Motivos e motivações para a cura

Já dissemos antes que saúde não é simplesmente ausência de doença. A saúde real é na verdade um conjunto de fatores integrados de bem-estar. Parece um pouco estranho no início, mas vou perguntar: por que se curar? Algumas pessoas têm verdadeira afeição pela doença e nutrem com ela uma singular relação. Por carência psicológica não estão interessadas em resolver suas questões e procuram chamar a atenção pela fragilidade orgânica ou emocional. Porque não se amam realmente, mendigam o afeto fora de si.

Como podemos nos analisar para que não caiamos em tais armadilhas? Inicialmente, observemos se temos comportamento destrutivo (a si próprio e a outros). Eu frequentemente me alimento de maneira inadequada? Eu tenho cuidado com o meu corpo e mente? Eu uso estimulantes ou calmantes com freqüência? Eu tenho auto-estima? Eu cuido do mundo à minha volta? Que tipo de lugares eu freqüento? Com que tipo de pessoas me relaciono? Como me sinto? Etc.

Talvez a pergunta mais certa a essa altura seria: será que eu realmente gosto de mim, da minha companhia e do modo como sou agora?

Lembrem-se de que nós só agimos conforme somos, nem menos, nem mais. Sei também que somos mestres em desculpas e que repetidamente procuramos culpar a falta de tempo ou talvez algum imprevisto ou mesmo a dificuldade de fazer diferente. Penso que devêssemos nos programar mais sistematicamente. Gosto de lembrar que o momento presente é o único que realmente possuímos, muito embora insistamos em viver ora no passado, ora no futuro e nunca no agora. Fazemos isso habitualmente e desperdiçamos muitas oportunidades de despertar nossos potenciais que ficam apenas latentes.

Possivelmente diremos a nós mesmos: sou assim porque fui criada desta forma ou porque isso faz parte de tal ou qual cultura… Pensamos também que outro modo de proceder vai nos dar muito trabalho e que, talvez, seja melhor pensar nisso depois. Ou mesmo: eu já estou muito velha para fazer de outra maneira, ou ainda: por que mudar, se já estraguei tudo mesmo?

Talvez a pergunta mais certa a essa altura seria: será que eu realmente gosto de mim, da minha companhia e do modo como sou agora? Não nos entristeçamos se a resposta for não! Apenas reconheçamos o fato (que, aliás, é normalíssimo quando tratamos de ser humano). Nós nos julgamos muito e de forma errada. Talvez sejamos o juiz mais implacável que conhecemos, ou mesmo o pior dos carrascos, já que frequentemente há autocondenação imediata, sem colocar na balança os pontos positivos e atenuantes. Se nos habituamos a julgar e condenar, faremos isso sistematicamente. Puro hábito.

Sugiro que levantemos quantas vezes cairmos, uma vez mais e outra e outra. Continuar sempre de onde paramos.Quando procuramos viver o momento presente, evidenciamos que não somos mais como no passado e que não poderíamos agir de outra forma senão aquela que fizemos (nem mais, nem menos, lembram?). Entretanto, isso não é motivo para que não ajamos diferente hoje. Isso porque, hoje, nós podemos escolher. Hoje nós sabemos mais. Hoje não queremos repetir a mesma experiência de ontem, nem os mesmos resultados. Hoje nós podemos ser novos em folha. Hoje nós sabemos mais e temos mais experiência.

Quando sentimentos ruins insistirem em retornar, saibamos de imediato que eles assim fazem porque nos condicionamos a isso e, portanto, mantenhamos a serenidade. Vamos colocá-los calmamente de lado e começar a exercitar bons pensamentos. Ler ou fazer algo que nos agrade nestas horas vai enfraquecendo antigos hábitos e deixando espaço para que um novo se fortaleça.

Para encerrar, uma boa dica é usar mais a sua agenda. Ao lado das programações corriqueiras escolha as programações emocionais que deseja cumprir no seu dia. Você verá que rapidamente dará mais atenção a si mesma, que é certamente o afazer mais importante que você tem…

Fiquem bem e até a próxima!