Cada mulher tem a sua experiência para contar. Mas, afinal, o que realmente resolve esse drama feminino? Segundo o Dr. Pedro Octavio de Brito Pereira, ginecologista obstetra da Casa de Saúde São José e professor adjunto de Obstetrícia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), varia: “Depende se a mulher tem alguma doença ou não. Se tem apenas cólicas, vários tipos de analgésicos ou anti-espasmódicos podem ser usados. Os mais recomendados são os antiinflamatórios não-hormonais, que devem ser usados preferencialmente antes do início da cólica. Algumas mulheres se beneficiam com o uso das pílulas anticoncepcionais ou os DIUs medicados com progesterona”, observa. Mas só quem pode definir isso é o médico, de acordo com exames que mostrem as condições da paciente. É por isso que cada mulher entrevistada para essa matéria teve reações tão diferentes.
Ainda assim, vale saber um pouco mais sobre a atuação de cada um desses métodos. A pílula, por exemplo, leva a uma diminuição da espessura do endométrio – que é o tecido que recobre a parte interna do útero, que, ao descamar, leva a menstruação. Assim, o fluxo sanguíneo fica menos espesso, liberando uma quantidade menor da substância responsável pela contração do tecido uterino, a prostaglandina. A contração uterina diminui e as cólicas também. “O uso contínuo de pílulas anticoncepcionais, sem intervalo entre as caixas, leva à supressão da menstruação, causando a parada das cólicas”, explica a Dra. Maria Cecília.
A tão propagada bolsa de água quente e os analgésicos, segundo os médicos, podem e devem ser usados
O DIU (Dispositivo Intra-Uterino) também costuma ser bastante indicado para melhorar as cólicas. Mas há quem faça confusão. O de cobre, mais antigo, não tem efeito algum sobre as cólicas, pois serve somente por causa do efeito espermaticida do cobre sobre o espermatozoide, evitando a fecundação. O mais moderno contém o hormônio progesterona, que aumenta a resistência do colo do útero à passagem do espermatozoide, ao mesmo tempo em que melhora as camadas internas do útero, diminui o fluxo sanguíneo e, claro, as cólicas menstruais. Este, sim, resolve o problema. Agora, se houver alguma doença orgânica associada, é preciso fazer tratamentos bem específicos com a orientação do médico ou até passar por cirurgia.
A tão propagada bolsa de água quente e os analgésicos, segundo os médicos, podem e devem ser usados. “O ideal é não esperar ter dor e tomar remédio antes que ela apareça. Também é bom colocar a bolsa de água quente no local durante os primeiros dias, pois o calor úmido ajuda a aliviar a dor”, diz o Dr. Pedro.
Organismo em equilíbrio
A batalha anticólica não termina aí. Talvez você não saiba, mas algumas pequenas mudanças na qualidade de vida são essenciais. A começar pela alimentação, que precisa ser o mais saudável possível, com muitas frutas, verduras, legumes e grãos integrais. “Estudos mostram que a ingestão de alimentos ricos em ômega-3 e tiamina podem trazer melhora”, sublinha a Dra. Maria Cecília. A malhação também entra no cardápio como item obrigatório. “A prática regular de atividades físicas é uma das primeiras dicas que damos às pacientes que sofrem com cólicas, pois os exercícios ajudam a diminuir a intensidade das dores”, ressalta o Dr. Pedro.
Patrícia Florenzano, 34 anos, estudante de Psicologia, garante que dá certo. “Desde que comecei a fazer corrida e pilates, as dores quase sumiram”, conta. O mesmo ocorreu com a vendedora Adriana Franco, 24, que adotou as aulas de boxe para nocautear o incômodo. “A tensão diminui, a cólica também”, afirma. Hábitos como o tabagismo, o sedentarismo e o consumo de bebidas alcoólicas devem ser riscados da lista.
Então, se você anda sofrendo com a danada e acha que está mais do que na hora de dar um basta, o melhor é buscar um médico de confiança, que fará uma série de exames e determinará qual o melhor tratamento para o seu caso. “Se as dores estão impedindo a mulher de ter uma vida normal, ela não pode se acomodar à situação”, aconselha a Dra. Maria Cecília. Com um tratamento adequado e uma boa qualidade de vida, não há cólica que resista.