Portadora de esclerose múltipla (EM) desde o ano de 2000, a atriz Claudia Rodrigues luta há anos contra a doença com tratamentos agressivos e promissores.
Após submeter-se a sessões de quimioterapia para combater os anticorpos que atacam o sistema nervoso, ela passou, em janeiro de 2016, por um transplante de células-tronco, uma terapia relativamente nova que promete melhora marcante.
Um ano e meio depois, ela recebeu a notícia de que o transplante havia dado certo e que podia sair do isolamento.
Segundo o neurologista da atriz, Rodrigo Thomaz, coordenador médico do centro de tratamento de esclerose múltipla do programa integrado de neurologia do Hospital Albert Einstein, quando o transplante de células-tronco é bem-sucedido, a doença para de progredir. “Em comparação com outros tratamentos, é o que deixa o paciente mais livre dos surtos”, explica.
A comediante, que se destacou por papéis como Marinete, em “A Diarista”, e Sirene, em “Sai de Baixo”, ambos da TV Globo, ainda realiza outros tratamentos em uma clínica no interior de São Paulo, na qual vive há meses para se reabilitar. Tratam-se de terapias de ponta que visam curar completamente a doença.
Separamos 6 etapas da doença que você precisa conhecer e que com certeza também fizeram parte desse desafio na vida de Claudia.

O que acontece com quem tem esclerose múltipla?
O corpo “briga” com ele mesmo
A esclerose múltipla é uma doença autoimune, o que significa que células do próprio corpo atacam outras unidades celulares “acreditando” que são invasores. No caso da EM, o ataque é direcionado à bainha de mielina, uma espécie de capa que protege os nervos e garante adequada transmissão do impulso nervoso.
Sem a bainha de mielina íntegra, o impulso nervoso entre cérebro e corpo não é transmitido de maneira correta e, dependendo da função desse nervo, podem ocorrer diferentes sintomas.
Diagnóstico difícil: a esclerose é facilmente confundida com outras doenças
A esclerose múltipla pode facilmente ser confundida com outras doenças, pois os sinais e sintomas de sua presença podem variar muito de acordo com o local do sistema nervoso onde houve a lesão. É comum que ela seja confundida com o estresse, uma vez que está relacionada com fadiga e perda de memória, ou até com hérnia de disco, por causa do formigamento e da fraqueza muscular.
No caso de Claudia, a primeira sensação decorrente da esclerose veio em forma de uma dormência em sua mão durante apresentação em uma peça de teatro. A esclerose chegou a ser inicialmente confundida com estresse e só foi diagnosticada após exames.
De maneira geral, os sintomas iniciais da EM são: fadiga, tremor, formigamento, fraqueza muscular, visão dupla, dificuldade para falar e disfunção da bexiga e do intestino.

Dificuldade de memória pode atrapalhar muito
O motivo que fez com que Claudia se afastasse da televisão, no ano de 2009, foi a perda de memória causada pelo agravamento da doença. Em decorrência, ela não conseguia decorar suas falas para a quinta temporada de “A Diarista”, série da Rede Globo que acabou sendo cancelada.
A perda de memória é um dos sintomas mais conhecidos da esclerose múltipla, prova disso é que é normal ouvir a palavra “esclerosada” como sinônimo de “esquecido”.
Existe um tratamento promissor
O tratamento com células-tronco, feito por Claudia Rodrigues, é muito promissor. Quem tem EM pode ser beneficiado por dois tipos diferentes de transplante:
- Transplante com células-tronco hematopoiéticas: feito com células que podem se diferenciar em células sanguíneas e fazem com que o sistema imune deixe de “atacar” o sistema nervoso;
- Transplante com células-tronco mesenquimais: retiradas dos ossos, da pele ou da gordura, elas poderiam agir de duas maneiras: fazendo uma remielinização e melhorando a imunidade.
Os estudos do transplante de células-tronco hematopoiéticas em pessoas com esclerose múltipla é o tipo mais estudado e, por enquanto, só é recomendada em casos específicos segundo avaliação médica. Os resultados até agora são promissores e mostram melhora significativa da doença. No caso de Claudia, a melhora foi perceptível. Em entrevista ao site do jornal Extra, ela disse que passou a se sentir ótima após a intervenção, bem menos cansada e cheia de planos para quando a doença se estabilizar.

Surto-remissão: a principal característica da doença
A esclerose múltipla se manifesta em ciclos de surto – um momento de exacerbação de sintomas – e remissão – que é quando esse sintoma regride, deixando ou não sequelas. Os sintomas podem variar muito, desde perda de memória até dificuldade de locomoção, de acordo com o nervo que foi “atacado”.
A frequência dos surtos também varia bastante de caso para caso, sendo que algumas pessoas passam anos sem tê-los. Não se sabe exatamente o que causa os surtos, mas existem fatores que podem estar relacionados a seu desencadeamento, como calor e estresse.
Existe cura?
Infelizmente, não existe cura para a doença e, como ela tem caráter progressivo, a tendência é que ela se torne incapacitante com o passar do tempo, uma vez que as sequelas dos surtos tendem a se acumular.
No entanto, a evolução da doença pode ser diferente de pessoa para pessoa, sendo que, em alguns pacientes, a EM pode ter evolução mais benigna.
É importante manter acompanhamento médico, fisioterapêutico e com demais profissionais da área da saúde para manter-se independente por mais tempo.
Terapia com células-tronco: entenda melhor o tratamento feito por Claudia Rodrigues