Atualmente, no Brasil, existe uma vacina contra a dengue já pronta para uso, produzida pelo laboratório Sanofi Pasteur, e outra ainda em produção, pelo Instituto Butantan. O desenvolvimento da imunização pode ser a resposta para uma doença que acontece de forma contínua no Brasil, mas como ela realmente afetará a saúde da população? Tudo dependerá da forma que ela será distribuída.
Vacina da dengue hoje: como ela é distribuída
A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, explica que a dengue é uma necessidade médica não atendida, pois não há um anti-viral eficaz e o combate ao vetor é difícil.
Esses são critérios que colocariam o desenvolvimento de uma vacina contra a doença como prioridade. Mas como ela, de fato, impactaria na saúde da população caso o Sistema Único de Saúde, o SUS, optasse por distribuí-la?
Até o momento, ela é distribuída apenas por clínicas e centros de imunização particulares, mas estuda-se a possibilidade de ampliá-la para o SUS. O valor desembolsado por cada uma das três doses necessárias é alto: varia de R$ 132 a R$ 138. Esse é o preço determinado pela Anvisa ao laboratório. Para o consumidor final, o investimento pode ser ainda maior, chegando até a R$ 400.
A exceção fica por conta do Estado do Paraná, cujo Governo adquiriu doses para distribuir gratuitamente à população.
Impacto da vacina da dengue no SUS

O pesquisador Denizar Vianna Araújo, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e coordenador do grupo de estudos econômicos e financeiros da OPAS (Organização Pan Americana de Saúde), fez um estudo para estimar o impacto da vacina da dengue sobre a incidência da doença.
Através de modelos matemáticos, seus estudos chegaram à conclusão de que, caso fosse implementado no Brasil um programa público de vacinação contra a dengue para pessoas com idade entre 9 e 40 anos, haveria uma redução de 81% dos casos da doença em 5 anos.
Ainda não é possível determinar se a vacinação gratuita conseguiria cumprir o objetivo de erradicar a dengue a longo prazo, mas há uma boa perspectiva de que ela será eficaz para reduzir drasticamente os casos nos primeiros anos.
Como os estudos sobre a vacina da dengue, até agora, tiveram um seguimento de 5 anos, sabe-se apenas que os efeitos da vacina permanecem durante esse período. Os participantes da análise continuam sendo acompanhados e, portanto, em breve, haverá mais informações sobre o tempo de efeito da vacina.
Por que é importante reduzir a dengue?
No Brasil, a dengue acontece de forma contínua desde o ano de 1986. A incidência segue uma tendência quase que prioritariamente crescente desde então. No primeiro semestre de 2016, foram notificados 1,4 milhão de casos de dengue, 639 acometimentos graves e 419 óbitos causados pela doença. No ano de 2015, houve 1,5 milhão de casos.
Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros estimou os gastos em saúde pública causados pela dengue. De acordo com o levantamento, os casos tratados ambulatorialmente geram custo médio de US$ 220, enquanto as internações custam no máximo US$ 440.

Em um panorama mais amplo, o Governo gastou entre US$ 468 milhões e US$ 1,2 bilhão* (se considerados os casos não registrados oficialmente de dengue) entre setembro de 2012 e agosto de 2013 para tratar a doença.
Impacto da vacina da dengue na rede particular
O professor Denizar explica que, caso a vacina da dengue permaneça disponível apenas na rede particular de saúde, apenas uma parcela muito pequena da população será vacinada. Como consequência não haverá impacto em termos de controle da doença na população ou diminuição da taxa de infecção.
*Os valores foram inicialmente calculados em real e posteriormente convertidos para o dólar em 20 de novembro de 2013, quando a cotação da moeda americana estava em R$ 2,27.
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