O olhar é uma poderosa arma de sedução e os cuidados com ele não se resumem à aplicação de creminhos para acabar com os famosos pés-de-galinha ou com a utilização diária de um bom rímel. Se preocupar com as doenças que podem, de uma hora pra outra, transformar esse belo cartão de visitas em motivo de risos também é essencial. A conjuntivite e o terçol são apenas duas delas. A primeira, além do incômodo, te deixa com os olhos tão vermelhos que os homens pensarão que você está num estado permanente de ressaca. Já o terçol faz com o seu olho pareça o de um boxeador em fim de luta. Para não comprometer a estética do rosto e, inclusive, o seu bom humor, previna-se!
Para falar de conjuntivite, é necessário explicar o que é a conjuntiva. A conjuntiva é a membrana que recobre o branco dos olhos e a conjuntivite nada mais é do que a inflamação dessa membrana. O doutor Élcio Sato, professor titular do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo e diretor médico do Banco de Olhos do Hospital São Paulo, da UNIFESP, explica as causas da doença: “As pessoas podem ser contaminadas por bactérias ou vírus. Eles podem ser transmitidos pelas mãos, toalhas, cosméticos, principalmente maquiagem para os olhos, ou pelo uso prolongado de lentes de contato”. Substâncias irritantes são outra causa do problema. “Poluição do ar, fumaça de cigarro, sabonetes, sprays e produtos de limpeza são as principais”, complementa.
Tudo começa com uma sensação desconfortante, como se o olhos estivessem cheios de areia. Mas são vários os fatores que, combinados, caracterizam o diagnóstico. “Coceira nos olhos, vermelhidão ocular, sensibilidade acentuada à luz, um leve inchaço nas pálpebras e secreção nos olhos, que pode ser aquosa ou purulenta, dependendo da conjuntivite”, explica o oftalmologista Élcio Bessa.
Para evitar o problema, além do cuidado ao lidar com alguém contaminado, os médicos indicam, como medida de precaução, proteger os olhos no mar, na praia e na piscina. Se mesmo assim ela aparecer, nada de pânico! “Em geral, as conjuntivites são benignas ou autolimitadas, ou seja, mesmo sem um tratamento específico, costumam sarar num prazo de dez dias. Mas o aconselhável é sempre procurar orientação médica”, recomenda o Dr. Sato. O tratamento normalmente é feito à base de colírios e, em alguns casos, antibióticos. Isso não significa que você deva simplesmente perguntar ao balconista qual o melhor colírio para o seu caso, já que alguns são contra-indicados. “Colírios à base de cortisona devem ser evitados por causa dos efeitos colaterais”, recomenda o oftalmologista. Outro dado importante diz respeito à água boricada, um dos principais meios de limpeza dos olhos. “As águas vendidas em farmácias normalmente têm uma dosagem de 3%, o que as torna ligeiramente ácidas. O mais recomendável é a dosagem de 2%”, orienta.
Durante o tratamento, alguns cuidados também são essenciais. Lavar as mãos com freqüência, não coçar os olhos para diminuir a irritação e evitar a recontaminação e não encostar o frasco de colírio ou de pomada nos olhos durante a aplicação são alguns deles. “Expor os olhos a agentes irritantes como fumaça e usar lentes de contato enquanto estiver com conjuntivite também é desaconselhável”, alerta Dr. Bessa.
O ideal mesmo é a velha e boa prevenção. É verdade que não é nada fácil se prevenir de uma conjuntivite, que pode ser transmitida por uma pessoa acima de qualquer suspeita e até mesmo pelo ar, mas algumas medidas podem diminuir esse risco. O oftalmologista Luis Fernando Machado dá as dicas: “As mulheres devem evitar compartilhar toalhas de rosto, não devem usar maquiagem de outras pessoas, nem emprestar as suas, usar óculos de mergulho para nadar ou óculos de proteção, no caso das pessoas que trabalham com produtos químicos, e evitar nadar em lagos ou piscinas sem cloro”, sugere o médico.
Ao contrário da conjuntivite, o terçol não é transmitido de pessoa para pessoa. “É um problema particular e o convívio com pessoas com o problema não traz riscos de contaminação. Pode-se, inclusive, beijar o rosto da pessoa tranqüilamente”, tranqüiliza Dr. Sato. O problema nada mais é do que o entupimento da glândula de gordura, que fica na borda da pálpebra. “O entupimento dessa glândula forma uma espécie de espinha porque, embora a glândula esteja entupida, o organismo continua produzindo gordura normalmente. Por isso é que fica aquela bolsa na pálpebra”, explica o médico, acrescentando que pessoas com pele oleosa têm maior tendência a apresentar o problema.
Quem vê uma pessoa com terçol andando nas ruas não imagina o incômodo que ele causa. A economista Lúcia Medeiros, que já teve alguns, explica. “O desconforto é grande. Dói o tempo inteiro e, de vez em quando, coça bastante. Para mim, que trabalho, é pior porque a pomada que preciso usar deixa os olhos bastante embaçados e, devido ao inchaço das pálpebras, tenho que me esforçar muito para mantê-los abertos. No final do dia, estou sempre com dor de cabeça”, lamenta.
Embora o aparecimento de um terçol seja esteticamente chato, devido à bolsa de gordura que se forma, ele não deixa seqüelas se tratado corretamente. “O tratamento, basicamente, é composto por aplicações de compressas de água morna várias vezes por dia e antibióticos. Normalmente, o problema desaparece em uma ou duas semanas”, ameniza Dr. Bessa. Caso não melhore nesse prazo, a solução é a cirurgia mesmo. “É super-rápido porque nós só desobstruímos a glândula. A anestesia é local, o procedimento é rápido e a pessoa tem alta logo após a cirurgia, podendo voltar ao trabalho no dia seguinte”, explica o médico.
Então, olhos abertos para não perder nada do verão que se aproxima. E, claro, para os que passarem, ao olharem para você, em vez de verem um terçol ou uma conjuntivite, vejam o espetáculo de mulher que você é.
Agradecimentos:
Dr. Élcio Hideo Sato – Professor Titular do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal do Estado de São Paulo e Diretor do Banco de Olhos do Hospital de São Paulo.
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Dr. Luís Fernando Machado – Oftalmologista
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Dr. Élcio Bessa – Oftalmologista
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