A cantora Barbra Streisand sofre há décadas com uma condição chamada tinnitus, popularmente conhecida como “ zumbido no ouvido”. Apesar de parecer inofensiva à primeira vista, a alteração pode, a longo prazo, causar um grave esgotamento mental. De acordo com o site norte-americano de celebridades Radar Online, Barbra estaria em franco sofrimento por conta da condição que, no seu caso, teria sido causada por um vírus.
Barbra Streissand tem tinnitus
Em 1985, a cantora norte-americana Barbra Streisand disse à apresentadora Barbara Walters que, desde os 9 anos de idade, sofria com ruídos em seus ouvidos. “Estava na sexta série quando comecei a ouvir esses barulhos estranhos, eu colocava lenços ao redor da minha cabeça para tentar bloqueá-los, mas eles tornavam os sons ainda mais altos”.
De acordo com o site norte-americano de celebridades Radar Online, Barbra teria contraído um vírus quando criança que deixou um ruído em seu ouvido que só ela pode ouvir, um acometimento chamado tinnitus.
Ainda de acordo com a publicação, a condição estaria piorando com a idade e causando surtos de irritabilidade. “É irritante e eu quero ouvir o silêncio”, teria dito a cantora.
Uma fonte anônima teria dito ao Radar Online que Barbra está “profundamente angustiada pelo tormento sem fim causado por sua condição, que atormenta toda sua vida”.
O que é tinnitus?
De acordo com o otorrinolaringologista Jamal Azzam, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, o tinnitus é o mesmo que “zumbido no ouvido”. Trata-se de um barulho, uma sensação sonora. “A pessoa está ouvindo esse som, mas quem está ao redor não ouve, o ruído está sendo criado dentro do indivíduo”, explica.
Geralmente, é no órgão auditivo chamado cóclea – popularmente conhecido como caracol do ouvido – que este som é criado. “Essa estrutura, normalmente, recebe as ondas sonoras de fora e transforma essas ondas em impulso elétrico que vai para o cérebro, onde é interpretado como som. Quando existe um problema na cóclea, mesmo sem receber estímulo de fora, ela produzirá um impulso elétrico, que o cérebro entenderá como som; isso é o ‘zumbido’”, explica o especialista.
O barulho pode ser percebido de centenas de formas diferentes: pode ser um chiado, um apito, um ruído de panela de pressão, uma pulsação ou até um ruído de asa de borboleta. No caso de Barbra, o barulho seria semelhante a um tilintar.
Vírus causador
Cerca de 90% dos casos de tinnitus são acompanhados de perda auditiva, que pode ter inúmeras causas, mas tem nas infecções virais o principal gerador, especialmente nas crianças.
Os agentes mais comuns são o vírus da rubéola, o citomegalovírus, os vírus da herpes e os vírus da caxumba e do sarampo. “Neste ano, a Fiocruz provou que o Zika vírus também pode causar surdez por causa de alterações na cóclea em 6% das crianças cujas mães foram infectadas durante a gravidez”, explica Jamal. “Essas crianças que têm perdas auditivas muito provavelmente terão zumbido também”.
Outras causas
Outro gerador comum do tinnitus são as Perdas Auditivas Induzidas por Ruído, ocorridas especialmente em adolescentes que abusam do som em fones de ouvido ou em baladas. “A rigor, o que acontece é que os fones de ouvido atuais não vedam completamente a entrada de sons externos”, explica o otorrinolaringologista. “Você põe o fone pequeno no ouvido, aí você ouve o barulho externo e, portanto, aumenta o volume da música. Seu ouvido vai ouvir os dois sons, o que acaba sobrecarregando a cóclea e predispondo fortemente as lesões auditivas e o zumbido”.
O especialista conta ainda que um estudo publicado na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, em 2015, mostrou que a prevalência de zumbido na população adulta da cidade de São Paulo chega a 22%, um número altíssimo. O motivo seria a poluição sonora da cidade associada à má alimentação e estresse, um importante potencializador do tinnitus.
Piora do quadro: por que acontece?
Com o envelhecimento, existe uma degeneração natural da cóclea. As pessoas mais idosas tendem a ter uma perda auditiva. Quando a idade avançada – Barbra Streissand está com 74 anos – é somada à virose, há um aumento nas chances de se ter zumbido ou de ele se tornar mais grave.
Consequências graves
O tinnitus tende a ser sentido mais durante a noite, quando existe o silêncio e o barulho externo deixa de competir – e fazer um mascaramento – do zumbido. “Os indivíduos que sofrem de zumbido têm grande chance de piorar seu estresse e ter transtornos do sono, o que provoca um imenso impacto na qualidade de vida”, explica o especialista.
Em muitos casos, ele pode causar depressão e existe, também, um índice alto de suicídio causado pelo zumbido. “As pessoas não aguentam”, comenta Jamal Azzam, referindo-se ao alto nível de sofrimento causado pelo acometimento.
Existe cura?
O otorrino Jamal Azzam explica que o mais importante é que as pessoas saibam que a medicina pode ajudar quem tem tinnitus. “Infelizmente, muitos ouvem que não tem cura e acabam abandonando a busca pelo tratamento”, conta. “As pessoas não devem ficar desenganadas e devem, sim, buscar ajuda médica”.
Existem dois tratamentos principais disponíveis atualmente. O mais tradicional é feito com medicamentos, mas existe um método moderno que, segundo Jamal, está rendendo ótimos resultados.
Trata-se do uso de aparelhos auditivos especiais que por fora são iguais aos aparelhos de surdez, mas por dentro têm uma programação diferente, que emite um som na mesma frequência do zumbido, mas em uma intensidade um pouco menor. “Isso estimula uma neuroplasticidade do Sistema Nervoso Central e gera uma adaptação da pessoa ao zumbido”, finaliza.
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