Embalagens, por mais incrível que pareça, podem oferecer riscos à sua saúde. Além de emissoras de substâncias tóxicas estranhas ao organismo, podem se tornar guardiãs de fungos e bactérias, causando prejuízos enormes pro nosso corpo. Especialistas sugerem que, além da quantidade e da frequência do nosso contato com alimentos nestas embalagens, a interação entre os inúmeros compostos a que somos expostos cotidianamente em tudo que vem embalado em nossas vidas possa produzir efeitos prejudiciais e ainda totalmente desconhecidos.
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No entanto, não é preciso se alarmar, apenas faça o possível para minimizar a ingestão de produtos embalados, selecionando melhor os alimentos e também o modo como vai conservá-los. Também é preciso estar sempre em dia com as estratégias de fortalecimento das defesas do organismo, que ajudam a resistir a qualquer eventual ataque estranho. Compare, a seguir, os benefícios e riscos à saúde.
Tipos de embalagens
Vidro
Por muitos anos, as embalagens de vidro foram a opção doméstica durável e reutilizável mais comum para acondicionar alimentos. Vidros são excelentes para preservação e conservação, principalmente, porque suportam alteração térmica quando usados como embalagem. Compotas e conservas, como palmitos, azeitonas e picles, além de molhos e geleias, passam por um processo de aquecimento para serem seladas na hora de fechar. Assim, impedem formação de gases e odores, pois a tampa consegue ter a vedação necessária. Vidros escuros, como nas embalagens de suco integral e azeite, preservam ainda mais as propriedades nutricionais e o sabor do conteúdo por sua proteção para sensibilidade à luz. E em teoria, o próprio vidro demoraria muitos anos para interagir quimicamente com o alimento.
Alumínio
O metal é muito utilizado para armazenar bebidas a gás, e perecíveis como patês e conservas. As embalagens feitas de alumínio são mais porosas que as de vidro e acabam deixando escapar mais gás carbônico no momento em que são abertas. Por esse motivo, há quem note diferença da mesma bebida quando comparada nas duas embalagens. A vantagem das latinhas de alumínio é que gelam com mais agilidade, no entanto, quando submetidas a calor excessivo, liberam o gás carbônico mais rápido, alterando o sabor.

Aço
É uma alternativa bastante utilizada nos alimentos enlatados como pescado, milho e ervilha, leite, café e chocolate em pó. Estas são consideradas as melhores embalagens para preservam alimentos que precisam barrar completamente a influência da luz, do oxigênio e de sua fragilidade. A lata de aço, assim como outras embalagens metálicas, preserva 100% as propriedades nutricionais e o sabor dos alimentos, com prazos de perecibilidade que podem chegar a até cinco anos, pois a maioria dos enlatados é cozida dentro do próprio aço.
O alerta é para nunca comprar uma lata estufada. Alguns estufamentos podem ser devido à entrada de ar na embalagem, consequentemente, contaminação e aparecimento de bolores e leveduras.
A vácuo
O uso de vácuo nas embalagens elimina qualquer possibilidade de contaminação, já que todo o oxigênio do interior é eliminado. Principalmente, no caso de alimentos com alto índice de gordura, que podem sofrer alterações por aparecimento de fungos e bactérias. Carnes, embutidos e laticínios, geralmente, vêm (ou deveriam vir) em embalagens a vácuo para manter a qualidade do produto por mais tempo, além de sabor e aroma naturais.
Plástico
Apesar de ser mais prático, leve e reciclável, alguns plásticos, dependendo da sua fonte de matéria prima ou processamento industrial, podem trazer diversos riscos nocivos à saúde. Ele pode parecer bastante seguro – por sua aparente higienização – e ter menor custo na cadeia produtiva, mas não pode ser considerado uma solução.
Para começar, a embalagem só é ideal para conservar produtos comercializados e consumidos em temperaturas baixas. E que não tiveram de tratamento térmico na sua fabricação. Em casa, quando mal higienizadas ou quando se faz uso de esponjas abrasivas que possam danificar seu interior, elas podem agir como verdadeiras guardiãs de fungos e bactérias, causando prejuízos enormes ao organismo.
Toxinas plásticas prejudiciais à saúde:
Bisfenol

O Bisfenol A (BPA) é uma substância encontrada nos plásticos transparentes à base de policarbonato bastante prejudicial à saúde. De acordo com especialistas, o BPA faz parte de um grupo de toxinas que têm a capacidade de interferir na síntese, na secreção e na ação de vários hormônios. O que pode também ser causa do ganho de peso. Ele se comporta no organismo de maneira semelhante ao hormônio feminino estrogênio, afetando o funcionamento de glândulas como a tireoide, e também ovários.
Desreguladores endócrinos como o BPA podem causar puberdade precoce e males que incluem obesidade, síndrome do ovário policístico, infertilidade masculina, câncer de mama e de próstata. Essa toxina estranha ao organismo aparece não só nos pláticos como também no revestimento de latas de conserva como milho e ervilha, extrato de tomate e outros. E mais, está presente também em alguns tipos de papel-filme usados na cozinha.
Estireno
Outros plásticos derivados do petróleo produzidos como alternativa ao policarbonato também não são menos perigosos. Por exemplo, copos descartáveis leitosos e embalagens brancas para alimentos (que parecem isopor) são feitas com poliestireno, que, ao ser submetido ao calor, libera o estireno, considerado cancerígeno. Os ftalatos, usados para deixar mais maleáveis as embalagens plásticas de alimentos processados, foram associados a diabetes e obesidade. Um biólogo da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, examinou 455 tipos à venda em seu país. A maioria possuía compostos capazes de imitar os estrógenos, atuando de forma similar ao BPA.
Dioxina
A dioxina é um dos compostos químicos sintetizados pelo homem de maior toxicidade existente. São produzidos pela incineração, durante a fabricação de produtos químicos clorados, especialmente o PVC, e em outros processos que utilizam cloro, tais como o branqueamento do papel. Na década de 90, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA- Environmental Protection Agency) descobriu que nesse país, cerca de 40% das emissões de dioxinas na atmosfera provinham da incineração de resíduos de serviços de saúde. Uma das causas era a grande proporção de PVC contida neste tipo de resíduo. O cloro usado na fabricação do PVC é um ingrediente fundamental para a formação de dioxinas. Se investigar, em muitas embalagens de papel filme, a descrição do produto é “pvc stretch film” ou filme de PVC esticável.
A exposição à dioxina pode levar a uma série de efeitos danosos à nossa saúde incluindo câncer, defeito de nascimento, diabetes, retardamento no desenvolvimento e na aprendizagem, endometriose e anormalidades no sistema imunológico.
Os perigos à saúde
Por serem muito instáveis, essas substância nocivas migram para a comida, principalmente quando as embalagens são aquecidas ou quando há contato com o alimento quente, já que o calor favorece a liberação das toxinas. Esta migração também pode ocorrer no congelamento, quando o plástico é resfriado. Não há consenso sobre a dose segura de exposição, mas sabe-se que, todo dia e com cada vez mais frequência e intensidade, um número maior de pessoas consome alimentos em embalagens plásticas.
Em 2003, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos coletou urina de 2.517 pessoas e 93% das amostras tinham BPA. Os mais vulneráveis aos efeitos nocivos são os bebês e as crianças pequenas. Por isso, no Brasil já está proibida a fabricação e comercialização de mamadeiras contendo BPA. As de vidro retornaram ao mercado e as de plástico são hoje à base de polipropileno, não tão prejudiciais.
Como neutralizar riscos
Reduza imediatamente o uso de plásticos. Prefira guardar e comprar alimentos embalados em vidro, porcelana, aço inox. Se usar potes plásticos, prefira os isentos de BPA (BPA-free), o vilão bisfenol, mas nunca armazena nada quente. Também abandone o hábito de aquecer a comida no micro-ondas dentro de embalagens plásticas. Prefira sempre servir no prato de vidro ou porcelana quando sujeitar ao calor.
Passe a observar os rótulos e marcações no fundo de embalagens descartáveis, como as de bebida, o número dentro do triângulo símbolo da reciclagem. Evite as embalagens com número 3 ou 7 (elas contêm BPA), e todas as que não tragam essa informação. Reduza o consumo de enlatados e jamais compre latas amassadas. Se o verniz interno fraturar, cresce a possibilidade de o BPA entrar em contato com o produto.