Após Wesley Safadão ser afastado dos palcos devido a dores debilitantes nas costas, a equipe do cantor usou as redes sociais para se pronunciar sobre o diagnóstico dele. Ao buscar atendimento para o desconforto, que tem atrapalhado sua respiração e até “alterou” o formato de seu tórax, foi identificada uma espondilodiscopatia lombar associada a hérnia de disco com compressão dos nervos – quadro que, segundo médicos, pode gerar desde dor até incontinência fecal e urinária.
Wesley Safadão é hospitalizado após dores nas costas
Nos últimos dias, o cantor Wesley Safadão preocupou os fãs ao descrever fortes dores nas costas que vinha sentindo. Em vídeos, ele já havia aparecido sendo amparado pela esposa, Thyane Dantas, para andar – e, após um show no qual foi particularmente difícil se apresentar devido à dor, ele contou ter “travado” a coluna ao se abaixar para erguer um balde alguns dias antes. “Gente, eu chorei, saía lágrima, é muita dor. Para [me] sentar é ruim, para respirar é ruim”, disse.
Caramba !! Cantor Wesley safadao, está sofrendo com dor na coluna. pic.twitter.com/eUhZzCYBYd
— 𝕤𝕖𝕓𝕒𝕤𝕥𝕚𝕒𝕟 𝕓𝕒𝕣𝕓𝕠𝕤𝕒 (@sebastian_barbs) June 25, 2022
Apesar de se sentir melhor quando está em pé, o cantor mostrou, na ocasião, que não consegue manter a postura normalmente devido à dor. “Estou querendo ficar reto, mas olha como é que está minha coluna. Está para lá”, disse Safadão, cuja imagem no espelho mostra seu torso inclinado de forma enrijecida para um dos lados.
Após não apresentar melhora na dor, o cantor teve de buscar auxílio médico e cancelou, por isso, parte de sua agenda. Nas redes, a equipe de Safadão então informou que o cantor passou por um procedimento visando reduzir a dor após ser diagnosticado com espondilodiscopatia lombar associada a hérnia de disco e compressão dos nervos. Agora, segundo o comunicado, ele está repousando e se recuperando bem.
O que é o problema que Safadão tem na coluna?
Conforme explica o neurocirurgião especialista em coluna Cezar Augusto Alves de Oliveira, chefe das equipes de neurocirurgia dos hospitais Sírio-Libanês e Hcor e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), a espondilodiscopatia é uma alteração degenerativa da coluna que envolve comprometimento tanto da parte óssea desta estrutura quanto dos discos (estruturas cartilaginosas que absorvem impacto e permitem a movimentação).
Apesar da tendência a ocorrer em consequência de idade avançada e desgaste natural do corpo, o problema também aparece em pessoas jovens e, ainda segundo o neurocirurgião Cezar Augusto, pode ter diferentes causas. Em geral, quando a espondilodiscopatia degenerativa aparece cedo, está ligada a falta de atividades físicas, falta de exercícios que trabalham os músculos corretos para dar sustentação à coluna ou até a uma característica genética do paciente.
De acordo com a nota sobre o diagnóstico de Wesley Safadão, o cantor tem ainda uma hérnia de disco, problema que não faz, necessariamente, parte do quadro de espondilodiscopatia, e que afeta os discos intervertebrais. Conforme um disco se desloca, desgasta ou resseca por fatores como idade avançada, predisposição genética ou trauma local, o núcleo cartilaginoso dele tende a se deslocar para fora dele, podendo ou não gerar dor. Problema comum, a hérnia de disco já afetou outros artistas, como as cantoras Anitta e Ludmilla.
Por último, é mencionada também a compressão de nervos – e esta é uma questão delicada do quadro. De acordo com o também neurocirurgião Marcelo Amato, diretor do centro cirúrgico do Amato Hospital Dia e especialista em endoscopia de coluna e cirurgia minimamente invasiva, quando os nervos localizados na região afetada são comprimidos, a dor é apenas o primeiro de diversos sintomas incapacitantes que podem aparecer.
“Dependendo do grau de comprometimento deste nervo, pode aparecer perda de sensibilidade, geralmente percebida como dormência, formigamento ou choques. Em casos mais graves, também pode ocorrer perda de força. Se o problema é na coluna torácica ou lombar, a perda de força vai ser percebida nas pernas e nos pés, e outro sinal de alerta é a perda da capacidade de controle da urina e das fezes”, afirma o médico, também membro da SBN.
Tratamento
De acordo com os dois médicos, o tratamento de um quadro assim depende do quão severos são os sintomas e da resposta deles a medicmentos. “Se o único sintoma for dor e ela puder ser controlada com medicamentos e fisioterapia, é possível insistir nesse tratamento por algumas semanas. Já se a dor for incapacitante e não melhorar em cerca de seis semanas, ou se houver comprometimento grave do nervo, com perda de sensibilidade, força e outras funções neurais, o tratamento cirúrgico precisa ser considerado”, pontua o neurocirurgião Marcelo Amato.
Além disso, conforme explica o especialista em coluna Cezar Augusto, há casos em que uma simples mudança de hábitos e orientações médicas corretas podem sanar o problema – mas isso depende do quão precoce é o diagnóstico. “O que precisa mesmo é não deixar passar o tempo, não deixar chegar no último estágio, quando há dificuldade de se mexer. A dor apareceu? Busque um médico. Às vezes uma cirurgia quando você já está com déficit motor pode nem resolver”, conclui.
