Queimaduras de pele aumentam com uso do álcool gel: é muito simples prevenir

por | maio 11, 2020 | Saúde

Com a pandemia de COVID-19, o uso do álcool em gel para se fazer higiene das mãos e do álcool líquido para a limpeza de ambientes e objetos aumentou – e, junto com isso, também tem aumentado o número de queimaduras por acidentes relacionados a essa substância. Isso porque, apesar de indicado para a desinfecção da pele e de ambientes, a segurança do hábito depende de alguns cuidados.

Queimaduras aumentam após maior uso de álcool 70%

Em março deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) flexibilizou a comercialização de álcool a 70% devido aos esforços para frear a contaminação por COVID-19, mas, desde então, hospitais têm notado um aumento bastante expressivo no número de pessoas que buscam atendimento após sofrer queimaduras.

De acordo com o “ Jornal da USP”, veículo da Universidade de São Paulo, a Unidade de Queimados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (HC-FMRP) já registrou, neste ano, um número três vezes maior de casos de queimaduras do que o mesmo período do ano passado – e a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), afirmou recentemente que este crescimento é algo geral.

Para José Adorno, presidente do órgão, a flexibilização das normas para comprar álcool e o crescente número de queimaduras estão ligados. “Muitas vezes, [as pessoas] passam o álcool 70% no corpo e no rosto, como se fosse um creme hidratante, e chegam perto de chamas”, afirmou ele em uma entrevista ao “Jornal da Record” (TV Record) reproduzida no site da SBQ.

Álcool em gel: como usar de maneira segura

Segundo Leonardo Abrucio, dermatologista da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo, o álcool é uma substância inflamável extremamente explosiva que queima rapidamente a pele. Conforme explica, como a versão líquida se espalha com mais facilidade e é mais “pura” que a em gel, ela oferece mais riscos, mas ambas requerem cuidados na hora de usar e de armazenar.

Desta forma, não é necessário suspender o uso de álcool gel, apenas atentar-se para:

  1. Evitar contato com fogo após aplicar o produto nas mãos ou mesmo embalagens (não utilizá-lo antes de cozinhar, por exemplo);
  2. Supervisionar o uso por crianças, orientando-as e não disponibilizando o produto livremente a elas;
  3. Não deixar embalagens do álcool próximas a locais com fogo, como fogões e lareiras;
  4. Utilizar o produto apenas nas mãos, nunca levando o líquido ao rosto e outras partes do corpo;
  5. Sempre que possível, preferir lavar as mãos com água e sabão em vez de utilizar o álcool.

Sobre o último cuidado listado, o médico afirma que o álcool em gel é um produto de uso excepcional, mais apropriado para quando a pessoa está fora de casa e não tem acesso a água e sabão. Em casa, o mais apropriado, segundo ele, é apostar em lavar as mãos constantemente. “A limpeza das mãos com água e sabão é mais efetiva do que a do álcool em gel, além de ressecar menos a pele e não provocar irritação”, acrescenta.

Álcool na limpeza: como substituir

Assim como já havia recomendado o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o médico afirma que é possível trocar o álcool 70% por outro produto quando o assunto é limpeza de ambientes e superfícies. “A água sanitária – hipoclorito de sódio – pode ser utilizada em substituição ao álcool para a limpeza de superfícies e para desinfetar a casa”, afirma Abrucio.

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