Nos últimos anos, Pedro Neschling, filho da atriz Lucélia Santos, passou a se abrir sobre algo bastante incomum que aconteceu com ele. Já na juventude, ele perdeu a audição – e, mesmo sob investigação, a questão segue sendo um mistério para os médicos, algo que faz tanto ele quanto a mãe falarem sobre o assunto em forma de alerta para amenizar o estigma e incentivar a busca por auxílio especializado.
Filho de Lucélia Santos perdeu a audição na adolescência: conheça a história
Em 2019, Pedro Neschling, filho da atriz Lucélia Santos, usou o Instagram para falar de forma mais aberta sobre a surdez descoberta por ele já na juventude. Conforme explicou na época, ele passou anos ignorando a perda auditiva que o fez deixar de escutar especialmente sons agudos – e, agora, tanto ele quanto a mãe usam a voz para fazer um alerta à sociedade.
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Desde o início, Pedro deixou claro que o estigma em torno da surdez foi justamente o que o levou a evitar a investigação. “Ao longo da vida eu me recusava a encarar a verdade: que eu precisava usar aparelho auditivo. Não por preconceito, porque juro que nunca vi qualquer problema nisso. Mas tampouco entendia que isso pudesse ser normal, como usar óculos é”, escreveu ele, que passou a usar aparelhos auditivos em 2015, após anos “sofrendo as consequências sociais de não escutar normalmente”.
Hoje, sete anos após começar a aderir ao uso deste mecanismo, ele lida de forma tranquila com a questão, mas segue aberto sobre os problemas em torno disso. “A surdez é uma deficiência invisível. Você não olha pra um surdo e entende visualmente que aquela pessoa na sua frente, aparentemente com tudo igualzinho a você, tem uma deficiência que atrapalha muito seu cotidiano. Quando eu digo para os outros que sou surdo, muita gente ri achando que é piada – não por maldade, mas por não conceber isso como uma possibilidade”, comentou ele em outra postagem.
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Além disso, ele já desabafou também sobre como os aparelhos auditivos não são uma solução “mágica” que traz de volta a audição. “[É] uma saga que só quem vivencia entende: o ajuste desses bichinhos. Os aparelhos amplificam as frequências específicas que a pessoa não ouve. […] Se você veda demais meu ouvido para que seja possível aumentar meus agudos, eu perco os graves naturais. Se deixar muito aberto, a amplificação dos tais agudos não atinge o máximo de performance”, pontuou.
Junto do filho, inclusive, Lucélia também passou a falar sobre o assunto de forma a desmistificar e alertar. “A surdez do Pedro é um grande mistério para ele e para mim. Ele não tinha problemas até a adolescência. Isso surgiu depois, na juventude. Até hoje nós não conseguimos imaginar como foi que isso ocorreu, quais foram as causas. O desenvolvimento foi muito rápido”, comentou a atriz recentemente em entrevista à colunista Patrícia Kogut, detalhando as dificuldades da surdez e seu diagnóstico.
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“É uma coisa muito séria, um alerta para todas as pessoas. Não é brincadeira. Hoje, ele usa aparelhos auditivos nos dois ouvidos. E como ele é uma pessoa engajada, sensível e inteligente, decidiu usar essa questão para alertar as pessoas que estiverem passando pelo problema. Inclusive, em crianças, é muito difícil detectar. É o que ele diz: é invisível. Não se consegue detectar até que aquilo gere algum problema. É bem dramática essa questão”, pontuou.
Junto do alerta, porém, Pedro também frisa o apoio a quem passa pelo mesmo que ele e a necessidade de que outras pessoas também normalizem esta questão. “Por que eu vim aqui falar sobre isso? Só pra quem passa pelo mesmo que eu se sentir abraçado. A surdez é muito solitária. E também pra você que vive sem deficiências ter paciência e empatia quando encontrar com alguém que tem. Nós estamos sempre nos esforçando pra viver integrados num mundo que liga muito pouco pra tudo que foge do padrão”, disse.
Perda súbita de audição: o que se sabe?
De acordo com a Associação Americana de Perda Auditiva (HLAA), a perda auditiva neurossensorial súbita (conhecida como PANS) e caracterizada pela perda da audição de forma rápida e sem causas aparentes. Em geral, ela tende a afetar um dos ouvidos e é mais comum em pessoas entre os 40 e os 50 anos – mas, em alguns casos, ela pode afetar ambos os lados e ocorrer fora desta faixa etária.
É comum, segundo o órgão, que a perda auditiva ocorra de uma vez ou ao longo de alguns dias, e o problema é geralmente notado pela manhã ou quando a pessoa tenta usar o ouvido prejudicado (para falar ao celular, por exemplo). Além disso, também é frequentemente relatada a ocorrência de um barulho alto como uma espécie de estalo logo antes da audição desaparecer.
Apesar de afetar uma a cada 5 mil pessoas todos os anos, segundo estimativas do órgão, nem sempre é possível encontrar as causas do problema. Infecções, traumas físicos, doenças autoimunes, tumores, problemas neurológicos e uso de certas medicações podem gerar o problema – mas, de acordo com a HLAA, apenas 10 a 15% dos pacientes com PANS têm uma causa identificável.
Em geral, pessoas que notam perda súbita de audição tendem a adiar a investigação do problema por acharem que ele se deve a alergias, sinusite ou excesso de cera no canal. A instituição frisa, porém, que este problema deve ser considerado uma emergência médica, e que a busca rápida por tratamento aumenta as possibilidades de reversão do problema (algo que tende a acontecer com metade dos pacientes de forma parcial ou total).
Ao notar que conversas passaram a soar como sussurros (um exemplo da HLAA para a perda de 30 decibéis na audião, algo que indica a ocorrência da PANS), é indicado buscar auxílio especializado o quanto antes.