Toma pílula e faz academia? Entenda por que seu esforço pode estar sendo em vão

por | jul 18, 2016 | Alimentação

Alimentação equilibrada e empenho nas atividades físicas pode até parecer a fórmula perfeita para quem tem como meta perder peso e ficar com o corpo durinho. No entanto, outros fatores podem dificultar ou até boicotar esse processo.

Um deles é o uso de métodos contraceptivos à base de hormônios sintéticos (como pílula, injeção, adesivo ou anel vaginal), medicamentos que alteram todo o processo de perda de gordura e formação de massa magra. “Infelizmente, não existe pílula fraquinha ou forte”, antecipa a nutróloga especialista em fisiologia hormonal Dra. Anna Virgínia Pinto, da Clínica Patrícia Davidson, do Rio de Janeiro.

Massa gorda X massa gorda: diferenças

Massa gorda

A massa gorda é tida como toda a gordura presente no corpo de uma pessoa. Em quantidade ideal, ela protege os órgãos, facilita a síntese de determinadas substâncias e serve como uma reserva de energia. Mas, em excesso, pode, além de causar doenças, contribuir para o acúmulo de gordura localizada.

Massa magra

Contrariamente, a massa magra é tudo aquilo que não é gordura. Dentro da definição, estão órgãos, ossos, líquidos corporais e os músculos.

Perder gordura e ganhar massa magra: o que pode atrapalhar

Quando uma pessoa quer emagrecer com saúde e ficar com o corpo fortalecido, ela deve, além de perder gordura, aumentar sua massa magra – principalmente a massa muscular (músculos).

Mas, além da alimentação e da prática de atividades físicas, outros fatores influenciam esse processo – alguns contribuindo e outros atrapalhando. Os métodos contraceptivos hormonais estão no segundo grupo e interferem negativamente no emagrecimento, não só facilitando o acúmulo de gordura, como, principalmente, impedindo o ganho de massa muscular.

Por que o anticoncepcional atrapalha o ganho de massa magra? 

Como age o anticoncepcional

Independente de sua forma – pílula, injeção, adesivo ou anel vaginal –, todo contraceptivo hormonal tem como principal função a prevenção da gravidez e, para isso, age inibindo a liberação dos óvulos.

Mas, para atingir seu objetivo, o medicamento é composto por dois hormônios fabricados em laboratório que se assemelham muito a dois hormônios naturais da mulher: o estradiol e a progesterona.

Por que a mulher não engravida usando anticoncepcional? 

A cada ciclo menstrual, a ingestão e o reconhecimento dessas duas substâncias muito semelhantes não produzidas naturalmente faz com que o organismo entenda que ele já produziu quantidade suficiente de hormônio natural e, portanto, cesse a produção.

No entanto, mesmo os hormônios naturais e os sintéticos tendo suas formas muito semelhantes, o organismo não consegue aproveitar a ação do segundo grupo, os ingeridos. Esse é o processo responsável por impedir a liberação dos óvulos no período fértil.

Ou seja, é como se essas duas substâncias, após serem ingeridas, fossem identificadas pelo cérebro que, então, manda uma mensagem de que não é preciso produzir mais hormônios naturalmente.

Paralelamente a isso, como elas são sintéticas, não são absorvidas e, por isso, não estimulam a liberação do óvulos – ação que seria realizada pelos hormônios naturais.

É exatamente ao “enganar o corpo” e induzi-lo a deixar de produzir hormônios naturais que está o problema do uso de anticoncepcionais hormonais para pessoas que estão em busca de ganhar massa magra.

Por que atrapalha?

De acordo com a nutróloga Dra. Anna Virgínia, resumidamente, os hormônios sintéticos do medicamento diminuem os níveis dos hormônios anabólicos, responsáveis pelo crescimento da massa muscular, e aumenta os níveis do cortisol, hormônio do estresse que contribui para o aumento da gordura.

Tudo isso acontece porque, ao ingerir as substâncias sintéticas, o corpo entende que não precisa produzir os hormônios naturais do grupo denominado de “hormônios sexuais”. Entre eles, além do estradiol e da progesterona, está também a testosterona.

O grande problema é que, embora sejam semelhantes, os hormônios sintéticos não conseguem ser processados pelo organismo que, como também não está produzindo de forma satisfatória os naturais, fica sem vários benefícios e ainda sofre com alguns malefícios.

Malefícios do anticoncepcional para o emagrecimento saudável

Benefícios que o corpo perde: baixa ou inexistente taxa de testosterona disponível

O corpo de uma mulher que não faz uso de anticoncepcional, para fazer o equilíbrio dos hormônios produzidos naturalmente, libera globulinas, um tipo de proteína produzida pelo fígado que tem a função de “transportar” todos os hormônios para deixar as quantidades disponíveis para uso equilibradas – quando estão “sendo transportados”, eles não ficam disponíveis para uso.

Quando existe a ingestão das substâncias sintéticas, o corpo reconhece os hormônios no organismo, mas, eles não se ligam a essas globinas. Como o equilíbrio não acontece, o cérebro entende que sempre tem hormônio em demasia para ser sintetizado e emite a mensagem para produzir mais e mais globulinas.

Esse excesso de globulinas faz com que a escassa testosterona que está sendo produzida seja toda transportada e a quantidade disponível fique muito baixa ou até inexistente. O hormônio só consegue agir quando está livre, ou seja, sem a ação da globulina.

E por que a testosterona interfere no ganho de massa?

O hormônio é quem aumenta captação de aminoácidos e estimula a síntese de proteínas no músculo, colaborando para a hipertrofia muscular. Ou seja, sem a testosterona, o organismo não consegue captar tudo o que precisa para formar os músculos.

Além dos impactos sobre o emagrecimento, a alteração no hormônio ainda diminui a função sexual, baixa a libido, contribui para a secura vaginal, afeta o bem-estar e favorece o ganho de gordura.

Malefício que causa: liberação de cortisol

A alta e constante produção da globulina ainda estimula a produção de cortisol, hormônio do estresse que estimula o catabolismo muscular (destruição das fibras musculares e, consequentemente, diminuição da massa muscular).

Ou seja, além de dificultar o aumento da massa muscular, os baixos níveis de testosterona ainda favorecem sua diminuição – e, onde não há músculo, a gordura se acumula.

Usar ou não anticoncepcional? 

Shutterstock

Para Dra. Anna Virgínia, a melhor alternativa para evitar esses efeitos e se prevenir de todos os outros riscos trazidos pelo uso dos contraceptivos à base de hormônio sintético é deixar de usá-los. “Todos os hormônios que chegam à corrente sanguínea provocam todas essas alterações. Até porque, se não houvesse um bloqueio hormonal total, eles não serviriam para a prevenção da gravidez. Então, infelizmente, não existe pílula fraquinha ou forte em relação ao bloqueio hormonal, nem método alternativo de absorção. Todos trazem os efeitos adversos que discutimos”, comenta.

Com as suas pacientes, no entanto, a médica conta que, antes de recomendar a suspensão do uso, faz uma avaliação individualizada. “Existem mulheres que possuem a produção hormonal completamente alterada e tendem a ter doenças do sistema reprodutor, como o crescimento de cistos ou a endometriose. Nesses casos, a pílula ameniza muitos os sintomas negativos e a substituição deve ser assistida. Mas, para aquelas cujo ciclo menstrual era regular, sem muitos sintomas no período menstrual, eu indico o uso do Diu de cobre”, finaliza.

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