É (ainda) mais difícil chegar a um corpo saudável hoje que do que 10, 20, 30 ou 40 anos atrás. Quem chegou a essa conclusão foi um grupo de pesquisadores da York University, uma das mais prestigiadas do Reino Unido, que observou dados de dieta e exercícios de mais de 36 mil americanos ao longo das últimas quatro décadas. Mesmo com o mesmo regime alimentar e nível de atividade física, um adulto, em 2006, apresentava maior IMC (Índice de Massa Corporal, um indicativo de sobrepeso e obesidade) do que alguém da mesma idade em 1988.
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“Nosso estudo sugere que, se você tem 40 anos de idade agora, teria de comer ainda menos e se exercitar mais do que se tivesse 40 anos em 1971 para evitar o ganho de peso”, declarou a coautora da pesquisa Jennifer Kuk, professora da universidade. “No entanto, ele também indica que pode haver outras mudanças especificas contribuindo para o aumento da obesidade além de somente dieta e exercício”, concluiu a docente. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico Obesity Research & Clinical Practice, segundo reporta o jornal The Washington Post.
Estudo
A equipe avaliou dados de adultos coletados pela Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição entre 1971 e 2008. Já as informações sobre frequência de atividade física dizem respeito a 14 mil adultos, do período de 1988 a 2006.
Ao comparar pessoas com a mesma dieta em 1971 e 2008, os cientistas concluíram que o último grupo estava 10% mais gordo. Analisando os dados de exercício físico, aqueles que nasceram duas décadas mais tarde eram 5% mais gordos, mesmo com o mesmo nível de atividade.
Os pesquisadores pontuam que, apesar de inúmeros estudos indicarem que comer menos e se exercitar mais resulta em perda de peso, a longo prazo, esses fatores se provam ineficazes.
“Isso porque a manutenção do peso é, na verdade, muito mais complexa do que ‘energia que entra’ versus ‘energia que sai’”, disse a professora. “É como dizer que sua conta de investimentos são simplesmente seus saques subtraídos de seus depósitos e não levar em consideração outras coisas que afetam seu saldo, como flutuações de ações de mercado, cobranças bancárias e taxas de cotação de moedas.”
Por que está mais difícil emagrecer?
As explicações da professora são apenas hipotéticas por enquanto, mas apontam para o impacto de fatores internos e externos ao nosso corpo na manutenção do peso. Segundo ela, os hábitos de hoje certamente dificultam a perda de peso: estamos dormindo menos e consumindo uma quantidade maior de medicamentos prescritos, como antidepressivos, analgésicos, remédios para alergias e outros.
Outro fator é a maior exposição a químicos que afetam o sistema endocrinológico e processos metabólicos. Embalagens plásticas, pesticidas e toxinas sintéticas presentes na comida impactam nosso sistema digestivo e armazenamento de gordura.
Por fim, os microrganismos que vivem em nosso estômago exercem um papel importante no processamento alimentar. Mudanças em nossa dieta – aumento na ingestão de carne e adoçantes artificiais – afetaram as bactérias do nosso corpo e mudaram a maneira como ele extrai energia a partir da comida.
