Academias ao ar livre

por | jun 30, 2016 | Alimentação

Se quando você pensa em academia só o que lhe vem à cabeça é puxar ferro, pedalar ou correr sem sair do lugar e salas de aula lotadas, já está mais do que na hora de se atualizar. Hoje em dia, as atividades oferecidas ultrapassam os limites dos estabelecimentos. As aulas ganharam cenários bem mais amplos e belos: parques, ciclovias, florestas e praias.

Que tal em vez de queimar calorias numa aula de spinning ou hidroginástica na piscina nadar na imensidão do mar? Ou então correr da esteira para correr na areia da praia? Parece que o conceito de academia de ginástica está mudando, pois, hoje em dia, até surf e futevôlei estão à disposição dos alunos fora das suas dependências.

Para algumas academias com endereços privilegiados, criar e implantar atividades ao ar livre foi um processo quase natural. De frente para a praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a Universidade do Corpo adotou a areia como local de trabalho e passou a ensinar o futevôlei. Diferentemente do que se possa imaginar, quase todos os alunos são mulheres adultas. A dificuldade de aprender um esporte que exige controle de bola e preparação física desafia. “Nós fazemos todo um trabalho de iniciação. Quando entra um aluno novo, treinamos separados do grupo, dando muita atenção à parte física também. Porque na areia não há como ter um bom fundamento se a pessoa não tem preparo físico”, decreta o professor de futevôlei Carlos Ferrari, que incrementa o treinamento utilizando circuitos com cones, cama elástica, corrida na areia e abdominais.

Todo mundo quer nadar no mar! É um desafio a mais. Lembro do primeiro grupo que participou da Travessia dos Fortes. Nós ficamos esperando os competidores na chegada e sentimos a alegria deles ao completar a prova. Uma satisfação que não tem preço.

Para os alunos da Estação do Corpo, que fica na Lagoa Rodrigo de Freitas, também no Rio, onde muitas pessoas caminham e fazem seu cooper diariamente, correr na ciclovia já nem é mais novidade. O que tem animado o grupo da corrida atualmente são as Paineiras, na Floresta da Tijuca. “Tinha gente que nunca tinha ido lá. O pessoal adora. É o máximo correr sentindo aquele fresquinho, com a temperatura boa. De 15 em 15 dias, nós vamos. Nos outros finais de semana corremos na praia”, conta Márcio Puga, coordenador da equipe de corrida da Estação do Corpo. Os treinamentos na rua começaram há três anos e hoje tem aluno participando de competições. “Temos grupos que competem em meias maratonas e circuitos”, diz.

Mas até chegar nesse ponto, um certo caminho precisa ser percorrido -literalmente. Correr na rua é muito diferente de estar em cima de uma esteira. “É inegável que as pessoas sentem muita diferença. Porque a própria velocidade da esteira já te leva. Na rua, a resistência é muito maior, sem contar os fatores ambientais, como temperatura, vento e variação de superfície”, explica Márcio Puga. Para o empresário César Lynch, que treina tanto dentro da academia quanto fora, correr ao ar livre é um estímulo, apesar da maior dificuldade. “Eu participo de provas. Não sou profissional, mas gosto de competir meias maratonas e corridas de 10 km. Foram os treinos outdoor que me incentivaram e prepararam. Praticar somente na esteira não me dá condições para competir. Tem que ter ladeira, vento, calor forte…”, exige César, que, com mais 14 pessoas do grupo de corrida, já está se preparando para a meia maratona de São Paulo, dia 11 de março.

As atividades ao ar livre têm sucesso garantido, por isso as academias não poupam esforços se o local ideal de treinamento não for assim tão pertinho. A Companhia Athletica, de São Paulo, por exemplo, já oferece há mais de três anos a clínica de surf. Ora, surf onde não existe praia? É isso mesmo. Durante a semana, a turma faz um treinamento na piscina, visando noções de posicionamento. “Somos surfistas e sempre sentimos a necessidade de ensinar para os outros o que a gente aprendeu na raça, perguntando pros amigos e caindo no mar. As pessoas fazem aquela pergunta básica: mas surf na piscina, que não tem onda? Os treinos na piscina proporcionam domínio da prancha e são muito úteis, até mais do que a gente imaginava”, revela Allan César, coordenador e professor do programa Cia. Surf, da Companhia Athletica de São Paulo.

Depois de treinar na piscina durante a semana, a equipe se prepara para percorrer 180 quilômetros de carro, aproximadamente duas horas de viagem, até a praia da Baleia, em São Sebastião. Lá a aula dura quatro horas, com lições práticas e teóricas. “Falamos sobre a utilização de materiais, maré, correnteza, vento. É importantíssimo que os alunos saibam identificar quando o mar está favorável ou não. A preparação na piscina serve para que os alunos não tenham medo do mar. Se uma pessoa totalmente inexperiente entra direto no mar, fica difícil simplesmente de se manter em cima da prancha. Ninguém aprende a andar de bicicleta numa pista de bicicross. Tem que usar rodinha primeiro”, compara o professor. A clínica de surf da Companhia Athletica é periódica, acontece em torno de três em três meses. Dura 15 dias e pessoas que não são alunas da academia também podem participar. O programa custa em torno de R$ 85 e para alunos, R$ 55.

Se para você ficar em pé sobre uma prancha parece a tarefa mais difícil do mundo, existe outra maneira de se exercitar ao redor de peixes e corais. Trocar a água calma, quentinha e sem sal da piscina pelo oceano é um baita desafio – mas quem pratica garante que vale a pena. A academia A!BodyTech, no Rio de Janeiro, deu o nome de Acqua Summer a esse programa de natação no mar. “Os iniciantes nadam de 500 a 1000 metros. E os alunos mais avançados chegam a percorrer três mil metros. O praticante tem que ter um mínimo de resistência e domínio da natação”, alerta Alexandre Barboza, coordenador de atividades aquáticas da academia.

Todo sábado, se as condições do mar não forem desfavoráveis, um grupo de 20 a 30 pessoas aparece na praia para treinar. Qualquer aluno pode participar, inclusive de outras unidades, sem custo adicional. Alguns ganharam tanto gosto pela coisa que hoje treinam para participar de travessias, como a Travessia dos Fortes (3800 quilômetros, entre o Forte de Copacabana e o Forte do Leme). “Todo mundo quer nadar no mar! É um desafio a mais. Lembro do primeiro grupo que participou da Travessia dos Fortes. Nós ficamos esperando os competidores na chegada e sentimos a alegria deles ao completar a prova. Uma satisfação que não tem preço. O mais legal disso é superar um limite próprio”, conclui o coordenador.