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Jovem com neuralgia do trigêmeo ficará em coma induzido para “resetar” cérebro: “Tortura invisível”

Carol Arruda, jovem que enfrenta a “pior dor do mundo”, não sente mais efeito nos analgésicos fortíssimos que toma, e o coma induzido é uma estratégia paliativa para restaurar isso

Quase um ano depois de testar mais um tratamento contra a neuralgia do trigêmeo, doença que causa uma dor conhecida como “a pior do mundo”, Carolina Arruda, de 27 anos, segue sem melhora significativa da condição. Agora, além disso, ela afirma que os fortes analgésicos que toma deixaram de fazer efeito – e, por isso, ela será colocada em coma induzido por alguns dias.

Jovem com a “maior dor do mundo” ficará em coma induzido

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(Crédito: Reprodução/Instagram @caarrudar)

Usando as redes sociais, Carolina Arruda, que lida com a “maior dor do mundo” devido a uma condição chamada neuralgia do trigêmeo, afirmou que, em breve, será colocada em coma induzido. O procedimento acontecerá em agosto e ela deve ficar inconsciente, intubada e sem os analgésicos que costuma tomar por um período de até cinco dias.

“Depois de seis cirurgias no cérebro, sem resultado… Depois de anos sofrendo com a pior dor que um ser humano pode sentir, minha última esperança agora é ser colocada em coma induzido, sem consciência, para ver se meu cérebro ‘reinicia’ e volta a responder aos remédios”, declarou Carolina, que no último anos fez diversas tentativas de reduzir a intensidade ou a frequência dos sintomas em um centro especializado em dor crônica.

Segundo a jovem, que tem acompanhamento médico, essa será uma medida paliativa. “Já não tem mais o que fazer. É um jeito desesperado de tentar desligar e religar meu cérebro. Nem abrir meu crânio, nem mexer lá dentro do cérebro resolveu. A dor continua implacável, todos os dias, o dia inteiro, sem parar por um segundo. É uma tortura invisível, basicamente”, disse ela, explicando o que se espera que aconteça.

“A única esperança é que, quando eu acordar, meu cérebro aceite de novo os medicamentos, mas nem os médicos sabem se isso vai acontecer. Nem eles têm certeza se eu vou conseguir melhorar pelo menos um pouquinho. Chegar nesse ponto é desesperador. Saber que meu cérebro virou uma máquina de fabricar uma dor sem fim, e que nem dormir, remédio, cirurgia, nada adianta mais… Só queria ter um pouco de paz”, declarou.

Coma induzido, “reset” de medicamentos e mais: como funciona?

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(Crédito: Reprodução/Instagram @caarrudar)

Segundo Carol Arruda, ela ficará sob cuidados intensivos durante o coma induzido, respirando com a ajuda de ventilação mecânica. Essa prática é comum após acidentes e utilizada também em casos de hipertensão craniana grave ou epilepsia refratária, mas é rara em casos de neuralgia do trigêmeo ou resistência a analgésicos, como o dela.

Quando o organismo é exposto continuamente a opioides como morfina, é comum que ele se “acostume” com os efeitos. Isso porque o corpo cria vários mecanismos de dessensibilização que reduzem a eficácia desses remédios contra a dor. Em casos assim, o que geralmente se faz é uma rotação de opioides, alternando entre diferentes princípios ativos para restaurar a analgesia.

É importante frisar que cada paciente é único, e que a dor crônica, independentemente da causa, é um problema complexo. O caso de Carolina e as decisões acerca dele competem única e exclusivamente à paciente e à equipe que a acompanha há anos.

Riscos do coma induzido

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Neuralgia do trigêmeo, doença de Carolina Arruda, tem (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

O coma induzido não é um procedimento livre de riscos. Pessoas que são colocadas nesse estado, geralmente através do uso de barbitúricos ou outros sedativos profundos, podem ter hipotensão, infecções, distúrbios no metabolismo, sequelas cognitivas e complicações graves.

Neuralgia do trigêmeo: o que é?

A neuralgia do trigêmeo, doença que causa a dor conhecida como a “pior do mundo”, é uma condição que afeta o nervo trigêmeo. Esse nervo fica dentro da cabeça e tem a função de conduzir impulsos nervosos do cérebro para o rosto. Isso possibilita as sensações que se tem na face, por exemplo.

Quando esse distúrbio acontece, o nervo não funciona como o esperado, conduzindo os impulsos nervosos de forma inadequada. Isso causa dor em forma de choques na face, geralmente de um lado só, e muitas vezes a partir de gatilhos simples, como um toque no rosto ou o ato de sorrir.

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A influencer já fez cinco cirurgias, mas nenhuma surtiu efeito (Crédito: Reprodução/Tiktok @caarrudar)

Em muitos casos, tratamentos com analgésicos e procedimentos com eletrochoque ou aplicação contínua de anestésicos no nervo aliviam a dor de pacientes. No caso de Carolina, que tem a forma bilateral da doença, nenhum dos tratamentos que lhe foram disponibilizados fez efeito prolongado contra a dor.

A jovem, que sofre com as dores há 12 anos, já chegou a implantar eletrodos para controle da dor, bem como uma bomba de morfina. Ela chegou a apresentar redução temporária do sintoma incapacitante, mas isso não durou. Além disso, ela também faz uso de morfina e canabidiol em casa.

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