Bactéria resistente que representa risco global é identificada por cientistas no Nordeste

por | out 4, 2024 | Saúde

A bactéria resistente foi identificada em uma mulher de 86 anos que deu entrada no hospital com um quadro de infecção urinária e não respondeu a nenhum dos tratamentos disponíveis

Bactérias resistentes são uma preocupação crescente no meio médico, e um estudo recente criou um alerta relacionado a elas no Brasil. Isso porque, após análise, foi constatado que uma bactéria encontrada em uma paciente no Nordeste em 2022 é de um tipo que não só é de difícil tratamento como também oferece risco global de saúde. Entenda o caso abaixo:

Bactéria resistente com potencial risco global é identificada no Brasil

Em 2022, uma paciente de 86 anos deu entrada em um hospital da região Nordeste com um quadro de infecção urinária. Ela faleceu 24 horas após a internação e, durante o período em que esteve lá, nenhuma opção de antibiótico disponível foi eficaz em combater a bactéria em questão. Se trata de uma cepa da bactéria Klebsiella pneumoniae, que posteriormente teve seu genoma sequenciado e criou um alerta de saúde.

(Crédito: Freepik)

De acordo com informações da Agência FAPESP*, que apoiou o estudo, as características da bactéria resistente foram comparadas às de outras 408 sequências em um banco de dados. Com isso, o grupo de pesquisadores descobriu se tratar de uma cepa já identificada anteriormente nos Estados Unidos, que já circulava no Brasil e que tem risco alto de se espalhar pelo mundo.

Segundo Nilton Lincopan, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), que coordenou o estudo, essa bactéria é perigosa por ser muito versátil. “[Ela] adquire facilmente outros mecanismos de resistência não contemplados pelas drogas existentes ou combinação delas. É possível que se torne endêmica nos centros de saúde em nível mundial”, declarou.

Essa, assim como outras bactérias parecidas, faz parte de um programa voltado ao estudo de microrganismos classificados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como “prioridade crítica”. Com a descoberta, órgãos competentes orientam que os serviços de saúde tomem providências específicas ao se deparar com essas cepas.

Como prevenir a bactéria resistente?

(Crédito: katemangostar/Freepik)

A prevenção de infecções se dá por hábitos como boa higiene, boa alimentação (para manter o sistema imunológico funcionando adequadamente) e proteção de pessoas com a imunidade comprometida ou frágil. É o caso, por exemplo, de crianças, idosos e pessoas que usam medicações imunossupressoras (como quimioterápicos). Em pessoas com a imunidade normal, é possível que mesmo uma bactéria resistente não cause uma doença.

Também é importante frisar que tratamentos com antibióticos devem ser seguidos à risca, e junto do devido acompanhamento médico.

Já para os serviços de saúde, as orientações compreendem especialmente o cuidado com infecções hospitalares. É preciso notificar a vigilância epidemiológica local e isolar o paciente para impedir a transmissão da bactéria resistente a outras pessoas no hospital.

*informações divulgadas em reportagem de André Julião para a Agência Fapesp

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