OMS declara emergência de saúde pública global por mpox: é uma pandemia? O que significa?

Entenda a situação atual da mpox no Brasil e no mundo, bem como sinais a doença para reconhecê-la e informações sobre a vacinação

A OMS (Organização Mundial da Saúde) voltou, na última quarta-feira (14), a declarar estado de emergência de saúde pública de importância internacional devido à propagação da mpox.

Anteriormente conhecida como “varíola dos macacos”, a doença tem preocupado autoridades em saúde pelo aumento considerável do número de casos especialmente na República Democrática do Congo e outros países vizinhos na África.

Entenda abaixo o que significa o novo status da doença, qual é a situação da “varíola dos macacos” no Brasil atualmente e mais detalhes sobre a doença:

Mpox (“varíola dos macacos”) retoma status de emergência global

Devido ao aumento de casos de mpox na República Democrática do Congo e países vizinhos, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, declarou recentemente a situação como emergência de saúde pública de importância internacional, mais conhecido como ESPII.

A instituição já havia declarado o mesmo em julho de 2022 devido ao aumento global de casos da doença, antes endêmica, mas a queda considerável dos contágios no ano seguinte fez a OMS baixar a classificação em maio de 2023.

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Vírus da mpox (Crédito: National Institute of Allergy and Infectious Diseases/Unsplash)

Segundo o diretor-geral, há potencial para que o vírus da mpox se espalhe intensamente por mais países da África e possivelmente para além do continente africano. Isso requer, portanto, um esforço conjunto das nações para que o vírus volte a ser contido.

Além disso, há também a preocupação gerada por uma variante recentemente descoberta do vírus, a 1b. “O novo clado da mpox, a rapidez com que ela se espalha na República Democrática do Congo e os relatos de casos em diversos países vizinhos preocupam muito. […] É evidente que uma resposta internacional coordenada é necessária para parar esses surtos e salvar vidas”, explicou Tedros.

Qual é a preocupação da OMS com a mpox

A mpox não é algo novo. Ela foi detectada em humanos pela primeira vez em 1970 na República Democrática do Congo e foi por décadas considerada endêmica – ou seja, “limitada” a uma determinada região, salvo raras exceções. Em 2022, no entanto, tudo mudou conforme casos da doença começaram a surgir em múltiplos países.

A preocupação atual da OMS é que isso volte a acontecer a nível global, e que as infecções pelo vírus causem grande impacto especialmente em países frágeis socioeconomicamente. O esforço atual da instituição também visa coordenar a melhor distribuição de vacinas para varíola dos macacos entre as regiões mais necessitadas. Isso visa prevenir ao máximo mortes pela doença.

O que é estado de emergência de saúde pública de importância internacional?

Segundo o Regulamento Sanitário Internacional (RSI) da OMS, o termo designa um “evento extraordinário que constitui risco para a saúde pública de outros estados devido à propagação internacional, potencialmente exigindo resposta internacional coordenada”.

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Vírus da mpox (Crédito: National Institute of Allergy and Infectious Diseases/Unsplash)

Sendo assim, a mudança no nível de risco da mpox é um alerta para que países membros da OMS se unam em prol do combate à doença. Essas nações devem, portanto, focar esforços sanitários, financeiros e científicos no objetivo de conter os avanços da doença. O mesmo aconteceu em janeiro de 2020 com a propagação da Covid-19.

Essa elevação do risco auxilia no preparo de serviços de saúde do mundo todo para detecção, monitoramento, isolamento, rastreio, prevenção e tratamento de casos. Nos últimos 15 anos, esse estado de emergência foi declarado sete vezes: em 2009 (H1N1, a “gripe suína”), em 2014 (ebola e poliomielite), em 2016 (zika vírus), 2019 (ebola), 2020 (Covid-19) e 2022 (mpox).

Mpox é uma pandemia?

O estado de emergência declarado recentemente é diferente de pandemia. Uma pandemia é classificada pela transmissão sustentada de uma doença em vários continentes – ou seja, quando há transmissão local bastante disseminada, sem depender necessariamente de pessoas que viajaram a países que têm a doença endêmica.

Na prática, o estado de emergência visa apenas lançar luz à situação, alertar países para que combinem esforços e facilitar o acesso a recursos.

O que muda no Brasil com a emergência da mpox

Segundo informações da Agência Brasil, o Ministério da Saúde criou, após o anúncio da OMS, um Centro de Operações de Emergência em Saúde para coordenar ações de resposta à doença no Brasil. Isso significa que o País se prepara para reforçar a vigilância e detalhar o planejamento relacionado à mpox. Assim, a resposta caso haja uma epidemia mundial será mais rápida.

Ainda assim, é preciso frisar que a situação da mpox no Brasil encontra-se sob controle desde 2023. Há, sim, contágio pela doença no País, mas a situação não é considerada preocupante pelas autoridades em saúde pública.

“Varíola dos macacos”: sintomas, vacinas e mais

A mpox é uma doença viral transmitida por animais silvestres infectados, materiais contaminados e de pessoa para pessoa. O contato direto entre pessoas, com exposição à pele e às secreções de uma pessoa que está com a doença, é a principal forma de contágio. É desencorajado, portanto, o temor extremo e a violência contra animais silvestres.

“Varíola dos macacos” causa erupções cutâneas e febre. Há, atualmente, vacinas para a doença (Crédito: Freepik)

A doença pode ser transmitida, por exemplo, a partir de lesões na pele e fluidos corporais (pus, sangue e saliva). O contato sexual é, atualmente, a principal “porta” para o contágio pela nova variante, a 1b. Apesar disso, o contato com roupas e objetos usados recentemente por uma pessoa que está com a doença também pode gerar contágio.

Sintomas

Os principais sinais de “varíola dos macacos” são:

  • Linfonodos inchados (ínguas no pescoço, na virilha, etc);
  • Febre;
  • Erupções cutâneas;
  • Dores no corpo e na cabeça;
  • Fadiga;
  • Calafrios.

Esses sintomas tendem a se manifestar de 3 a 21 dias após o contato com uma pessoa que está com mpox. Ao observar sintomas, recomenda-se buscar uma unidade de saúde – e, se souber do contato com uma pessoa diagnosticada, avise os prestadores de serviço. No meio-tempo, evite contato próximo com outras pessoas e capriche na higiene.

Vacinação contra mpox

Há, atualmente, vacinas disponíveis para prevenção da “varíola dos macacos”. Os esforços de vacinação, no entanto, focam em uma população específica. Podem se vacinar contra a doença:

  • Pessoas que convivem com HIV;
  • Profissionais de saúde que trabalham diretamente com vírus como esse;
  • Pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas diagnosticadas ou com diagnóstico provável.

Tratamento

O tratamento contra mpox envolve suporte clínico, ou seja, manejo dos sintomas. Aqui, a ideia é evitar complicações e sequelas da doença. A maior parte dos casos apresenta sintomas leves e moderados, e complicações ou óbitos são eventos raros.

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