Visando facilitar processos de perda de peso, pesquisadores da Nova Zelândia e do Reino Unido publicaram recentemente resultados de testes com um dispositivo “emagrecedor” diferenciado. Instalado na arcada dentária do paciente, ele limita a abertura da boca a apenas 2 milímetros, permitindo apenas dieta líquida pelo tempo em que permanecer ali – e, ao ser abordado na mídia, o método gerou polêmica na web.
Dispositivo de perda de peso revolta internautas
Publicado no “ British Dental Journal” recentemente, um estudo elaborado por pesquisadores da Nova Zelândia e do Reino Unido gerou críticas na web. Com foco em emagrecimento, o estudo testou um dispositivo magnético que, quando instalado nos dentes do paciente, não permite que ele abra a boca o suficiente para comer. Assim, a pessoa é forçada a fazer uma dieta líquida e, por consequência, perde peso.

Após quinze dias usando o aparelho – que “prende” os dentes de cima ao de baixo usando um sistema de ímãs –, os voluntários apresentaram a perda de, em média, 6 kg, tiveram problemas para pronunciar certas palavras, se sentiram ocasionalmente constrangidos por usá-lo e indicaram não só desconforto como falta de prazer na vida. Ainda assim, se mostraram felizes com o resultado dos testes e se disseram motivados a seguir perdendo peso.
Conforme notícias sobre o dispositivo passaram a circular no mundo todo, porém, a ideia foi recebida com críticas na web. Nas redes sociais, internautas equipararam o dispositivo a um método de tortura e compararam seu efeito ao de distúrbios alimentares como anorexia:
criaram um dispositivo que só permite a abertura da boca de 2mm pra "ajudar" no emagrecimento
o nojo que senti lendo essa noticia não ta escrito, a obesidade não é só pelo que comemos, só consigo pensar nas pessoas que sofrem por algum tipo de transtorno alimentar— abena 🇧🇷 (@thaligsantos) June 30, 2021
ahhh, pronto!
mas é claro que a obesidade vai ser combatida com um dispositivo que OBRIGA a pessoa a ingerir somente líquidos.nutrição? pra que? cancela!!!
🤬 essa pesquisa não é sobre saúde, é apenas sobre corpos magros.
independente de saúde. #vergonha! https://t.co/KkyCYkTxdd— Laura (@laurapneves) June 29, 2021
Mano, estão promovendo um dispositivo que limita a abertura da boca a 2mm, possibilitando uma dieta apenas de líquidos, como controle de obesidade.
Isso é um cabresto. Um instrumento de tortura. https://t.co/TFKwbm9d3p— Vanessa (@vnsscb99) June 28, 2021
é óbvio que é praticamente uma forma de tortura
além de romantizar os transtornos alimentares
isso é só uma forma cara de ter anorexia 💀 podre https://t.co/RCFLXjklri— 𝔅𝔯𝔞𝔷𝔦𝔩𝔦𝔞𝔫 𝔇𝔢𝔪𝔬𝔫 🇵🇸 (@Ur_DeadFriend) June 30, 2021
quem reclama de "romantização da obesidade" deveria se indignar com isso aqui tbm https://t.co/UZ00FefB74
— naclara (@sourspoem) June 30, 2021
https://twitter.com/luzibender/status/1410280731809619968
Além das críticas por partes de internautas, profissionais da área da saúde também desaprovaram a ideia – e, ao VIX, a nutricionista Angelica Grecco, do Instituto EndoVitta, explicou o quanto o assunto é delicado. Segundo a especialista, em primeiro lugar, é preciso considerar que a obesidade (destacada no estudo como algo a ser possivelmente tratado pelo dispositivo) é cercada por diversas questões.
“Obesidade é uma doença multifatorial que envolve aspectos sociais, fisiológicos, genéticos e emocionais. Ela precisa ser tratada com respeito e cautela. É preciso dar suporte, orientar, criar estratégias e estimular o paciente a descobrir as causas e gatilhos de sua ansiedade e compulsão alimentar, auxiliando no tratamento desta patologia”, explica, ressaltando que usar um aparelho assim pode afetar a saúde.
“Um dispositivo que limite a ingestão alimentar de forma tão restritiva e até mesmo constrangedora poderá potencializar distúrbios alimentares e psicológicos”, afirma a nutricionista, que também alerta para os riscos de se ingerir apenas líquidos.
“Dietas líquidas sem orientação adequada e sem necessidade (como em pós-operatórios) podem ocasionar perda de massa muscular e deficiências nutricionais, além de poder potencializar picos de ansiedade e compulsão alimentar”, conclui.