Nos últimos dias, o Brasil ultrapassou a marca dos 11 mil mortos pelo COVID-19, e é inegável o quão devastadora é a pandemia que colocou o País em quarentena, mas ainda há algumas notícias boas em meio ao caos. É o caso, por exemplo, de um estudo brasileiro recente que, a partir de cálculos, demonstrou que, mantido no nível atual, o isolamento social deve salvar mais de 15,5 mil vidas durante as próximas duas semanas.
Quarentena deve salvar milhares nas próximas semanas
Em boa parte das cidades brasileiras, o isolamento social não chegou a um nível satisfatório (estimado em 70%), e diversos governos têm tomado medidas mais drásticas para assegurar um número cada vez menor de pessoas circulando – como o rodízio mais restritivo em São Paulo e o ” lockdown” decretado recentemente em São Luís, no Maranhão.
Mesmo que em nível insatisfatório, porém, a quarentena tem poupado vidas – e, segundo um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp), deve salvar outras milhares no País inteiro se mantida da forma que está nas próximas duas semanas. O estudo em questão, elaborado pelos matemáticos Paulo Silva e Claudia Sagastizábal, estima que mais de 15,5 mil vidas serão poupadas neste período.
Para fazer este cálculo, os pesquisadores consideraram a taxa de transmissão do novo coronavírus no Brasil, que vem caindo ao longo da pandemia. Com isso, foram estimadas quantas vidas serão salvas em diversas regiões do Brasil diariamente até o dia 25 de maio, e os números são impressionantes; só em São Paulo, a prática do isolamento, mesmo a nível insatisfatório, deve salvar mais de 8,4 mil vidas.
Ao “Jornal Nacional”, Silva afirmou que isso demonstra como a quarentena é especialmente útil para os que não podem estar em quarentena. “A gente está, na verdade, salvando a vida dos outros, em particular daquelas pessoas que têm que estar na rua porque executam tarefas essenciais para a sociedade”, disse ele, ressaltando que estes dados, apesar de estimados, reforçam a importância de manter o isolamento.
Conforme mostra o estudo em gráficos, apesar de a tendência geral ser a de que o número de casos siga subindo, a curva epidemiológica do COVID-19 está, devido às medidas de distanciamento social, bem mais achatada do que estaria caso as medidas fossem suspensas de uma hora para outra no presente momento.
Nos gráficos abaixo, por exemplo (que se referem ao Brasil como um todo e à cidade de São Paulo, respectivamente), enquanto a linha laranja representa a estimativa para as próximas semanas, a azul demonstra como a quantidade de casos explodiria de forma aguda se a quarentena acabasse agora:
Os pesquisadores lembram, porém, que como os cálculos foram feitos considerando números oficiais e há o consenso de que a quantidade de pacientes e vítimas do COVID-19 é passível de subnotificação, pode haver variações na taxa de transmissão usada como base, levando também a mudanças nas estimativas. Os dados expostos foram atualizados pela última vez no dia 10 de maio e devem seguir em atualização.