remédios para emagrecer

Ozempic, Wegovy, Rybelsus, Mounjaro e mais: como funcionam os “remédios para emagrecer”?

Veja tudo o que é preciso saber sobre os remédios para emagrecer disponíveis no mercado

Nos anos recentes, medicamentos originalmente desenvolvidos para o controle glicêmico em pessoas com diabetes tipo 2 ganharam destaque pelo uso off-label para perda de peso. É o caso, por exemplo, do Ozempic e do Victoza, que agem sobre a saciedade e a regulação do apetite. Veja abaixo tudo que é necessário saber sobre o tratamento com essas medicações.

Obesidade e remédios para emagrecir: Ozempic funciona?

Conforme explica a endocrinologista Andréa Abbud, obesidade é uma doença crônica, recidivante e multifatorial. Isso significa que seu tratamento é complexo e pode envolver desde abordagens psicossociais até medicamentosas. Diferente da crença popular, “fechar a boca” e se movimentar mais não é suficiente para muitos dos que têm essa doença.

Segundo a médica, em casos de pacientes com IMC acima de 30 ou de 27 associado a outras comorbidades, o tratamento medicamentoso é uma abordagem adequada. Isso porque os “remédios para emagrecer” utilizados atualmente agem sobre o apetite, melhorando, por exemplo, aspectos como a compulsão alimentar.

remédios para emagrecer
(Crédito: SEBASTIEN BOZON/AFP via Getty Images)

Em termos de remédios para emagrecer, remédios como Orlistate, Bupropiona, Naltrexona e Sibutramina já são bastante conhecidos e utilizados há muito tempo. Nos últimos anos, no entanto, remédios como Ozempic, Victoza, Wegovy, Rybelsus e Mounjaro passaram a revolucionar esse processo em pacientes com obesidade.

Alguns deles, como o Ozempic, são recomendados pelo fabricante como medicamento para controle de diabetes tipo 2. No entanto, com base em evidências científicas, médicos o utilizam de forma “off-label”- ou seja, com objetivos que não estão necessariamente na bula. Apesar de diferentes em dosagens, forma de administração e princípio ativo, essas medicações agem, em geral, de formas muito parecidas.

Substâncias usadas nesses remédios, como a liraglutida (Victoza), a semaglutida (Ozempic, Wegovy e Rybelsus) e tirzepatida (Mounjaro), são análogos de GLP-1. Essa substância é um hormônio que influencia a saciedade e retarda o esvaziamento gástrico, auxiliando no controle do apetite e, consequentemente, na perda de peso.

ozempic falso
(Crédito: JOEL SAGET/AFP via Getty Images)

Conheça abaixo detalhes de cada um dos medicamentos dessa “família” disponíveis no Brasil e no mundo:

Ozempic

Com a semaglutida como princípio ativo, o Ozempic está no mercado em canetas injetáveis de 0.25 mg, 0.5 mg e 1 mg. Ao injetar o medicamento, ele age sobre o controle glicêmico, mas faz com que a sensação de saciedade dure mais tempo. Na bula, ele é indicado para o tratamento do diabetes – mas estudos apontam uma perda média de 10% do peso corporal entre usuários e, por isso, médicos o utilizam também contra obesidade.

Entre os efeitos colaterais do Ozempic, é possível citar náuseas, vômito, constipação, tontura e desidratação. Cada caneta do medicamento custa aproximadamente R$ 800, a depender da dosagem desejada.

Victoza

Esse medicamento tem como princípio ativo a liraglutida, substância que age de forma semelhante à semaglutida. Ela também atua no controle de apetite e saciedade – e também tem uso indicado para diabetes. Devido a evidências de uma perda de 5% a 8% do peso corporal com o uso, porém, médicos também fazem o uso “off-label” para obesidade.

As canetas de Victoza são de 1.8 mg por dose e custam cerca de R$ 700. Entre os efeitos colaterais, é possível citar náuseas, diarreia, cansaço e dor abdominal.

ozempic manipulado
(Crédito: stefamerpik/Freepik)

Wegovy

Primeiro medicamento à base de semaglutida com aprovação de uso para obesidade na bula, o Wegovy tem dosagens mais altas que o Ozempic. Atualmente, ele tem canetas com doses de até 2,4 mg que custam entre R$ 1.2 mil a R$ 2.4 mil cada caneta. Um dos diferenciais desse medicamento é que, em estudos, pacientes apresentaram uma perda média de 15% do peso corporal.

Os efeitos colaterais desse medicamento são parecidos com os do Ozempic. Sendo assim, eles incluem náuseas, vômito, alterações intestinais, tontura e desidratação.

Mounjaro

Apesar de já aprovado no Brasil, o Mounjaro ainda não está à venda no País. Ele é, no entanto, diferente dos demais – e, por isso, já é bastante procurado. Com a tirzepatida como princípio ativo, esse medicamento mostrou um efeito superior na perda de peso, com redução de até 20% do volume corporal. Isso o fez ser, inclusive, chamado de “bariátrica química”.

Esse efeito se deve ao fato de que o Mounjaro, além de atuar nos receptores de GLP-1, também atua nos receptores de GIP, outro hormônio inibidor gástrico. Ele também é injetável e está disponível em doses de 2.5 mg, 5 mg, 10 mg e 15 mg. Nos Estados Unidos, ele custa cerca de US$ 1 mil (cerca de R$ 5.7 mil).

Rybelsus

Também baseado em semaglutida, o Rybelsus tem o diferencial de ser administrado por via oral. Ele tem absorção diferente e, por isso, menor impacto na perda de peso. O comprimido deve ser tomado diariamente, e o remédio tem a dosagem de 3 mg, 7 mg e 14 mg, custando cerca de R$ 600 cada caixa. O valor do medicamento varia de acordo com a dosagem.

déficit calórico
(Crédito: Kaboompics.com/Pexels)

Risco do uso de remédios para emagrecer sem acompanhamento

Conforme alerta a endocrinologista, esses medicamentos não devem ser usados para pequenas perdas de peso. Essa, porém, tem sido uma conduta cada vez mais comum – e há riscos em fazer isso.

Quando usados de forma inapropriada ou sem o devido aconselhamento médico, esses remédios podem causar:

  • Desidratação extrema;
  • Perda excessiva de massa magra;
  • Complicações entre quem já apresenta problemas no pâncreas;
  • Quadros perigosos de hipoglicemia.

No acompanhamento médico para tratamento de obesidade, o especialista aborda outros aspectos da doença, como o social e o psicológico. É possível, portanto, criar estratégias que auxiliam em um emagrecimento duradouro, com menos chances de reganho de peso. Além disso, somente um médico pode apontar a melhor opção de medicamento, bem como a dosagem e a frequência de aplicação.

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