O câncer no pâncreas costuma ser assintomático e, por isso, cerca de 80% dos casos são diagnosticados tardiamente, quando não é mais possível alcançar a cura
Após ser diagnosticado com uma infecção renal, Edu Guedes passou por exames que trouxeram uma nova descoberta: um câncer no pâncreas. Essa doença, a mesma que afeta o vocalista do Titãs, Tony Bellotto, é silenciosa e agressiva – mas tem chances de cura quando identificada precocemente. Saiba detalhes abaixo:
Edu Guedes é diagnosticado com câncer no pâncreas

Em meio a exames para avaliar outra condição de saúde, o apresentador Edu Guedes foi diagnosticado com câncer no pâncreas. Devido ao diagnóstico, ele teve de ser submetido a uma cirurgia de emergência que durou 6 horas – e que, segundo os médicos, foi bem-sucedida, apesar de complexa.
Agora, o chef de cozinha segue em recuperação, e a equipe dele deu detalhes do momento. “Os próximos sete dias são cruciais para sua recuperação”, divulgou a assessoria de imprensa do famoso à emissora RedeTV!. Além disso, a equipe também divulgou uma mensagem de Edu. “Esse não é o fim, mas sim um recomeço”, disse o chef.
Câncer de Edu Guedes: o que é?

O câncer de Edu Guedes, mesma doença que o líder do grupo Titãs, Tony Bellotto, enfrenta, é uma doença agressiva e silenciosa. Ele acontece quando células anormais do pâncreas (glândula que produz hormônios e auxilia na digestão) passam a se multiplicar de forma desordenada, formando um tumor.
O tipo mais comum da doença é o adenocarcinoma ductal pancreático, que tem origem nos ductos que transportam enzimas digestivas até o intestino delgado, para que uma das etapas da digestão aconteça. Há também, porém, tipos mais raros da doença, como tumores neuroendócrinos pancreáticos. Nesse caso, a doença se origina nas células responsáveis por produzir hormônios.
Sintomas de câncer no pâncreas

Por ser um câncer silencioso, muitas vezes os sintomas da doença só aparecem quando ela já está em estágio muito avançado. Este é o motivo pelo qual diagnósticos do câncer pancreático costumam ser tardios, levando a prognósticos menos favoráveis e maior chance não haver opções de tratamentos curativos. Segundo o National Cancer Institute, 80% dos casos são diagnosticados tardiamente.
Quando ocorrem, os sintomas podem incluir:
- Dor progressiva e persistente no abdômen ou nas costas;
- Perda de peso sem causa aparente;
- Pele e olhos com coloração amarelada (icterícia);
- Fezes claras e urina escura;
- Fadiga constante;
- Náuseas e vômitos;
- Diabetes de início súbito ou piora do controle em pessoas que já têm o diagnóstico da doença.
Câncer no pâncreas tem cura?

É, sim, possível curar um paciente com câncer no pâncreas. Segundo a American Cancer Society, a cirurgia com fins curativos é possível em 15% a 20% dos casos, e se trata de um procedimento bastante complexo chamado cirurgia de Whipple. Após a operação, o tratamento também costuma envolver quimioterapia, medicação de ação sistêmica que visa eliminar possíveis células cancerígenas restantes.
Isso, no entanto, só é possível em casos nos quais o câncer está em estágio inicial. Como é um tumor silencioso e agressivo, ele costuma avançar bastante antes do diagnóstico, levando a proliferação local ou metástases (focos do câncer em outras partes do corpo). Nesses casos, o tratamento visa aliviar os sintomas, assegurar ao máximo o bem-estar do paciente e prolongar a sobrevida.
Além da cirurgia e da quimioterapia, o tratamento da doença também pode envolver radioterapia, imunoterapia e novas terapias-alvo que usam mutações específicas para atacar o tumor. Há ainda avanços em tratamentos personalizados que trazem novas perspectivas para pacientes cujos tumores têm determinadas características.
De acordo com o National Cancer Institute, cerca de 12% dos pacientes que descobrem essa doença (levando em consideração os casos diagnosticados em qualquer estágio) sobrevivem por ao menos cinco anos após o diagnóstico. A taxa de sobrevida pode chegar a 40% quando o câncer é descoberto em estágios iniciais.
O que causa câncer no pâncreas?

Segundo a American Cancer Society, fatores de risco para o câncer de Edu Guedes e Tony Bellotto incluem:
- Idade avançada;
- Tabagismo;
- Obesidade;
- Diabetes tipo 2;
- Pancreatite crônica;
- Histórico familiar da doença;
- Consumo excessivo de álcool.
É importante frisar, porém, que nem sempre pacientes com esse câncer se enquadram nesses critérios.
Detecção precoce do câncer no pâncreas

Não existe, hoje, um método de rastreamento para câncer de pâncreas em toda a população, como existe para o câncer de mama, por exemplo. Isso acontece devido ao fato do pâncreas ficar em um local profundo no abdômen, e dos sintomas serem inespecíficos (e, muitas vezes, inexistentes até que o quadro se agrave).
Ainda assim, algumas pessoas podem se beneficiar de fazer exames específicos periodicamente. Pessoas com histórico familiar da doença, portadores de síndromes genéticas hereditárias (como BRCA2, síndrome de Lynch e mais) e que têm pancreatite crônica hereditária são alguns dos exemplos.
Nesses casos, é importante buscar um médico especialista, que pode pedir exames como ressonância magnética abdominal com especificações definidas, ultrassonografia endoscopia e testes genéticos.
Além disso, é importante que qualquer pessoa, independentemente de predisposição genética e outros fatores de risco, investigue qualquer sintoma que possa estar relacionado a essa e outras condições. Como aconteceu com Edu Guedes e Tony Bellotto, cânceres como o de pâncreas podem aparecer em exames que avaliam outras doenças.