Ai, que dor! > Estímulos nervosos

por | jun 30, 2016 | Alimentação

As causas da dor podem ser várias, dependendo do tipo de órgão. Por exemplo, as cólicas são comuns em órgãos ocos como o útero, ureter e o intestino. A dor vem com os espasmos, isto é, uma contração muscular do órgão para tentar furar uma possível obstrução ou expelir algo nocivo que possa estar no local. Com o movimento, nervos passam uma informação para o cérebro, através Sistema Nervoso Central (SNC), que compreende o tronco cerebral e a medula, e aí processamos a informação como a sensação de dor.

Os analgésicos que costumamos tomar alteram a passagem de informações e estímulos sobre a dor. Isso significa que deixamos de sentir a dor, mas não agimos nas causas do problema. Ou seja, a doença continua existindo, mas nós não deixamos que um dos possíveis sintomas da doença se manifeste. Com o tempo a doença pode se tornar crônica e muito mais difícil de se tratar. “O problema é que alguns lugares não possuem terminações nervosas e nem todos os sintomas são representados pela dor. É o caso do pulmão. Quando você tem um nódulo, você não sente dor, mas o problema está lá, se agravando”, explica o médico Luiz Felipe D. Guimarães, colunista do Bolsa de Mulher.

Como cada pessoa tem a sua própria compreensão sobre o significado da dor, é importante saber avaliar os impactos que os sentimentos provocam no corpo

Existem casos em que a sensação de dor não corresponde realmente ao local do problema. Como a dor está ligada a redes nervosas do nosso corpo, aquela informação pode se irradiar para outros locais que estejam no trajeto de algum impulso nervoso. A dor ciática e a dor do infarto são bons exemplos disso. No caso do infarto é comum sentir uma dor no braço – sensação que foi irradiada mas o foco do problema é outro.

Raiz emocional

Há muito se estuda como as questões psicológicas estão ligadas ao nosso bem-estar físico e mental. Ao avaliar a dor, os médicos levam em consideração as condições emocionais do paciente. Como cada pessoa tem a sua própria compreensão sobre o significado da dor, é importante saber avaliar os impactos que os sentimentos provocam no corpo. “A dor é subjetiva. Os dados sugerem que os fatores psicológicos são muito importantes. É muito comum observar reações dolorosas diferentes em pacientes com a mesma doença”, explica a psicóloga Kelen Melo. Por isso, os médicos avaliam as questões familiares e o histórico pessoal dos pacientes para compreender a reação à dor e escolher o tratamento mais adequado.

Tratamento multidisciplinar

Como cada dor tem sua causa – que pode ser física ou emocional – convém buscar um tratamento mais abrangente. O alívio do sintoma é fundamental, porém o mais importante é agir na causa da dor. “Por isso nós não recomendamos a auto-medicação. Esse costume pode trazer alívio num primeiro momento, mas pode camuflar problemas maiores. Não é comum uma pessoa sentir dor de cabeça todos os dias e achar normal ter que tomar remédio diariamente para aliviá-la”, alerta a médica Alice Fraga.

Além da análise psicológica e dos usos de medicamentos, outros tipos de tratamento são válidos, principalmente para que se evite o uso excessivo de remédios ou que a combinação de substâncias possam provocar efeitos colaterais. A fisioterapia, por exemplo, se utiliza de técnicas diversas para auxiliar o tratamento, melhorando a funções das estruturas ósseas e musculares que foram comprometidas.

Uma das técnicas comumente utilizadas é a Acupuntura. A milenar técnica chinesa consiste na estimulação de alguns pontos no corpo através do uso de agulhas e sementes. “Os chineses observaram que algumas regiões do corpo resumem o corpo humano todo. Os pés e a orelha são exemplos que, quando estimulados melhorariam o funcionamento de órgãos específicos”, explica Dr. Luiz Felipe D. Guimarães. Segundo a medicina tradicional chinesa, o estímulo a certos pontos poderia proporcionar o relaxamento muscular, com efeitos analgésicos.

De qualquer forma, vale o alerta do médico. “Antes de optar pela técnica ou se automedicar, é importante procurar um médico especializado. Engana-se quem pensa que, ao tomar um remédio, o problema estará resolvido. Com dor não se brinca”, finaliza.