Estudiosos associam a depressão a um desequilíbrio químico cerebral causado pela serotonina. No entanto, um novo estudo põe em xeque essa relação, e sugere que não há evidências suficientes para sustentar que a baixa do neurotransmissor é a causa da doença.
Serotonina e depressão: relação em xeque
A pesquisa é, na realidade, uma revisão sistemática de outras 17 pesquisas já realizadas. As conclusões foram publicadas recentemente na revista científica Molecular Psychiatry.
Popularmente chamado de “hormônio da felicidade”, a serotonina atua em áreas do cérebro relacionadas à sexualidade e humor. Para quem sofre com a depressão, foi descoberto há algum tempo que medicamentos que aumentam essa substância tiveram efeito benéfico no tratamento da doença.
Esses benefícios, no entanto, resultaram no entendimento de que a baixa da serotonina seria uma das principais causas da depressão. O novo estudo afirma que não há indícios o suficiente para afirmar isso.
Os especialistas avaliaram, com base nas pesquisas mais antigas, que nem toda pessoa que sofre com a condição apresenta baixos níveis do hormônio, e por isso o quadro estaria relacionado a outros fatores.
“É sempre difícil refutar um estudo, mas acho que podemos dizer com segurança que depois de uma vasta quantidade de pesquisas produzidas ao longo de muitas décadas, não há evidências convincentes de que a depressão seja causada por baixa serotonina”, afirma Joanna Moncrief, professora de psiquiatria da University College London, e a principal autora do estudo.
Eles também ressaltaram a importância de se saber que a depressão é um desequilíbrio químico é hipotética. Além disso, pesquisas da neurociência apontam que a interação mental com o meio em que o indivíduo vive também impactam no surgimento da doença.
Assim, a depressão não seria um fenômeno apenas biológico, mas também estaria relacionada ao meio em que a pessoa está.
Como agem os medicamentos para depressão
Além de frisar que faltam evidências científicas para relacionar os baixos níveis de serotonina com a depressão, o estudo também afirma que existe a necessidade de entender como os remédios para depressão, que funcionam como inibidores de recaptação da serotonina, agem no corpo.
Os cientistas observaram, em uma pesquisa analisada na revisão, uma diminuição nos níveis da serotonina com a utilização de medicamentos antidepressivos a longo prazo, e ressaltaram a importância da realização de mais estudos sobre os efeitos dos medicamentos no organismo.
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