Apesar de a comunidade científica realizar estudos contínuos para entender a relação entre dieta e câncer, pouco se sabe sobre o real papel da alimentação na prevenção da doença. Se antes acreditava-se que os alimentos eram a causa de até 40% dos casos, hoje, essa parcela caiu para apenas 3%, com muitas questões ainda a serem desvendadas.
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Segundo explica o radioterapeuta e professor Dr. Luis Pinillos Ashton, ex-ministro da Saúde do Peru e fundador do Instituto Internacional de Investigação para a Prevenção (IPRI, na sigla em inglês), inúmeros nutrientes e vitaminas que antes eram tidos como fatores preventivos tiveram sua eficácia descartada por estudos mais aprofundados. Ele defende que a falta de dados conclusivos na área acaba gerando alguns mitos. “Há muita informação equivocada porque ainda nos falta conhecer muita coisa. Vamos aprendendo a cada dia.”
Estudos com nutrientes
Certos micronutrientes e vitaminas, como betacaroteno, ômega 3 e ácido fólico, foram avaliados em ensaios randomizados, experimentos em animais e estudos epidemiológicos para que se pudesse determinar sua relevância na prevenção do câncer. Porém, até agora, nenhum demonstrou de forma definitiva que é capaz de reduzir o risco da doença. Na verdade, alguns revelaram efeitos adversos e até mesmo um discreto aumento no risco.
Dieta e câncer: o que é mito?
Dr. Pillinos cita alguns dos “mitos nutricionais” e alerta que a suplementação desses nutrientes em pessoas que têm uma dieta já balanceada e completa pode causar prejuízos ao organismo. Em alguns casos, a hipótese de prevenção não foi descartada, apenas não conclusiva.
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Betacaroteno. Presente na cenoura, laranja, abóbora e outros alimentos, além de não ter tido sua eficácia na prevenção do câncer provada, dois estudos revelaram que pode aumentar o risco de câncer de pulmão em fumantes.
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Vitaminas A, C e E. Tomate, laranja, folhas verdes escuras, limão, pimentão e nozes são alguns dos alimentos ricos nessas vitaminas, que não tiveram sua eficácia na prevenção do câncer comprovada.
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Vitamina D. Obtida através do sol, suplementos nutricionais e alimentos de origem animal, produziu resultados contraditórios e, portanto, não pode ser considerada um fator preventivo.
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Multivitaminas. Nenhum teste feito com preparos multivitamínicos produziu resultado positivo.
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Selênio. Os testes feitos com suplementação deste mineral não são conclusivos. A castanha-do-pará é um dos alimentos mais ricos no nutriente.
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Ácido fólico. Presente em grande quantiade no fígado de galinha e boi, lentilhas e espinafre, estudos randomizados indicam a vitamina pode aumentar o risco de alguns tipos de câncer, se consumida durante muito tempo.
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Cálcio. Nenhum teste comprovou que a suplementação com cálcio pode reduzir o risco de câncer colorretal, como se acreditava antes. O nutriente é encontrado no leite e derivados, espinafre e soja.
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Ácidos graxos ômega-3. As ‘gorduras do bem’, encontradas no salmão, azeite, nozes e outros alimentos, não foram eficazes na proteção do câncer ou de eventos cardiovasculares.
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Chá. Por conter compostos polifenólicos, que são antioxidantes, o chá foi considerado por algum tempo como preventor do câncer. No entanto, os estudos epidemológicos não foram conclusivos.
*A repórter Marianna Feiteiro viajou entre 16 e 18 de julho de 2014 a Guadalajara, no México, a convite da Roche Brasil para evento para jornalistas da América Latina com objetivo de discutir os avanços da saúde na região, inovação e biotecnologia.