaisquer comorbidades que a paciente tenha, bem como realizar exames e adotar medidas que previnam a ocorrência de complicações.