Ao longo da pandemia de Covid-19, vacinas convencionais foram desenvolvidas para prevenir casos graves da doença e, por consequência, reduzir internações e mortes. Atualmente, porém, uma nova geração de vacinas está para chegar – e, ao contrário dos imunizantes já conhecidos, estes não são injetáveis, mas sim em forma de sprays nasais capazes de frear o contágio já na “porta de entrada” do vírus.
Vacina de spray nasal contra a Covid-19: como funciona
Em meio ao contágio acelerado e o número alto de casos graves da Covid-19 em 2020 e início de 2021, cientistas se mobilizaram para criar e disponibilizar vacinas convencionais o mais rápido possível para frear o colapso de sistemas de saúde pelo mundo. Hoje, porém, eles estão concentrados em outro tipo de vacina: um spray nasal contra a Covid-19 que, em vez de apenas abrandar os sintomas, impede o contágio.
Enquanto as vacinas convencionais, de aplicação intramuscular, “ensinam” o organismo a reconhecer e combater o SARS-CoV-2, a médica Laís Seriacopi, infectologista do hospital HSANP, em São paulo, explica a Tá Saudável que a vacina nasal trabalha em outra “frente” deste sistema. No nariz, ela estimula o sistema imunológico da mucosa a reconhecer e eliminar o vírus que, com transmissão por vias aéreas, tem este órgão como porta de entrada.
À ” Jornal da USP“, Jorge Elias Kalil Filho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas e coordenador dos testes com a iniciativa brasileira da vacina, explicou em detalhes.
“Eu posso, mesmo vacinado [com o imunizante convencional], estar com o vírus no nariz e na boca e transmitindo. […] Se você fortalecer bastante o sistema imune ali, o vírus não penetra no organismo e não dá nem infecção, nem doença”, pontuou o especialista, afirmando que, devido à forma como o spray foi desenvolvido, é possível alterá-lo de acordo com as variantes de maior circulação.
Ao veículo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, o médico Tarik Massoud, que é professor de radiologia na universidade e está participando dos testes com outra vacina nasal contra a Covid-19, afirmou que a ideia é gerar uma resposta imunológica de longo prazo – e que, a princípio, poderá ser autoaplicada, sem necessidade de mobilizar funcionários da área de saúde para isso.
Quando chega ao público?
De acordo com o médico e professor Jorge Elias Kalil Filho, a estimativa de disponibilidade da vacina depende do estudo vencer barreiras burocráticas, como a dificuldade de transformar a ideia testada e aprovada em um produto. Ele afirma, porém, acreditar que a vacina nasal para Covid-19 estará disponível ao público em 2023.