altas habilidades e superdotação

O que é a superdotação que Whindersson descobriu? Faz a pessoa ser muito inteligente?

Entenda como age e pensa uma pessoa com altas habilidades, como o humorista Whindersson Nunes

Internado neste ano em uma clínica de reabilitação por abuso de álcool, Whindersson Nunes recebeu informações importantes sobre si mesmo. Ele descobriu, após avaliação rigorosa, que é superdotado. Além do QI superior à média, ele também tem o que se chama de altas habilidades. Mas, afinal, o que é isso? Significa que a pessoa é um “gênio”, ou boa em raciocínio lógico? Entenda abaixo:

Whindersson Nunes descobriu superdotação e altas habilidades

(Crédito: Reprodução/Instagram @whinderssonnunes)

Neste ano, Whindersson Nunes decidiu se internar em uma clínica de reabilitação. Ao “Fantástico”, ele afirmou que o fez pelo vício em álcool, bem como a sensação de que tomar apenas uma quantidade pequena da bebida não seria satisfatório. Durante a internação, no entanto, ele teve uma surpresa: é superdotado, nome popular para pessoas com altas habilidades cognitivas.

“Eu já me sentia meio diferente. [Preferia ficar] mais sozinho do que andar no recreio com a turma e um papo meio estranho”, disse ele, que descobriu ter um QI de 138, sendo a média entre 96 e 101. Conforme foi explicado ao humorista na internação, é isso que faz dele extremamente criativo – mas é também o que traz pensamentos acelerados, sensação de inadequação e até mesmo crises depressivas.

Afirmando que a questão o prejudica com comportamentos compulsivos e impulsivos, Whindersson disse que as altas habilidades já o prejudicaram até mesmo em relacionamentos amorosos. “Em um relacionamento, as pessoas têm horários, rotinas. É difícil para mim, nos relacionamentos, ter [isso], porque minha cabeça funciona em determinados horários”, declarou.

Superdotação e altas habilidades: o que é isso?

altas habilidades e superdotação
(Crédito: Reprodução/Globo)

A superdotação não é necessariamente um diagnóstico. Ela não está, por exemplo, nos manuais diagnósticos usados por psiquiatras para identificar quadros como depressão, ansiedade, transtorno de personalidade borderline, entre outros. Segundo o Instituto Inclusão Brasil, pessoas com superdotação (altas habilidades) é alguém com um padrão de funcionamento cognitivo diferente do comum.

Essas pessoas têm, por exemplo, aptidões muito notáveis em uma ou mais áreas. Isso pode incluir, por exemplo, capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, criatividade, liderança, talento artístico, entre outras. Para que alguém seja categorizado como uma pessoa superdotada, ela deve ter essas habilidades como uma constante na vida, e desempenho elevado ao longo do tempo. Entra aqui, também, a comparação entre as habilidades dessa pessoa com as demais da mesma idade.

Esse tipo de padrão de funcionamento cognitivo geralmente vem à tona após testes de QI, de desempenho e de criatividade. A aplicação e interpretação de testes assim são de responsabilidade de psicólogos especializados. Pode ser necessário, porém, avaliação multidisciplinar, com neuropsicólogos e, se necessário, neurologistas.

Quem tem altas habilidades é um “gênio”?

altas habilidades e superdotação
(Crédito: Reprodução/Instagram @whinderssonnunes)

Pessoas com altas habilidades têm um QI acima da média, mas não são necessariamente como a imagem que se tem de um “gênio”. Quando se pensa em pessoas “geniais”, é comum relacioná-las à matemática e outros assuntos marcados por raciocínio lógico, mas essa nem sempre é a área de destaque de uma pessoa com superdotação.

É o que explicou a neuropsicóloga Carolina Mattos sobre Whindersson Nunes no “Fantástico”. “Não é aquele gênio, e sim uma pessoa que tem habilidades maiores em determinadas áreas da vida – e, às vezes, não em outra. Às vezes é uma pessoa que não domina o raciocínio lógico, mas se dá superbem na criatividade, no improviso”, declarou a especialista.

Como é uma pessoa com altas habilidades?

(Crédito: Reprodução/Instagram @whinderssonnunes)

De acordo com a neuropsicóloga, pessoas com superdotação, como Whindersson, são geralmente inquietas e têm pensamento acelerado. Ela também pode apresentar muitos questionamentos sobre si, sobre o mundo e sobre determinadas situações. São ainda pessoas muito intensas emocionalmente.

Segundo o Davidson Institute, nos Estados Unidos, indivíduos com esse perfil costumam ter muitas ideias, pensamentos abstratos e muita facilidade para lembrar das coisas. A habilidade para resolver problemas é muito presente, bem como pensamentos originais, persistência em desafios intelectuais e perfeccionismo. Eles se frustram facilmente com a rotina e quando não são suficientemente estimulados.

Impactos da superdotação no dia a dia

altas habilidades e superdotação
(Crédito: Reprodução/Instagram @whinderssonnunes)

A superdotação traz alguns benefícios para o indivíduo, especialmente quando ele consegue entender o que o estimula e usar isso a seu favor. Ainda assim, ter altas habilidades também gera impactos que podem ser negativos a depender da rotina que essa pessoa leva e do que lhe é permitido fazer.

Tarefas comuns podem ser especialmente tediosas, algo que faz o indivíduo alternar entre produtividade alta e subaproveitamento. Como essas pessoas são mais intensas emocionalmente, elas podem ter muita dificuldade de mascarar emoções ou adaptar a comunicação social, gerando conflitos interpessoais. Elas se sentem facilmente ignoradas ou incompreendidas.

É por esse motivo que, muitas vezes, a superdotação vem acompanhada de algum distúrbio psicológico como depressão existencial, ansiedade e mais questões. Uma pessoa assim pode se isolar emocionalmente, se sentir solitária no mundo e desenvolver uma pressão interna muito alta por perfeição.

Não é necessário tratar a superdotação, visto que ela não é uma condição de saúde. Ainda assim, o acompanhamento psicológico pode ajudar o indivíduo a se adaptar à forma como ele funciona, regular a autoestima, gerir frustrações e melhorar relacionamentos com outras pessoas. Caso exista um transtorno concomitante, é preciso tratá-lo.

Saúde mental e bem-estar