Duas semanas após a confirmação do primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil, dois estados anunciaram a identificação de transmissão local. Agora, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro, há pacientes diagnosticados com “monkeypox” sem histórico de viagem a países com transmissão comunitária ou contato com viajantes – e, segundo autoridades em saúde, há algumas formas de se prevenir contra a doença.
Varíola dos macacos no Brasil: SP e RJ têm transmissão local
Monitorando desde o início de junho os primeiros casos confirmados de varíola dos macacos no Brasil, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmaram a Tá Saudável o início da transmissão local nos dois Estados. Em nota, os órgãos afirmaram que dois pacientes no Rio e três em São Paulo apresentam casos autóctones – ou seja, sem vínculo identificado com viajantes ou países cuja transmissão comunitária ocorre.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro afirmou que, ao todo, monitora três casos da doença, enquanto o órgão de São Paulo declarou monitorar dez. No primeiro Estado, apenas um dos casos é considerado “importado” – ou seja, caso da doença trazida de fora do País – e, no segundo, sete dos dez casos se enquadram nesta mesma categoria. Em todos os casos, os pacientes apresentam boa evolução do quadro, estão em isolamento domiciliar e são submetidos a monitoramento frequente, bem como contatos próximos.
Varíola dos macacos: como se proteger
Segundo o infectologista Ingvar Ludwig, médico do Hcor, a transmissão da varíola dos macacos é transmitida por fluidos corporais e, em geral, se pega a “monkeypox” a partir de contato bem próximo e prolongado com alguém que tenha a doença. Isso inclui, por exemplo, contatos íntimos como relações sexuais (devido a uma maior exposição à saliva e a eventuais lesões cutâneas), a convivência diária e próxima e a interação entre profissionais da saúde e pacientes (devido às altas chances de contato com sangue, gotículas respiratórias e outras secreções).
Conforme cita o médico, mães também podem transmitir a doença a seus bebês durante a gravidez por via placentária – e, há algumas semanas, cientistas estudam ainda a possibilidade de transmissão via sêmen em relações sexuais.
Sendo assim, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a única orientação geral para a prevenção da varíola dos macacos é a de limitar o contato com pessoas que tenham um quadro suspeito ou confirmado da doença. Isso porque, apesar de ser transmitida por gotículas de saliva, é preciso um contato próximo com uma pessoa que tem o vírus no organismo. Ao contrário da Covid-19, não basta, por exemplo, estar por alguns minutos no mesmo local que alguém que está transmitindo a doença.
Por este motivo, o uso geral de máscaras em locais como aviões, ônibus e mais, não tem sido recomendado por autoridades em saúde quando o intuito é prevenir a “monkeypox”. Quando há necessidade de se ter contato próximo com casos conhecidos, porém, a máscara e outros equipamentos de proteção individual (EPIs) são indicados. Segundo a OMS, as orientações sobre como prevenir a varíola dos macacos nestas situações são:
- Usar máscara cirúrgica caso seja necessário ter contato próximo como uma pessoa diagnosticada com a infecção (especialmente se ela estiver tossindo e tiver lesões na boca);
- Orientar a pessoa diagnosticada a usar máscara cirúrgica e, se possível, cobrir as lesões em sua pele caso tenha de ter contato com outra pessoa;
- Usar luvas descartáveis caso haja necessidade de tocar a pele lesionada de uma pessoa com a doença;
- Usar máscara cirúrgica e luvas ao manipular itens pessoais (como roupas de cama e toalhas) de uma pessoa diagnosticada caso ela não possa fazê-lo sozinha;
- Lave as mãos com água e sabão regularmente e use álcool em gel para higienizá-las quando houver necessidade (especialmente após contato com uma pessoa diagnosticada);
- Lave as roupas usadas pela pessoa com água quente e sabão próprio;
- Limpe as superfícies contaminadas com álcool.
Ao notar sintomas da varíola dos macacos, como febre, dores musculares e, especialmente, aumento dos gânglios no pescoço e erupções cutâneas, é indicado buscar uma unidade de saúde.