bebidas contaminadas com metanol

Intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica: como identificar?

Conheça os sintomas da intoxicação por metanol, que já causou dois óbitos e é suspeita em ao menos 16 casos após consumo de bebidas como gin, vodka e whisky

Segundo informações recentes de órgãos envolvidos nas investigações, duas pessoas morreram na Grande São Paulo nos últimos meses devido a intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas. Os casos vêm sendo observados desde junho deste ano e, recentemente, o número aumentou substancialmente, chegando a ao menos 16 casos em investigação.

Entenda abaixo o que se sabe sobre essa onda de intoxicações pela substância, o que ela faz no organismo e como identificar ou lidar com um possível caso:

Casos de intoxicação por metanol aumentam em SP

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Diogo, Rafael e Rhadarani (Crédito: Reprodução/Globoplay)

Em nota divulgada recentemente, o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo confirmou que dois óbitos relacionados a intoxicação por metanol já foram identificados na cidade desde junho de 2025. Além disso, instituições investigam ao menos 16 casos graves suspeitos de relação com a substância após o consumo de bebidas alcoólicas diversas compradas em locais diferentes.

Três deles, inclusive, foram expostos no “Fantástico” (Rede Globo). Se trata de Diogo e Rafael, que estavam no mesmo evento, e Rhadarani, que teve a intoxicação após outra comemoração. Os três tiveram de ser hospitalizados em decorrência do problema, enquanto Diogo teve perda temporária de visão, Rafael está em coma irreversível e Rhadarani segue sem enxergar nada dez dias após o consumo da bebida.

Antes de ser levado ao hospital, Rafael se queixou de sintomas como tontura, dor de cabeça e letargia. Quando recebeu atendimento médico, já estava em estado grave – e agora, segundo a mãe do jovem, os danos causados pelo metanol já são irreversíveis inclusive no cérebro.

De acordo com as vítimas entrevistadas pelo programa, a bebida foi comprada em locais confiáveis, de consumo frequente. No caso de Rafael e Diogo, os drinks consumidos foram feitos com gin, enquanto Rhadarani consumiu três caipirinhas de vodka.

“Era [um bar] em uma região nobre, não um boteco de esquina. [Não tinha] gosto nenhum diferente. […] Não estou enxergando nada”, declarou ela à reportagem.

O que dizem as autoridades

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(Crédito: wirestock/Freepik)

Diante do aumento dos casos, o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou um alerta para estabelecimentos que comercializam bebidas. A nota traz orientações para que se faça controle mais rigoroso de fornecedores, da compatibilidade entre o que foi comprado e o que foi recebido, e de como agir se houver suspeitas de adulteração ou contaminação

Já o CVS do Estado pediu que consumidores se atentem para a procedência das bebidas, e que busquem atendimento médico o mais rapidamente possível caso apresentem sintomas de intoxicação.

Em paralelo, as origens do metanol e as contaminações estão sendo investigadas.

Intoxicação por metanol: o que causa e quais os sintomas

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(Crédito: Freepik)

O metanol é um solvente industrial também chamado de álcool metílico. Apesar de ser um álcool, ele não tem qualquer relação com a fabricação de bebidas, e aparece, por exemplo, na produção de combustíveis, produtos químicos e na indústria farmacêutica ou cosmética.

Segundo informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o fígado transforma o metanol em formaldeído quando há ingestão, que é extremamente tóxico para diversas partes do corpo. Ele afeta, por exemplo, a respiração celular e o nervo óptico, podendo causar cegueira, acidose metabólica, lesões cerebrais e, em casos graves, morte.

Não é necessário consumir doses altas de metanol para que haja intoxicação. Análises apontam que o consumo de 10 a 30 ml da substância já basta para causar cegueira, e uma dose superior a 30 ml pode ser fata.

Os sintomas tendem a piorar com o passar do tempo desde a ingestão. No início, eles se assemelham à intoxicação por etanol – ou seja, os sintomas da embriaguez comum. Eles incluem náuseas, vômito, dores abdominais, tontura e sonolência.

Em seguida, pode haver uma fase de latência, na qual parece não haver novos sintomas. Essa fase pode ser especialmente longa caso haja uso concomitante de etanol (ou seja, consumo de bebidas alcoólicas sem metanol), que pode atrasar o aparecimento dos sintomas neurológicos.

A fase tardia da intoxicação, por sua vez, pode incluir:

  • Dores de cabeça intensas;
  • Visão turva;
  • Perda de visão;
  • Confusão mental;
  • Convulsões;
  • Pressão baixa;
  • Coma.

Quando suspeitar de intoxicação por metanol?

(Crédito: Freepik)

Uma pessoa deve suspeitar dessa intoxicação quando, após consumir bebidas alcoólicas, apresentar uma “ressaca que não passa”, especialmente marcada por alterações na visão e confusão mental.

Ao manifestar um quadro assim, indica-se buscar os serviços de saúde o mais rapidamente possível, informando médicos e enfermeiros sobre o consumo recente de bebidas alcoólicas. É importante também guardar informações sobre onde os produtos foram comprados.

Intoxicação por metanol tem tratamento?

(Crédito: wirestock/Freepik)

Uma vez diagnosticada, a intoxicação por metanol pode ser tratada. Médicos usam substâncias que impedem o corpo de metabolizar a substância, para que ela pare de ser transformada em formaldeído e os danos ao organismo não continuem. Além disso, a acidose metabólica é corrigida com bicarbonato de sódio.

Em casos graves, pacientes podem precisar de hemodiálise para que a substância seja totalmente eliminada. Em paralelo, se faz a monitoração do paciente e o controle de outros sintomas ou disfunções – como o uso de ventilação mecânica quando necessário e suporte intensivo nos casos de coma.

A eficácia do tratamento, porém, não é garantida. Tudo depende da rapidez com que o quadro foi diagnosticado, da dose ingerida e do estado clínico geral do paciente. Há casos em que a pessoa pode sobreviver, mas com danos permanentes à visão e sequelas neurológicas.

Como prevenir a intoxicação

Neste momento, especialmente em São Paulo, orienta-se evitar bebidas de origem duvidosa. É importante exigir nota fiscal e verificar lacres ou selos oficiais nas garrafas compradas, e preferir fornecedores regulares.

Onde comprar bebida original

O site The Bar faz parte do grupo Diageo e é o distribuidor oficial dos labels da marca, como Johnnie Walker, Tanqueray e Smirnoff. É, portanto, um dos locais confiáveis para comprar bebidas destiladas com origem e qualidade comprovadas.

Bebidas alcoólicas e saúde