Fumantes de ocasião > Dobradinha perigosa

por | jun 30, 2016 | Alimentação

A famosa dobradinha com o álcool é, de acordo com as estatísticas, um trampolim comum para o vício. O jornalista Wilton Manhães lembra que foi assim que começou a fumar, aos 18 anos. “Final de semana, saía com os amigos, bebia e fumava. A coisa começou a ir para fora daquela esfera de noite, programa, e eu comecei a fumar no intervalo da faculdade, em casa. Quando vi já era meio maço por dia”, conta, com mais de vinte anos de vício nas costas. Esse casamento entre tragos e goles é tão eficaz no organismo porque mexe com sociabilidade e excitação. “O álcool é um depressor do sistema nervoso central. Quem já bebeu um pouco fica desinibido num primeiro momento e logo depois se embota. Aí o cigarro vem como excitante e reacende o raciocínio”, explica a pneumologista Eliza Resende.

Além disso, o álcool acelera o metabolismo da nicotina, eliminando-a pela urina. “Então, gente que não fuma habitualmente acende um cigarro atrás do outro quando bebe”, diz a médica. A Dra. Eliza afirma também que, a cada tragada, os riscos do vício estão novamente presentes. “Os receptores de nicotina no cérebro apenas ficam com atividades suspensas enquanto não se fuma. Basta a presença da substância para que eles despertem e levem o usuário ao risco da dependência”, afirma ela, lembrando que não existem quantidades seguras para o consumo do cigarro. O jeito é resistir à tentação como for possível, mesmo que para isso seja necessário lançar mão de uma balança de custos e benefícios, como faz Carla Amorim. “Como eu não gosto nem do cheiro do cigarro, recorro às balinhas quando acho que estou pilhada demais. Ou então decido comer alguma coisa, quase sempre fritura, é verdade. Mas o que eu posso fazer se quase tudo no mundo faz mal ou engorda?”, questiona-se ela.