Absorvendo os incômodos

por | jun 30, 2016 | Alimentação

Todo mês aquela velha estória, quando a menstruação vem, ficamos incomodadas, quando não vem, ficamos preocupadas. Para amenizar o “incômodo daqueles dias”, o Bolsa de Mulher testou e pesquisou diversos absorventes que estão no mercado: internos, externos, com ou sem abas, com gel, cobertura suave ou sempre seca, noturno, mini, ultra-finos, reutilizáveis (também chamados de ecológicos), populares… Escolhendo o produto que mais se adapte ao nosso ritmo e trocando-o freqüentemente, afastamos “o fantasma do vazamento”.

Abiosorvente, uma alternativa ecológica

Quem pensa que já sabe tudo em matéria de absorventes femininos está enganado. Em março desse ano, começou a ser fabricado no Brasil, em pequena escala, o abiosorvente, um produto reutilizável, feito de 100% algodão (anti-alérgico) e que surge como uma alternativa ecológica aos absorventes descartáveis. Ele é composto de um envelope e de duas camadas internas, removíveis, de pano. Para lavar, é necessário deixá-lo de molho por um dia na água sem sabão e depois na água com sabão. A geógrafa Diana Hirsch, fabricante do produto, explica seus benefícios e alerta contra o uso dos descartáveis “Tomei conhecimento dele através de uma aula na PUC sobre o que era dioxina, um subproduto do processo de alvejamento. Para o absorvente ficar branquinho, com cara de ‘limpinho’, ele passa por um processo de alvejamento com cloro. Isso deixa um resíduo que com determinada temperatura produz a dioxina, uma substância altamente cancerígena. Na Alemanha, por exemplo, existe descartável não clorado e é basicamente algodão puro. Na Europa, a consumidora tem opção, existe uma discussão. No Brasil, não temos opção, ninguém tem informação. O absorvente descartável nunca vai degradar, nunca vai voltar para a terra. Ele vai só se decompor em macro moléculas. ” O Bolsa de Mulher testou o abiosorvente e achou interessante a idéia ecológica porém não é prático para quem passa o dia fora de casa. Aonde armazená-lo depois de usado é a questão difícil de ser resolvida.

Absorventes Internos

O absorvente interno surgiu no mercado em 1950, na Alemanha, tendo sido desenvolvido por uma médica ginecologista, Dra. Judith Esser. No Brasil, foi lançado em 1974. Nos Estados Unidos, o FDA (Food, Drug Administration) recomenda a trocá-lo a cada quatro a oito horas e, se possível alternar seu uso com absorvente externo. Ele não deve ser utilizado fora do período menstrual. O órgão americano realiza uma rigorosa inspeção antes do produto ser comercializado e subdividiu a taxa de absorvência (Júnior absorvência: 6 gramas ou menos; Regular: 6 a 9 gramas; Super: 9 a 12 gramas Super plus: 12 a 15 gramas). O Museu da Menstruação nos Estados Unidos tem cópias de inscrições gregas e hebraicas descrevendo o uso de absorventes internos como contraceptivo e isso possivelmente significa que mulheres também os usavam para conter o fluxo menstrual. Posteriormente, Hipócrates (430-370 A.C.) cita em seus manuscritos uma proteção menstrual para ser usada intravaginalmente. Lúcia Costa, professora de educação física, não vive sem ele “eu uso absorvente interno diariamente, o tempo todo. Tenho sempre uns quatro na bolsa. Às vezes, esqueço de trocar. O externo faz volume na calça, incomoda,…Só uso o externo para dormir ou quando passo o dia em casa. Acho absorvente externo imundo, sujo; tenho pavor”. A Síndrome do Choque Tóxico, uma infecção bacteriana rara, porém séria, é associada ao uso de absorventes internos . Os sintomas são febre alta, vômito, tontura, diarréia, ardor da pele, dores musculares e desmaio. Ela pode ser fatal se não reconhecida a tempo. Em caso de dúvida, procure um médico imediatamente. Márcia Carvalho, psicóloga, não usa absorventes internos de forma alguma. “Meu ginecologista não recomenda nenhum tipo de objeto estranho no meu organismo, pois tenho um histórico de existência de miomas. Prefiro o sem abas porque o com abas fica grudando na calcinha. “

Absorventes Descartáveis Externos

No Brasil, até os anos 50, as toalhinhas foram produzidas por várias indústrias com tecido atoalhado, dobrado em três partes, largas, grossas e irritantes, transformando-se em verdadeiras “lixas” com o passar do tempo. As mulheres se preocupavam em escondê-las no varal. Menstruação ainda era um tabu. Em 1933, um absorvente descartável foi comercializado pela primeira vez no Brasil. Diferente dos modelos atuais, eles vazavam muito. “Um cinto tinha que segurar aquilo. Era o maior incômodo”, lembra Teresa Carvalho, professora aposentada, 66 anos. Atualmente, encontramos no mercado produtos para todos os bolsos. O mais popular custa R$ 0,80 enquanto o mais caro ultrapassa os R$ 3,00. As coberturas podem ser suave e sempre seca, com maior poder de absorção mas que causa alergia em algumas consumidoras. Abas foram criadas para evitar vazamento na calcinha. Algumas consumidoras, porém, não gostam deste apetrecho inovador. A estudante universitária Ana Cristina Aquino é uma delas “Eu gosto do absorvente normal e sem abas. As abas me atrapalham, incomodam. Não achei nada prático. Sou bem tradicional”. Esses produtos, no Brasil, são isentos de número no Ministério da Saúde. Quem, então, pode fiscalizar ? Fica aí uma preocupação.

Você sabia:

– Da puberdade até a menopausa, cada mulher fica menstruada em média, 2.400 dias. A soma desses dias representa seis anos e meio de sua vida. Cada uma de nós que usa descartáveis, joga fora aproximadamente algo em torno de 10 mil a 15 mil produtos menstruais durante a vida fértil. Isso equivale a 17 carrinhos de supermercado cheios. Nos Estados Unidos, anualmente, são consumidos 12 bilhões de absorventes descartáveis e 7 bilhões de tampões.