Nascido em 2013, na Dinamarca, o Projeto Octo é uma iniciativa criada para garantir mais conforto e melhorar o desenvolvimento de bebês prematuros em tratamento na UTI neonatal.
Seus criadores observaram que o contato com polvos feitos de crochê estimula alguns benefícios nos recém-nascidos e melhora o conforto dentro da incubadora.
No mundo todo, 16 hospitais usam a técnica e mais de 22 mil unidades já foram doadas.
Agora, a iniciativa chega ao Brasil com o nome “Um Polvo de Amor”, já presente em alguns hospitais. A ideia de importar o projeto dinamarquês foi da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – Prematuridade.com, de Porto Alegre.
Benefícios aos bebês prematuros

A Maternidade de Brasília, no Distrito Federal, foi uma das primeiras a aderir à ideia. Com o projeto ainda em experimento, Ana Marily Soriano, coordenadora do Serviço de Neonatologia da instituição, afirma que os resultados são surpreendentes.
A hipótese é de que os polvos de crochê passem mais segurança para os bebês, deixando-os mais confortáveis por simular, em partes, o ambiente uterino.
“Quando o recém-nascido está dentro da barriga, ele brinca com o cordão umbilical, que parece com os tentáculos do polvo, e se apoia na parede uterina, que se assemelha à cabeça do brinquedo”, fala a médica.
Os pequenos ainda arrancam menos os fios de equipamentos de monitoração e a sonda de alimentação quando estão acolhidos pelos bichinhos, o que é muito comum acontecer com bebês internados.
Também é observada uma recuperação mais rápida das crianças. “Há realmente uma melhora na estabilidade da frequência cardíaca e na respiração dos prematuros. Eles ganham peso mais rápido também”, diz Soriano.
Ministério da Saúde não orienta o uso do polvo

Apesar das melhoras descritas pelos hospitais e maternidades ao redor do mundo, o Ministério da Saúde se posicionou contrariamente ao uso do brinquedo como instrumento terapêutico para recém-nascidos prematuros.
“O objeto trata-se, na verdade, de um brinquedo e não há qualquer tipo de comprovação científica na literatura médica nacional ou mundial apontando benefícios ou melhoras com esse tipo de instrumento. A pasta reforça que o melhor instrumento terapêutico, que é insubstituível, é o contato pele a pele da criança com a mãe, com o pai e, principalmente, o aleitamento materno. Por fim, vale reforçar que a não orientação da prática não quer dizer proibição”, diz o órgão em nota.
Para o Ministério da Saúde, a prática “Canguru” (contato, em posição canguru, entre mãe/pai e bebê de forma humanizada) ainda é o método terapêutico mais adequado, porque garante o contato pele a pele do bebê prematuro com sua mãe e pai.
Já Ana Marily Soriano afirma que, embora ainda não exista estudo científico publicado sobre o assunto, os benefícios dos polvos são inegáveis.

“É possível comprovar a eficácia do polvo de crochê através do que chamamos de estudo observacional”, conta. “Médicos ao redor do mundo têm nos relatado suas observações também positivas.”
A especialista ainda destaca que o polvo de crochê não substitui outros projetos bem-sucedidos que beneficiam os prematuros, como o Canguru.
“De forma alguma o polvo de crochê foi feito para substituir um projeto tão bem estabelecido como o do Canguru. São finalidades diferentes. O polvo é para ser usado na hora em que o bebê não pode estar no colo da mãe ou do pai. O polvo chega justamente para somar qualidade e conforto para o bebê, de maneira alguma substituir outro método de sucesso”, fala Soriano.
Como colaborar com o projeto?

Quem tiver interesse em contribuir com a causa pode obter informações no site da ONG Prematuridade.
“O que fazemos é intermediar quem produz os polvos de crochê e hospitais ou pessoas que queiram receber”, conta Denise Leão, diretora da instituição.
Por intermédio da ONG, é possível se voluntariar para confeccionar os bichinhos ou solicitá-los para hospitais e famílias que possam precisar. Você também pode colaborar com a ONG através de doações de dinheiro, roupas, fraldas, alimentos, etc.

Cuidados com bebês prematuros