A menopausa precoce no câncer é fruto de uma estratégia médica para proteger os ovários em alguns casos. Entenda abaixo a importância disso e saiba se é reversível
Hoje fazendo tratamento de manutenção para câncer, Fabiana Justus entrou na menopausa precocemente devido à leucemia que enfrentou. Aos 38 anos, ela teve a típica baixa na produção hormonal que mulheres vivenciam geralmente entre os 45 e os 55 anos – e há, segundo ela, grandes chances do processo não ser reversível.
Mas, afinal, por que a menopausa precoce pode acontecer durante alguns tratamentos de câncer? Entenda abaixo:
Fabiana Justus teve menopausa precoce ao tratar câncer

No início de 2024, Fabiana Justus recebeu o diagnóstico de leucemia mieloide aguda (LMA). Ela então iniciou um tratamento com quimioterápicos e, posteriormente, fez um transplante de medula. Após alcançar a remissão da doença, ela precisa, hoje, tomar medicamentos periodicamente para evitar uma recidiva – ou seja, a volta da leucemia.
Apesar de ela estar bem, o tratamento trouxe consequências para além das típicas, como queda de cabelos e baixa imunidade após o transplante. Isso porque, conforme conta a empresária, ela entrou precocemente na menopausa, antes mesmo dos 40 anos de idade.
“Durante os tratamentos, os médicos induzem a menopausa para tentar proteger os ovários. Atualmente, estou na menopausa precoce. Faz parte”, disse ela, explicando o que a ginecologista que a acompanha diz sobre a possibilidade de reverter o quadro. “Ela explicou que tem mais ou menos 70% de chance de continuar assim para sempre e 30% de chance do meu corpo voltar ao normal após dois anos do transplante”, disse ela.
Diante da situação, ela optou por fazer reposição hormonal. Essa abordagem reduz os sintomas típicos da menopausa, como os fogachos (ondas de calor), alterações no sono, no humor e mais.
Menopausa precoce no câncer: por que pode acontecer?

A quimioterapia é um tipo de tratamento que ataca especialmente células de divisão rápida. Isso a torna especialmente eficaz em eliminar células cancerígenas – mas também afeta células saudáveis, como as dos folículos capilares (sendo a causa da queda dos cabelos no tratamento) e as dos ovários.
Isso pode fazer com que os ovários entrem em falência precoce durante o tratamento, o que também causa menopausa precoce. Esse cenário, no entanto, é irreversível – ao contrário da supressão ovariana induzida, que muitas vezes é reversível.
Para evitar danos permanentes aos ovários, médicos podem induzir a menopausa, colocando esses órgãos “em repouso”. Dessa forma, eles se tornam menos suscetíveis aos danos dos quimioterápicos e, a depender da idade da paciente e da resposta do corpo, ela pode recuperar a fertilidade após o fim do tratamento.
O tratamento de câncer, no entanto, pode durar de 5 a 10 anos, mesmo com o paciente em remissão. Quando a supressão ovariana é feita em mulheres de faixa etária muito próxima à da menopausa natural, que tende a começar entre os 45 e 55 anos, é possível que a menopausa induzida “emende” com a natural. Dessa forma, não é possível recuperar a fertilidade após o tratamento.
Já em casos nos quais a mulher é bem jovem, é possível “sair da menopausa” naturalmente após a suspensão dos medicamentos usados para suprimir a função ovariana. Essa é uma saída, inclusive, para mulheres que têm câncer muito cedo na vida e pretendem ser mães, mas gostariam de aguardar alguns anos para ter filhos.