Isabel Veloso diz que não é mais paciente terminal, e sim paliativa: qual é a diferença? Significa que há cura?

por | ago 28, 2024 | Saúde

O câncer de Isabel Veloso chegou a motivar uma estimativa de vida de 6 meses, mas, agora, a influencer afirma que é uma paciente paliativa – e, abaixo, explicamos o que muda

Semanas após anunciar que está grávida em meio à convivência com um linfoma de Hodgkin sem possibilidade de cura, Isabel Veloso voltou a se tornar um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Isso porque, recentemente, ela e a médica paliativista que a acompanham afirmaram que o estado dela não é mais terminal, e sim paliativo.

Logo, as redes sociais se encheram de dúvidas sobre o assunto. Afinal, qual é a diferença entre um paciente terminal e um paciente em cuidados paliativos? A mudança de “status” significa que o câncer, na realidade, tem cura? Confira as respostas para estas e mais perguntas sobre Isabel Veloso abaixo:

Câncer de Isabel Veloso: estado terminal ou paliativo?

Câncer de Isabel Veloso
Mesmo após o tratamento, o Linfoma de Hodgkin de Isabel voltou (Crédito: Reprodução/Instagram @isabelvelosoo)

As declarações mais recentes de Isabel Veloso sobre seu estado de saúde deram o que falar. Isso porque, há alguns meses, a influencer declarou que estaria vivendo o estágio terminal do linfoma que descobriu aos 15 anos – mas, atualmente, afirma que não é uma paciente terminal, e, sim, paliativa.

A notícia foi recebida com dúvidas e desconfiança por parte de internautas. Isso porque não faz muito tempo que, nas redes, Isabel afirmou que o tumor decorrente do linfoma comprimia perigosamente seu coração. Além disso, ela também chegou a afirmar que estava com a mobilidade comprometida devido a dores, e que, segundo médicos, tinha mais seis meses de vida.

Ainda enquanto se afirmava paciente terminal – diante de confirmação de médicos –, ela se casou com o então namorado, Lucas, e deu declarações sobre querer aproveitar da melhor forma o tempo que lhe restava. Eventualmente, porém, ela engravidou – algo que causou forte reação das redes devido à expectativa de vida que fora dada a ela.

Ao se deparar com dúvidas, Isabel, então, usou o Instagram para explicar. “Minha doença era terminal devido a uma data prevista de tempo. Eu tinha um tempo estimado de vida e não era certeza que minha doença ia se estabilizar, mas estabilizou. Não sou mais paciente terminal, sou uma paciente em cuidados paliativos”, disse ela.

Na sequência, a influencer detalhou a situação. “Em cuidados paliativos entram pessoas que não têm visão de cura de doença. Existe uma diferença entre estado de terminalidade – os últimos dias, semanas ou meses do paciente – e estado paliativo, em que uma pessoa pode conviver anos com uma doença sem cura”, concluiu a jovem.

Todo câncer sem cura é terminal?

O Linfoma de Hodgkin, doença que afeta a influencer, é mais comum em jovens (Crédito: Reprodução/Instagram @isabelvelosoo)

Diante das muitas dúvidas e acusações contra as falas de Isabel, Tá Saudável consultou o médico Daniel Gimenes, oncologista do grupo Oncoclínicas, em São Paulo, para esclarecer termos e contextos. Segundo ele, estado terminal e estado paliativo não são, de fato, a mesma coisa.

Conforme explica o especialista, a terminalidade de uma doença é declarada quando o paciente, além de ter uma doença sem cura, está também fisicamente muito prejudicado por ela.

“Terminalidade é o fim da vida mesmo, a pessoa está desligando, aos poucos vai se afastando da realidade para uma passagem”, diz ele, afirmando que quem tem uma doença incurável e está em cuidados paliativos não necessariamente é, também, um paciente terminal.

“A condição paliativa de um câncer é quando a pessoa já não tem mais chances de cura e o tratamento paliativo visa manter qualidade de vida, melhorar os sintomas que eventualmente esse câncer pode provocar, dar assistência psicológica ao paciente para ele suportar a situação”, afirma o médico.

Pacientes paliativos necessariamente têm pouco tempo de vida?

Isabel recebeu uma previsão de, no máximo, 6 meses de vida, mas já a superou (Crédito: Reprodução/Instagram @isabelvelosoo)

Não. Segundo o médico, há pacientes paliativos de câncer que vivem bem durante anos. “Tem pacientes que usam tratamentos paliativos por uma eternidade. Na oncologia, a gente tem até pacientes que usam tratamentos como quimioterapia e terapias-alvo em um cenário paliativo, que visam prolongar a vida boa do paciente sem aumento de efeitos colaterais”, afirma.

O tempo pelo qual um paciente oncológico permanece em cuidados paliativos quando a doença não tem cura, porém, é incerto. “Um câncer pode chegar à condição de terminal? Sim! Mas dependendo do estágio, da carga tumoral, de vários critérios, a pessoa pode ter uma outra doença que abrevia a vida antes do câncer, até”, explica o especialista.

Ele frisa ainda que isso é mais comum em casos de cânceres com progressão lenta. “Existem tumores de evolução lenta que não obrigatoriamente deixam de ser agressivos. Linfomas, tumores de menor agressividade que têm metástases, que os tratamentos foram esgotados, a pessoa pode permanecer em cuidados paliativos por muito tempo antes de evoluir para uma terminalidade”, pontua o médico.

O câncer de Isabel Veloso, linfoma de Hodgkin, tem ou não tem cura?

O câncer de Isabel Veloso é terminal, mas a influencer já superou as expectativas dos médicos (Crédito: Reprodução/Instagram @isabelvelosoo)

Ao se referir ao câncer de Isabel Veloso, muitas pessoas afirmam que o tipo de tumor que ela afirma ter, o linfoma de Hodgkin, jamais poderia ser terminal. No entanto, conforme explica a médica Adriana Scheliga, onco-hematologista do grupo Oncoclínicas, isso não é necessariamente verdade.

Segundo a especialista, o linfoma de Hodgkin costuma, sim, ser um tipo de câncer com altas chances de cura. Ele tende a responder bem aos tratamentos disponíveis na maioria dos casos. Ainda assim, porém, há casos em que isso não ocorre.

“Ele pode ser considerado incurável quando não responde aos tratamentos, ou quando recidiva após múltiplas linhas de tratamento. A doença também é considerada incurável quando se espalha para outros órgãos e não há mais opções de tratamento eficazes disponíveis”, pontua a especialista, também em entrevista a Tá Saudável.

O fato de Isabel afirmar que não é mais paciente terminal, porém, não significa que o câncer ainda tem possibilidade de cura.

Isabel Veloso mentiu sobre o câncer?

Gravidez de Isabel Veloso
Atualmente, segundo a influencer, o câncer dela é considerado incurável (Crédito: Reprodução/Instagram @isabelvelosoo)

Muitas pessoas chegaram a afirmar que o fato de a influencer ter ultrapassado a expectativa de vida dada por médicos significa necessariamente que ela não tem câncer. Isso, porém, não é algo que se pode afirmar. Isso porque, ainda segundo Adriana, a expectativa de vida na oncologia se baseia em estatísticas, mas não é uma ciência exata.

“Um paciente com uma previsão de seis meses de vida pode, na prática, viver muito menos ou muito mais, dependendo de seu estado clínico específico”, afirma a médica.

Já quanto à mudança do “status” de Isabel de paciente terminal a paciente paliativa – algo que vai na contramão do que normalmente acontece –, não é possível tirar conclusões para além do que foi afirmado pela influencer e pela médica que a acompanha. “É uma coisa da relação médico-paciente das duas”, declara o médico da Oncoclínicas.

Como é o tratamento de Isabel Veloso?

Câncer de Isabel Veloso
Influencer descobriu a doença com apenas 15 anos de idade (Crédito: Reprodução/Instagram @isabelvelosoo)

Isabel Veloso afirma ter tratado ativamente o câncer pela última vez no início de 2024. Desde então, ela está em cuidados paliativos – ou seja, tratando os sintomas da doença e em busca de conforto. Nos últimos meses, ela afirmou ter iniciado tratamento com canabidiol, e contou que percebeu melhora das dores neuropáticas que sentia com o medicamento. Isso a fez, inclusive, suspender outros remédios.

Antes disso, a influencer afirmou ter feito quimioterapia e um transplante de medula. Já atualmente, devido à gravidez, o uso do canabidiol foi suspenso, e Isabel afirmou que, caso haja necessidade, médicos já pontuaram que pode haver uso de morfina caso ela volte a sentir dores.

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