A ex-VJ da MTV e repórter da TV Globo Cuca Lazzarotto – cujo nome verdadeiro é Regina Paula – revelou que sofre de depressão crônica, doença ainda muito desrespeitada e repleta de mitos. Confira o relato sincero da apresentadora:
Ex-VJ faz relato sobre depressão
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Em entrevista ao programa Morning Show, da Jovem Pan, Cuca falou publicamente pela primeira vez sobre sua depressão.
“É uma causa que eu resolvi abraçar porque é muito grave mundialmente, mas o principal motivo é que as pessoas ainda não a respeitam e a reconhecem”, explica ela, que diz ter levado tempo demais para assumir que estava doente.
Primeiros sintomas
Os primeiros sintomas surgiram perante um cansaço decorrente do excesso de trabalho. “Eu trabalhava sete dias por semana e não parava, até que percebi que estava absolutamente esgotada. Tinha dor no corpo inteiro, mesmo, e vivia tomando anti-inflamatório e analgésico para conseguir dar conta”, lembra.
O desgaste a levou ao isolamento e à exaustão, o que a fez sair da produção da banda para a qual trabalhava porque era vista como chata.
Já a busca por ajuda só ocorreu após conselhos de uma amiga que motivaram Cuca a fazer terapia. “Eu estava indo bem, tentando melhorar. […] Aí, um ano depois, minha mãe morreu”, lembrou.
Piora da depressão
O luto causou piora no quadro e Cuca teve uma conversa decisiva com sua terapeuta. “Ela disse que estava vendo que eu não conseguia sozinha. Ela falou: ‘Você faz uma força imensa, você é inteligente, esforçada, de fé, sensível, mas não está conseguindo. E tudo bem, não tem problema'”, lembrou.
A jornalista foi diagnosticada com depressão crônica – que a afetava desde a infância – e foi orientada a procurar um psiquiatra para tomar medicação. “Ter de tomar remédio foi outro choque para mim”, afirmou.
A ex-VJ disse que a sensação da descoberta teve dois lados importantes: um horrível por estar doente e outro de alívio por ter encontrado uma explicação para seu quadro. “Eu não era louca, chata, incompetente, irresponsável, fraca, burra, ou outras coisas que ouvi e senti a vida toda”, reiterou.
O tratamento

Antes de marcar a consulta, Cuca teve um desentendimento com o marido, que, como a maioria das pessoas, não entendia o que estava ocorrendo com ela. “Era o mesmo de falar uma frase em chinês. Naquela noite, eu joguei a toalha e conversei com Deus. Eu não pensei em me matar porque acredito que não tenho esse direito, mas pedi pra morrer.”
Após alguns dias, a jornalista foi ao psiquiatra e fez uma grande bateria de exames que resultou na indicação de um medicamento que amenizou um pouco as dores, mas não melhorou a falta de sono e estado mental.
Ela chegou a tentar outros tratamentos alternativos, como chás que acalmam, yoga, aromaterapia e meditação, mas nada deu resultado suficiente para aliviar sua angústia.
Então, a ex-VJ voltou ao médico e recebeu indicação de mais dois remédios, um para dormir e um anti-depressivo, que se mostraram eficazes.
“Eu ainda tomo os medicamentos, mas já estou diminuindo a dose. […] Puxa, que alívio! Se tiver de tomar o resto da vida vou tomar. Não quero voltar naquele lugar”, afirmou.
Tratamento da depressão é possível

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta mais de 350 milhões de pessoas ao redor de todo o mundo, porém grande parte posterga ou nega o tratamento por receios e preconceitos.
Diferente do que muitos pensam, a depressão não é sinal de fraqueza ou frescura, mas sim uma doença onde há desequilíbrio orgânico dos hormônios que geram sensação de bem-estar e alegria.
De acordo com a psiquiatra e terapeuta Hebe de Moura, quem tem quadros leves da doença pode até conseguir se reerguer sozinho, mas a tarefa é árdua. Assim, o auxílio de um médico e um psicólogo é essencial para facilitar o processo e evitar a piora do quadro, que gera prejuízos sociais, profissionais e pode levar ao suicídio.
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