Afinal, mamografia causa câncer de mama? Se não causa, por que não se deve fazer o exame com muita frequência? Saiba o que dizem as autoridades em saúde sobre o tema
A mamografia é o exame mais importante quando o assunto é a prevenção do câncer de mama, um dos tipos da doença que mais acomete e mata mulheres no Brasil e no mundo. Ainda assim, o procedimento é cercado por mitos – e um deles é o de que mamografia causa câncer.
Entenda quais são os fundamentos dessa ideia, o que é real e o que é mito sobre a mamografia abaixo:
Mamografia causa câncer? Quais os riscos?

A mamografia é, de forma resumida, um raio-X. O aparelho que realiza o exame emite um feixe de radiação de baixa dose que atravessa a mama e se comporta de forma diferente dependendo do tecido que encontra no caminho. Isso tudo forma uma imagem que diferencia, por exemplo, tecido adiposo (gordura), tecido fibroso (mais denso) ou calcificações e lesões suspeitas.
Como ele utiliza radiação para funcionar, é comum a ideia de que a mamografia causa câncer. Isso, no entanto, não é real e não deve ser motivo para não realizar o exame quando necessário.
De acordo com instituições de saúde renomadas, como a Mayo Clinic, o NHS (sistema de saúde público do Reino Unido), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, nos Estados Unidos) e mais, não há evidências de que uma mamografia isolada cause câncer.
Devido ao uso da radiação, há, sim, uma estimativa de riscos da realização frequente do exame. A radiação tem efeito cumulativo – mas, segundo esses órgãos, apesar do risco do exame (quando realizado na frequência adequada) causar câncer existir, ele é tido como praticamente desprezível na prática.
Para a maior parte das pessoas que têm mamas, os benefícios gerados pelo exame são infinitamente maiores que os possíveis malefícios de doses baixíssimas de radiação – risco este que é somente teórico e não se comprova na vida real.
Mamografia todo ano faz mal?

Atualmente, a recomendação do Ministério da Saúde contempla mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos. Mas, afinal, se a mamografia é tão efetiva, por que ela não pode ser realizada anualmente? A resposta é que esse exame pode, sim, ser realizado anualmente por pessoas com determinadas características, e isso não é recomendado a todos por diversos fatores.
Essas recomendações são feitas para abranger a faixa etária que mais tem riscos de desenvolver a doença, minimizar os riscos de falsos positivos, reduzir a realização de biópsias desnecessárias e mais. Além disso, isso também serve para que o acúmulo de radiação pelo exame seja minimizado, garantindo que não haja riscos relacionados a isso.
É preciso lembrar que, especialmente para pessoas que têm síndromes genéticas responsáveis por aumentar o risco de câncer ou têm histórico familiar da doença, o rastreio da doença deve ser personalizado. Outros exames podem fazer parte do protocolo de rastreio, e a frequência com a qual se deve fazê-los pode ser diferente para cada um.
“Riscos” da mamografia

Além do desconforto físico clássico do exame, ele tem alguns possíveis efeitos negativos. Um deles é o de haver resultados falsos positivos – ou seja, a identificação errônea de lesões suspeitas. Isso gera a necessidade de exames adicionais, gerando questões como ansiedade, estresse e procedimentos invasivos desnecessários.
Os falsos negativos também são uma possibilidade. Em algumas situações, a mamografia não detecta um câncer presente, algo que pode ocorrer especialmente em casos de mulheres com mamas mais densas.
É preciso frisar, no entanto, que nenhum desses “riscos” é superior aos benefícios de se fazer o exame conforme as recomendações das autoridades médicas. Sendo assim, se você tem entre 50 e 69 anos, busque o sistema de saúde para fazer o exame – e, se tem menos de 50 anos, mas desconfia de algum nódulo ou tem histórico de câncer de mama na família, procure um bom mastologista para te auxiliar.