É verdade que vacina de rubéola vencida seria a verdadeira causa da microcefalia?

É mentira. Após o Ministério da Saúde ter afirmado que há um surto de microcefalia no Brasil e ter reconhecido a relação com a transmissão do Zika Vírus pelo mosquito Aedes Aegypti, mensagens falsas começaram a circular na internet. Nela, as pessoas associavam a causa da má-formação a um lote de vacinas contra rubéola vencido que possivelmente teria sido aplicado em mulheres no período fértil e gestantes. A informação é falsa.

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Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que todas as vacinas distribuídas pela entidade são seguras e estão dentro do prazo de validade. O documento ainda reforça que nenhuma evidência científica nacional ou internacional relaciona os impactos da vacina com a má-formação.

Surto de microcefalia

A microcefalia é um atraso ou má-formação cerebral que pode acontecer durante a gestação. O quadro pode atrapalhar o desenvolvimento neurológico do feto, trazendo graves sequelas para toda a vida. O Aedes Aegypti é também o transmissor do vírus.

No Brasil, já foram registrados mais de 700 casos de microcefalia recentemente. No entanto, além do vírus, a microcefalia também pode ser causada por rubéola, varicela, toxoplasmose, citomegalovírus, infecções, síndromes genéticas e até pelo uso de álcool ou drogas pela mãe durante a gestação.

Como combater o Zika Vírus

Como o vírus é transmitido pelo Aedes Aegypti, mosquito também responsável pela transmissão da dengue e da chikungunya, especialistas em epidemias afirmam que o melhor a fazer neste momento é combater o mosquito, evitando qualquer reserva de água parada onde eles possam se reproduzir. Manter portas e janelas fechadas e optar por roupas compridas é outra recomendação para evitar as picadas.

Mulheres que desejam engravidar, se não quiserem adiar os planos, devem procurar equipes de saúde para garantir que não estão contaminadas com o vírus.

Já as grávidas devem intensificar os cuidados do pré-natal, realizando todos os exames que mostram se o desenvolvimento do feto está em segurança, além de evitar o contato com regiões com registro de casos e pessoas com sintomas como febre e vermelhidão pelo corpo.

Nota do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde esclarece que todas as vacinas ofertadas pelo Programa Nacional de Imuização (PNI) são seguras e não há nenhuma evidência na literatura nacional e internacional de que possam causar microcefalia. O PNI é responsável pelo repasse, aos estados, dos imunobiológicos que fazem parte dos calendários de vacinação. Uma das ferramentas essenciais para o sucesso dos programas de imunização é a avaliação da qualidade dos imunobiológicos. O controle de qualidade das vacinas é realizado pelo laboratório produtor obedecendo a critérios padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Após aprovação em testes de controle do laboratório produtor, cada lote de vacina é submetido à análise no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) do Ministério da Saúde. Desde 1983, os lotes por amostragem de imunobiológicos adquiridos pelos programas oficiais de imunização vêm sendo analisados, garantindo sua segurança, potência e estabilidade, antes de serem utilizados na população.

É importante lembrar que, independente de todas essas precauções, assim como os medicamentos, nenhuma vacina está livre totalmente de provocar eventos adversos, porém os riscos de complicações graves causadas pelas vacinas são muito menores do que os das doenças contra as quais elas protegem. No Brasil, eventos adversos associados à vacinação são acompanhados através do Sistema de Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação/SIAPV, que tem como objetivo avaliar de forma continuada a relação de risco-beneficio quanto ao uso dos imunobiológicos, bem como permitir o acompanhamento da situação das notificações/investigações, em tempo real, nas três esferas de governo. Destaca-se que não há relatado nesse sistema de notificação sobre microcefalia relacionada à vacinação, bem como não existe, até o momento, na literatura médica nacional e internacional, evidências sobre a associação do uso de vacinas com a microcefalia.