A dose única da vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV), infecção sexualmente transmissível, pode ser efetiva na prevenção do câncer cervical em mulheres. É o que afirma um estudo publicado na revista científica NEJM Evidence, que avalia a efetividade da dose para acelerar a vacinação na África e combater a disseminação do vírus em países com alta taxa de contaminação.
Relação entre câncer cervical e HPV
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer cervical (também chamado câncer do colo de útero) é o quarto tipo mais comum a acometer mulheres pelo mundo.
Dois tipos de HPV, 16 e 18, são responsáveis por quase 50% dos casos de câncer cervical. Isso acontece pelo desenvolvimento de lesões provocadas pelo HPV nas regiões genitais, podendo evoluir para o câncer de colo.
Atualmente, mulheres e meninas são vacinadas com três doses para prevenir os vários tipos de HPV. Porém, segundo o estudo publicado pela NEJM, uma dose poderá ser suficiente para prevenir a infecção e reduzir os riscos do câncer que ela provoca.
Essa descoberta é vital para acelerar a vacinação contra HPV em países subdesenvolvidos, onde a pouca infraestrutura e escassez de recursos impedem ações em massa e a erradicação da infecção.
Estudo envolveu dois tipos de vacinas

A pesquisa foi feita com dois tipos de vacinas: a bivalente, que cria uma resposta imune a dois antígenos, e a nonavalente, que responde a nove antígenos.
Após 18 meses, ambas as doses aplicadas da vacina no teste, que envolveu 2.275 mulheres e garotas africanas entre 15 e 20 anos, tiveram 97,5% de eficácia contra os tipos 16 e 18 de HPV.
A novidade pode revolucionar a vacinação, mas ainda depende de suporte econômico e político dos países envolvidos para completar seu papel.
Iniciativa da OMS busca erradicar câncer cervical

A pesquisa vai de encontro a uma iniciativa da OMS de eliminação do câncer cervical. Entre as medidas relacionadas nesta ação, está justamente garantir maior acesso à vacinação do HPV.
A recomendação de uma dose única teria o potencial, segundo a organização, de vacinar até 90% das garotas de até 15 anos em países subdesenvolvidos até 2030.
Dados da organização pontuam que 300 mil mulheres foram acometidas pelo câncer do colo de útero no mundo em 2018. Desse montante, 90% das mortes ocorreram em países subdesenvolvidos ou emergentes.