Pernas de Caio Bonfim, primeiro brasileiro no pódio olímpico da marcha atlética, eram arqueadas (Crédito: Alexandre Loureiro/COB | Reprodução/Instagram @caiobonfims)

Caio Bonfim contrariou médicos ao se tornar atleta: medalhista olímpico tinha pernas arqueadas

A história de Caio Bonfim, da marcha atlética, foi marcada por problemas de saúde na infância e, segundo o própro médico, não era – nem de longe – esperado que ele se tornasse atleta

Em 2024, o atleta Caio Bonfim competiu pela quarta vez em uma Olimpíada. A quarta vez, porém, logo se tornou uma série de “primeiras vezes”, pois Caio se tornou o primeiro medalhista brasileiro da marcha atlética, e também pôde levar para casa sua primeira medalha olímpica.

O que muitos não sabem é que Caio tem uma história cheia de obstáculos, marcada inclusive pelo arqueamento das pernas na infância e a previsão médica de que ele precisaria de cirurgias consecutivas.

Conheça a jornada de Caio Bonfim, da marcha atlética, e os percalços de saúde que ele enfrentou na infância.

História de Caio Bonfim é marcada por problemas de saúde

Caio Bonfim em Paris (Crédito: Alexandre Loureiro/COB)
Caio Bonfim em Paris (Crédito: Alexandre Loureiro/COB)

Com tempo de 1h19m09s, Caio Bonfim foi prata na marca atlética das Olimpíadas de Paris. Ele ficou apenas 14 segundos atrás do vencedor, e estreou o pódio para o Brasil na modalidade. Quando era criança, porém, todas as previsões dos médicos apontavam para um futuro bem diferente.

Aos 7 meses de vida, Caio teve meningite bacteriana, inflamação da camada que recobre o cérebro e da medula espinhal. Apesar do quadro grave, ele se recuperou com sequelas, mas os obstáculos enfrentados por ele na infância não pararam por aí. Intolerante à lactose, ele teve baixo consumo de cálcio, algo que fragilizou seus ossos.

História de Caio Bonfim
As pernas do atleta arquearam no primeiro ano de vida devido a deficiência de cálcio (Crédito: Reprodução/Instagram @caiobonfims)

Com isso, no primeiro ano de vida, Caio tinha as pernas arqueadas e tortas. Levado ao médico, foi constatado que o problema só poderia ser resolvido com uma série de cirurgias, e ele fez, então, a primeira delas. “Fiquei um tempão com gesso nas pernas, e as pessoas diziam que nem isso me parava”, brincou ele ao falar da história no Instagram.

Após o período de imobilização para correção, as pernas de Caio não eram mais arqueadas – e, surpreendentemente, ele não precisou de outras cirurgias. O atleta ainda enfrentou duas pneumonias graves, mas as venceu e, na adolescência, passou a se dedicar ao esporte, começando pelo futebol.

Atleta desacreditou os médicos

História de Caio Bonfim
Caio fez uma cirurgia nas pernas com 1 ano, e esperavam que ele tivesse de fazer outras (Crédito: Reprodução/Instagram @caiobonfims)

A história de Caio Bonfim surpreende não só o público, mas os médicos. Segundo o atleta, as previsões para ele não eram boas na infância, e os especialistas jamais pensariam nele no mundo do esporte.

Conforme passou a trilhar o atletismo profissionalmente, Caio precisou fazer uma nova avaliação do corpo já adulto. Na ocasião, ele retornou ao consultório do médico responsável por ele durante a infância, e o surpreendeu. “Ele riu e brincou: ‘Eu não te fiz pra ser atleta, te fiz pra ser, no máximo, jogador de dominó’”, disse ele.

Na época, ele realizou os exames e o médico retornou intrigado com os resultados. “Ele veio maravilhado e disse: ‘É, o milagre realmente foi grande, seu corpo é totalmente adaptado para o seu esporte’”, comentou ele.

História de Caio Bonfim no esporte

Caio Bonfim em Paris (Crédito: Alexandre Loureiro/COB)
Caio Bonfim em Paris (Crédito: Alexandre Loureiro/COB)

Aos 16 anos, Caio fez seu primeiro teste na marcha atlética, algo que mudou sua vida. “De cara, já me apaixonei”, disse ele, que passou a treinar no Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO), projeto criado pela família Bonfim em Sobradinho, no Distrito Federal. O brasiliense começou a praticar e, desde então, não parou mais.

Os treinadores de Caio são os pais dele, e ele segue inclusive o sonho da mãe, que ficou de fora do recrutamento para as Olimpíadas de Atlanta, em 1996. Ele estreou nos Jogos Olímpicos em Londres (2012), ficando em 37º lugar – e, desde então, obteve resultados cada vez melhores, com evolução impressionante.

Caio Bonfim em Paris (Crédito: Alexandre Loureiro/COB)
Caio Bonfim em Paris (Crédito: Alexandre Loureiro/COB)

Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro (2016), ele ficou em 4º lugar, enquanto em Tóquio (2021), acabou em 13º apesar das expectativas para que fosse finalista. Tudo mudou em 2024, em Paris, quando, após liderar o pelotão em diversos momentos, ficou em segundo lugar, alcançando a medalha de prata.

Além dessa conquista, Caio também foi bronze no Mundial de Budapeste, na Hungria (2023), e ocupa a terceira posição do ranking mundial na prova de marcha atlética de 20km, vencida por ele em Paris.

Caio rebateu críticas ao esporte

Após chegar em segundo lugar na prova dos 20km em Paris, Caio fez um discurso emocionado em que citou críticas ao esporte. “Todo mundo um dia viu a marcha atlética e pensou: ‘O que é isso? Que estranho’. E eu, não. Era a profissão da minha mãe. […] Nessa prova aí, nós não estamos brincando de rebolar. Nós somos uma potência. Nós somos medalhistas olímpicos”, declarou.

Caio Bonfim em Paris (Crédito: Alexandre Loureiro/COB)
Caio Bonfim em Paris (Crédito: Alexandre Loureiro/COB)

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