Alimentação, uma questão de educação > Educar: servir de exemplo

por | jun 30, 2016 | Alimentação

A educação alimentar começa cedo, quando os filhos ainda são bebês e deixam de se alimentar exclusivamente do leite materno. “Se eu der bolacha para a minha filha no lugar da papinha, se der refrigerante na mamadeira dela, é claro que, daqui a um tempo, uma pêra vai parecer a coisa mais absurda para ela”, explica Dra. Ellen Paiva.

Dar o exemplo ainda é a maneira mais eficiente de educar. “Pais gordos trazem as crianças obesas ao consultório e querem que os filhos emagreçam. A mãe que faz dieta e passa o dia inteiro sem comer, ou come somente uma maça, também está transmitindo hábitos inadequados. Hoje em dia, é comum os filhos comerem em frente ao computador, não se sentam mais na mesa. Come-se um pouquinho aqui, mais uma coisinha ali… Essa história que não tem começo, meio nem fim. Que refeição é essa?”, questiona Dra. Ellen, esclarecendo que organizar as refeições não significa ser rígido o tempo inteiro. “Se a idéia é fazer um lanche, tudo bem. Mas aí o lance é o jantar. O mais importante para educar bem os filhos é o cuidado dos pais com eles mesmos. A reflexão tem que partir deles”, defende.

A alimentação deve ser saudável e dirigida a todos da casa. Com isso, toda a família ganha em saúde

Vínculo com o alimento

Com medo de que seus filhos se tornem obesos e contraiam doenças como a diabetes, a mais comum ligada ao excesso de peso, muitos pais resolvem proibir as crianças de consumir produtos prejudiciais à saúde. A preocupação com o bem-estar dos filhos é muito positiva. Entretanto, estipular a restrição total de alguns alimentos costuma não ser indicado, além de não surtir efeitos. “Não precisa proibir. Se os pais forem habilidosos e comprometidos com as mudanças, muitas crianças em tratamento nem perceberão que estão em dieta. As crianças pedem limites e colocá-los é um gesto de cuidado e amor. Esses alimentos devem ser consumidos em quantidades moderadas e em situações especiais. A alimentação deve ser saudável e dirigida a todos da casa. Com isso, toda a família ganha em saúde”, frisa Dr. Geraldo Santana.

O importante é a criança compreender a diferença entre o que é alimento do dia-a-dia e o que é de um determinado dia ou data especial. “Quando éramos pequenos, por exemplo, refrigerante era uma bebida de dia de festa ou domingo. Um litro de refrigerante dava pra família inteira. Hoje, a garrafa de 2,5 litros não dura até o final do almoço. As brincadeiras eram geralmente ao ar livre e exigiam muito movimento. Agora até o futebol pode ser jogado pelo vídeo-game, sentado em uma poltrona. Não é à toa que a incidência da obesidade vem aumentando tanto, sobretudo nos grandes centros urbanos. É preciso que a criança descubra outros prazeres além da comida, e os pais terão que ajudá-la nesse processo”, orienta Dr. Geraldo, acrescentando que as compras de supermercado devem priorizar alimentos como leite e derivados e frutas. E guloseimas calóricas não devem de forma alguma ficar expostas em potes de vidro.

Teses de mestrado em nutrição já aprofundaram o estudo da importância de as crianças adquirirem, desde pequenos, vínculo com os alimentos. “Tem meninos e meninas que vão tendo à lanchonete, mas, quando voltam para casa, comem um prato de arroz e feijão. Porque já se criou o vínculo. Mesmo que o alimento seja menos atraente e sedutor, se o vínculo está estabelecido, não tem volta”, conclui Ellen Paiva.