Recentemente, a jornalista espanhola Sara Carbonero usou o Instagram para dar uma notícia preocupante a todos. Apenas três semanas após o susto que levou quando marido, o goleiro Iker Casillas, sofreu um infarto, ela foi diagnosticada com um dos tipos mais devastadores de câncer ginecológico: o câncer de ovário.
Na rede social, ela desabafou sobre o quão difícil está sendo o momento, mas demonstrou estar esperançosa quanto à cura. “Os médicos encontraram um tumor maligno de ovário e eu fui operada. Tudo saiu muito bem, felizmente nós descobrimos bem cedo, mas ainda assim me faltam uns meses de luta”, afirmou.
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Apesar de se ouvir falar menos deste câncer do que de outros femininos, o tumor de ovário é mais comum até que o câncer de mama, com cerca de 6,2 mil novos casos anuais no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer.
Além disso, é um dos tipos de cânceres ginecológicos que mais matam, aparecendo atrás apenas do câncer de mama e de colo do útero, de acordo com um levantamento divulgado também pelo Inca. Considerando também os tumores não ginecológicos, ele é o 9º mais letal entre as mulheres.
Câncer de ovário: como é?
Segundo Angélica Nogueira, ginecologista e presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, o câncer de ovário consiste em um tumor que se aloja neste órgão e tem diversos tipos. Segundo ela, os mais comuns são o germinativo e o epitelial, que se diferenciam especialmente pela faixa etária que afetam.
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“O câncer de ovário germinativo é mais comum nas jovens, enquanto o epitelial acomete mulheres com mais de 40 anos”, explica a médica, ressaltando também que o primeiro tipo, que costuma afetar mulheres mais novas, costuma ser menos severo do que o segundo.
Quando há demora em detectá-lo, porém, o câncer pode extrapolar o ovário e chegar a um estágio de metástase. “Os locais mais comuns de disseminação é na membrana serosa, no peritônio e na pleura”, diz a médica.
Sintomas
Conforme mostra um levantamento do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), esse tipo de câncer, além de ser o terceiro mais comum entre mulheres, é descoberto por 70% delas já em estágio avançado. Isso, segundo Angélica, traz outra dura estatística: segundo ela, entre 70% e 80% das pacientes não vivem mais do que cinco anos após o diagnóstico.
Os grandes culpados por essa situação, por sua vez, são os sintomas: por serem silenciosos e inespecíficos, eles podem facilmente ser confundidos com indicadores de outras doenças mais simples, fazendo com que o diagnóstico do câncer em si fique em segundo plano.
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“Quando uma paciente começa a sentir os sintomas do câncer de ovário, ela geralmente não procura um ginecologista porque acha que o problema é gastrointestinal. Assim, ela acaba passando muito tempo tratando o problema errado”, explica a médica.
De acordo com Angélica, alterações no funcionamento do intestino (tanto que o deixem preso quanto solto), vontade constante de fazer xixi, inchaço anormal do abdômen, dor na região pélvica, enjoo e até sensação de saciedade mesmo no início de uma refeição, por exemplo, podem estar relacionados a este câncer.
Causas, detecção e prevenção
Conforme explica a ginecologista, 15% dos casos estão ligados à herança genética, então uma forma de se precaver é avaliar o histórico familiar de doenças como esta. Além disso, ela também cita a necessidade de investigar qualquer um dos sintomas quando eles persistam por mais de uma semana.
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Para Angélica, havendo casos de câncer de ovário em parentes bem próximos, como irmã, mãe ou tias, é indicado que a mulher se submeta a exames ginecológicos e de sangue a cada seis meses, além de fazer acompanhamento com um oncologista.
Na presença de alguma suspeita, a paciente é encaminhada para um exame que mapeia a região abdominal como um todo (como ultrassom, tomografia ou ressonância magnética), além de um exame de sangue específico para detectar a doença, o CA1245.
Tratamento
Quando a suspeita é levantada em exames, a paciente é encaminhada para uma biopsia que, através de um pequeno corte, retira o ovário ou uma parte dele para fazer a análise. Segundo a médica, caso se confirme a suspeita e o procedimento esteja sendo feito por um ginecologista oncológico, é possível já realizar a cirurgia para remoção do tumor neste mesmo momento.
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O que é feito na cirurgia, porém, depende do caso. “Muitas vezes fazemos uma cirurgia total para retirar os dois ovários, o útero, as trompas e outras estruturas do abdômen”, aponta a ginecologista, reforçando que também é possível tratá-lo com quimioterapia, mas tudo vai de acordo com o estágio da doença.
“A opção da cirurgia ou da quimioterapia depende do estágio em que a doença foi descoberta. Quanto mais precoce o diagnóstico, menos complexo e mais curto é o tratamento”, explica a especialista.