Destaque em “Travessia” (Rede Globo), Chiara, personagem vivida por Jade Picon, está prestes e ser diagnosticada com uma condição médica rara. Chamado de Síndrome de Münchausen, o transtorno é caracterizado pelo exagero de sintomas ou “fabricação” de doenças – e vai muito além de fingir estar doente para faltar ao trabalho.
Síndrome de Münchausen: o que é a condição de Chiara em “Travessia”?
Nas próximas semanas, a personagem Chiara, da novela “Travessia”, receberá um diagnóstico bem incomum. A jovem, vivida por Jade Picon, descobrirá que tem uma condição psicológica cuja principal características é o ato de inventar condições de saúde.
A princípio, isso não parece soar como algo alarmante, mas, na realidade, a chamada Síndrome de Münchausen, também conhecida como distúrbio factício, é de difícil diagnóstico e pode culminar em situações perigosas conforme o paciente acaba sendo submetido a tratamentos para condições que não existem.
De acordo com informações da Mayo Clinic, o distúrbio factício acontece quando uma pessoa engana outras ao parecer estar doente, e ela faz isso de diversas formas. Além de inventar sintomas, o paciente pode se machucar para criá-los, sabotar exames e até fabricar um histórico de saúde falso para convencer sobre o diagnóstico.
Às vezes, o paciente realmente tem alguma condição de saúde, mas exagera os sintomas para parecer estar mais debilitado – e isso não é o mesmo que fingir ter algo para faltar à aula ou ao trabalho. Enquanto nestas situações a pessoa tira algum proveito da situação, quem sofre da síndrome não tem qualquer vantagem em inventar sintomas.
Em boa parte dos casos, o paciente que enfrenta a doença inventa condições sobre si, mas há também situações nas quais a pessoa que tem o distúrbio o projeta em outros. É possível, por exemplo, que um pai ou uma mãe use estas táticas para fazer todos acreditarem que o filho ou filha tem um problema de saúde.
Sintomas
O distúrbio factício traz como sintomas uma série de comportamentos, tais como:
- Conhecimento amplo sobre termos médicos e doenças;
- Sintomas vagos, inconsistentes e desconexos;
- Problemas de saúde aparentes, apresentados de forma consistente;
- Condições de saúde que pioram sem razões aparentes;
- Sintomas que nunca respondem como o esperado a tratamentos;
- Busca por atendimento em vários hospitais ou médicos;
- Uso de nomes falsos na hora de consultar diferentes médicos;
- Relutância em deixar médicos falarem com familiares e amigos;
- Grande vontade de fazer exames e até operações arriscadas;
- Internações frequentes, com poucas visitas e tendência a discutir com médicos ou enfermeiros;
- Histórico de saúde que não faz sentido;
- Apresentação de doenças que não seguem seu curso natural.
Complicações
Apesar de, à primeira vista, este parecer um problema cujas consequências não passam de problemas de relacionamento, a Síndrome de Münchausen pode trazer problemas sérios. Além da possibilidade de o paciente se ferir gravemente ao fabricar uma lesão ou sintoma, os riscos aumentam conforme outros acreditam nele.
Segundo a Mayo Clinic, ao inventar uma condição de saúde e fabricar formas de comprová-las, é possível que o paciente seja, por exemplo, submetido a tratamentos ou procedimentos cirúrgicos que o colocam em perigo, visto que a doença a ser tratada não existe.
Causas
Não há causas conhecidas para a Síndrome de Münchausen, mas é sabido que o transtorno pode ser desencadeado por fatores psicológicos ou situações estressantes.
Ter uma infância marcada por situações traumáticas (como abuso sexual ou uma doença séria), a perda de um ente querido, experiências que relacionam doença com uma atenção desejada, baixa autoestima, distúrbios de personalidade e trabalhar na área da saúde são todos fatores que aumentam as chances de desenvolver a síndrome.
Diagnóstico
Em geral, pessoas com este distúrbio são bastante experientes em inventar doenças e, além disso, soam muito convincentes. Sendo assim, a Síndrome de Münchausen é uma condição de diagnóstico difícil, baseado na identificação dos sintomas falsos e feito geralmente por psicólogos e psiquiatras.
Tratamento
O tratamento para o distúrbio factício pode envolver:
- Designar apenas um médico para cuidar do paciente, evitando visitas a múltiplos profissionais;
- Psicoterapia;
- Medicações para tratar transtornos que podem fazer parte da causa ou da consequência do problema (ansiedade, depressão, etc);
- Em casos severos, hospitalização.