Dizem que o câncer é o mal do século. Apesar das recentes evoluções no tratamento e pesquisas promissoras na área, a doença ainda é um grande obstáculo a ser vencido na área da saúde de todos os países. Muitas pessoas veem a enfermidade como uma sentença de morte e se desesperam diante da sua manifestação – que, de fato, acomete de forma violenta muitas vezes. Mas será que é possível blindar-se contra esse mal avassalador? Quais são os dados concretos que a comunidade científica tem hoje que podem nos guiar?
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Câncer e influências ambientais
Existem muitas provas que evidenciam a relação entre câncer e fatores externos, tais como estilo de vida, alimentação e etc. Uma das mais concretas são os diferentes níveis de diversas formas de câncer observadas em populações distintas. Ou seja, pessoas que vivem em um mesmo lugar, expostas a substâncias similares e com hábitos parecidos desenvolvem os mesmos cânceres, que são diferentes nos diferentes povos.
Outra evidência, que reforça a tese anterior, está na mudança observada no desenvolvimento da doença em estrangeiros. Pessoas que partem para um novo país deixam para trás rapidamente os níveis de câncer de seu lugar de origem e passam a desenvolver os cânceres comuns no lugar de chegada, o que indica que o estilo de vida exerce uma influência importante no desenvolvimento da enfermidade.
Metade das pessoas que desenvolvem câncer morre em decorrência da doença (Crédito: Thinkstock)
Por conta desses e de outros dados, estima-se que até 90% dos cânceres na população ocidental possa ser atribuído a fatores ambientais e, portanto, prevenido. Dentre estes estão a alimentação desregrada, com o alto consumo de calorias, o sobrepeso e obesidade, o sedentarismo, o tabagismo e consumo excessivo de álcool, a exposição à radiação solar e nuclear e outros. Sendo assim, cerca de apenas 10% das causas de todos os cânceres na população do ocidente não poderia ser controlada.
Por que a prevenção é importante?
Metade das pessoas que desenvolvem câncer morre por conta da doença, o que indica que o índice de cura está longe de ser satisfatório. Dra. Luciana Preger, gerente médica da área de oncologia da farmacêutica Roche, defende que o câncer é uma “doença de país pobre”, já que, com ações de prevenção e detecção precoce – duas medidas bem estabelecidas em países de alto acesso e falhas em países em desenvolvimento –, é possível evitar ou destruir o câncer com uma eficácia muito grande.
“A droga que pode curar o linfoma está disponível no SUS [Sistema Único de Saúde]. É uma doença altamente curável. No entanto, muitos pacientes morrem no Brasil todos os anos vítimas desta doença sem nem terem sido diagnosticados”, exemplifica a especialista.
“O câncer de colo de útero é outra doença que praticamente sumiu nos países desenvolvidos, pois é facilmente tratável. Nos países pobres, a não detecção, a promiscuidade e o início muito precoce da vida sexual elevam o índice de mortalidade, já que o HPV é um pré-indício para detectar este tipo de câncer”, reforça a especialista.
Como se prevenir?
O especialista em prevenção Prof. Luis Pinillos Ashton, radioterapeuta, ex-ministro da Saúde do Peru e fundador do Instituto Internacional de Investigação para a Prevenção (IPRI, na sigla em inglês), lista as principais atitudes que podem ajudar a prevenir o câncer.
Parar de fumar
Evitar o consumo de bebida alcoólica em excesso
Reduzir a ingestão de calorias
Comer 5 porções diárias de frutas e legumes
Manter o peso corporal equilibrado
Praticar exercícios físicos moderados regularmente
Refrigerar bem os alimentos para evitar contaminação por bactérias (uma das principais causas do câncer gástrico)
Estar com as vacinas em dia, especialmente para HPV, hepatites e herpes (que são fatores de risco para alguns cânceres, como colo uterino, fígado, etc.)
Usar preservativo na relação sexual para evitar o contágio de DSTs
Amamentar (fator de prevenção para o câncer de mama)
Usar protetor solar adequado ao seu tipo de pele e evitar a exposição aos raios UV em excesso
Fazer exames periódicos para acompanhar o estado geral de saúde
*A repórter Marianna Feiteiro viajou entre 16 e 18 de julho de 2014 a Guadalajara, no México, a convite da Roche Brasil para evento para jornalistas da América Latina com objetivo de discutir os avanços da saúde na região, inovação e biotecnologia.
