Por quê ficamos entediados?

Por quê ficamos entediados? A resposta foi alvo de um estudo, pelos departamentos de Ciência e Neurociência, das universidades americanas York, Ghelph e Waterloo. Conduzido pelo cientista, John Eastwood, o estudo buscava entender os processos mentais que nos leva a esta sensação. O objetivo da avaliação era buscar a razão precisa, já que até então, só havia modelos teóricos.

Desconforto trivial, ou situação crônica?

O tédio, ou o sentir-se aborrecido, é visto como uma situação circunstancial. Uma sensação temporária, que pode ser alterada com um simples mudar de ambiente, ou de perspectiva. Não é bem assim. Há pessoas que sofrem estresse crônico por conta do tédio, num estado latente que gera sérias consequências para o bem-estar.

O mais relevante em termos de efeitos colaterais nocivos é o tédio no trabalho. Esse fator pode levar a falta de interesse, e consequente falta de atenção, comprometendo a qualidade do serviço, ou da execução do labor, e em alguns casos, colocando em risco a segurança de outras pessoas. Bons exemplos são os setores de vigilância, médico-hospitalar e claro, condutores de veículos. O pior é que no nível de comportamento, o tédio está associado com a falta de controle de impulsos, ou abuso de drogas e álcool. O dito “ entediado de morte” não é por acaso. Pois quando chega-se ao extremo, alertam os cientistas, este pode ser o resultado sombrio.

Já avaliada sua relevância, e o quanto pode afetar o comportamento/vida de um ser humano, o estudo científico ainda precisa de maior embasamento para apresentar uma definição concreta do por quê muitos acabam com essa sensação, independente de sua intensidade. Os pesquisadores, todavia, antecipam uma definição: “ Trata-se de um estado aversivo do querer, ou o ser impotente para exercitar uma atividade satisfatória“. A conclusão vem do resultado de que o tédio tem origem em falhas numa das redes cerebrais, no campo destinado a atenção.

Os sintomas foram identificados como falta de atenção, ou dificuldade em assimilar a informação interna, ou seja, dos próprios pensamentos. A falta de resposta aos estímulos ambientais externos também é tido como sintoma. Quando a falta de interesse predomina, e culpamos o ambiente ao redor, estamos entediados. Dizer que isso “é chato”, ou “não há nada interessante para fazer”, são as reações verbais mais típicas.

O estudo publicado no periódico Perspectives on Psychological Science, indica que por enquanto, quem sofre com o tédio, principalmente numa escala mais grave, deve-se recorrer a terapias para contornar este estado de ânimo. Para novos resultados, há a intenção de integrar a neurociência cognitiva, e as psicologias social e clínica. Somente depois de um estudo com a fusão destes 3 campos é que será possível determinar a razão específica que leva o tédio a dominar nossas atitudes.