Mulher que usava anticoncepcional dá à luz quatro bebês: antibiótico cortou efeito

por | jun 30, 2016 | Saúde

Na última terça-feira (23), a dona de casa Miriam Cristina de Lima Lopes, de 31 anos, deu à luz as meninas Raquel, Milena, Beatriz e Sara em Campinas, no interior de São Paulo. Além da gravidez de quadrigêmeas, algo já bastante incomum, a condição em que se deu a concepção chama ainda mais atenção. Miriam recebia injeções de anticoncepcional quando engravidou

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Engravidar tomando anticoncepcional: entenda o caso

“Foi um susto na hora que descobri que eu estava grávida de quatro crianças” disse Miriam à reportagem da EPTV, filial da TV Globo em Campinas. “Eu não planejei essa gravidez, eu ia começar a trabalhar. Não teve nada programado, nem inseminação artificial, eu tava tomando até anticoncepcional”, completou.

A dona de casa, que já tem uma filha de 2 anos, usava um contraceptivo injetável, aplicado  uma vez a cada três meses. Ela tomou conhecimento da gestação com um mês de gravidez, durante um exame admissional. “Fui para o serviço da minha mãe chorando e ela me disse que era uma benção de Deus”, disse.

Segundo o marido, Stefan Henrique Lopes, o medicamento teve o efeito cortado quando ela tomou o antibiótico Cefalexina para tratar uma inflamação na garganta. “O médico mandou tomar por 14 dias. Aonde a gente mora é precário, não recebemos uma orientação. Nunca tinha ouvido falar sobre essa possibilidade”, contou à reportagem da EPTV.

Antibiótico corta efeito do anticoncepcional?

O médico especialista em reprodução humana Maurício Chehin, da clínica Huntington, explica que, de fato, existem antibióticos que reduzem o efeito do anticoncepcional. Esse é o caso da Rifampicina e da Rifabutina. “Fora essas drogas, algumas sociedades médicas consideram que a Tetraciclina e a Ampicilina também podem diminuir a contracepção”, conta.

Em relação a outros antibióticos, o especialista explica que não existem comprovações científicas que eles diminuam o efeito do anticoncepcional, no entanto, existem relatos de mulheres que engravidaram tomando anticoncepcional.

“Quando existem duas drogas agindo em um mesmo organismo, elas podem se influenciar mutuamente, uma acelerando a ação da outra, e fazendo com que seus efeitos sejam menos duradouros”, explica o médico. “Outra interferência é a resposta de cada organismo a esses medicamentos”.

Por isso, a recomendação do médico é para que, quando a mulher estiver tomando antibióticos, o casal associe outro método anticoncepcional de barreira, como a camisinha.

Também é importante lembrar que não existe método anticoncepcional 100% eficaz, mesmo que ele seja tomado corretamente. Nesse caso, a causa da gravidez indesejada seria a margem de ineficácia do remédio. Outros fatores, como tomar medicação na hora errada, aplicação incorreta e armazenamento errado da droga diminuem ainda mais sua eficácia.

Gravidez de gêmeos

Foi apenas no quarto mês que Miriam descobriu que a gravidez era de quatro bebês. “Primeiro, a médica achava que eram dois, depois o médico falou que eram três. Depois, a médica disse que tinha uma coisa estranha e que eu não ia acreditar que eram quatro. Naquele dia até passei mal mesmo”, comentou durante a entrevista. Há outros casos de gêmeos nos dois lados da família, mas é a primeira vez em que ocorre gestação de quádruplos.

Por indicação médica, a gestante passou quase toda a gravidez em repouso. “Ficava na cama o tempo todo, só levantava para ir ao banheiro. Eu tava ficando muito inchada e aí o médico mandou ficar de repouso. Meu marido ficou me ajudando em tudo”, ressalta.

O marido de Miriam abandonou o emprego para cuidar da esposa e planeja voltar a trabalhar, mas no período noturno, para poder ajudar a esposa a cuidar das crianças. A família, que mora em Pedreira (SP), recebeu muitas doações.

Nascimento

Os bebês nasceram prematuros, com 7 meses de gestação, no Hospital da Universidade de Campinas (Unicamp), e seus pesos variam entre 695 e 990 gramas.

Para acomodar as quadrigêmeas, que continuam na UTI neonatal, o hospital precisou transferir alguns dos bebês internados e montar quatro equipes para atender as recém-nascidas.

Segundo o diretor de neonatalogia do Caism, Sérgio Marba, em entrevista à imprensa, tanto mãe quanto bebês passam bem e devem ter alta entre 60 e 90 dias. “Eles nasceram bem, tiveram que passar por uma reanimação neonatal, porque nasceram com uma dificuldade respiratória, todos tiveram que ser ventilados com aparelhos. Agora estão estáveis, dois já estão sem máquina para respirar”, destaca.

“Antes, eu pensava em ter outro filho bem mais para frente, porque minha filha vale por 15 ou 30 crianças. Mas, agora nem pensar em ter mais um porque o médico disse que se eu engravidar eu tenho risco de ter mais quatro. Não vejo a hora de ir para a casa com as meninas”, finalizou Miriam.

*Matéria publicada em 26/06/2015.