Com frequência, artistas utilizam questões pessoais para contar histórias na TV e cinema. Foi o que aconteceu com a atriz e comediante Amy Schumer, que resolveu criar em sua nova série, “Life & Beth”, um retrato sincero do distúrbio com que lida desde a infância: a tricotilomania. A atriz resolveu mostrar a realidade de quem sofre com o transtorno, que envolve a compulsão de puxar e até arrancar os próprios cabelos.
Amy Schumer revelou sofrer de tricotilomania
Amy Schumer usou sua nova série para retratar um pouco do enfrentamento a tricotilomania. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, a atriz contou que tem sido uma espécie de catarse enfrentar a vergonha e medo de sua condição através da série.
“Acho que todos têm um grande segredo e esse é o meu”, disse Schumer. “É algo que carreguei com tanta vergonha por tanto tempo”. Apresentando sintomas desde adolescente, a atriz chegou a usar perucas na escola para esconder as falhas criadas pelo arrancar de mechas.
Amy ainda luta contra a compulsão por puxar cabelos, mas hoje faz acompanhamento psicológico. Ela também tem medo que o filho de três anos manifeste a mesma condição. “Toda vez que ele toca a própria cabeça eu tenho um ataque cardíaco”.
Schumer foi parabenizada por instituições de saúde americanas pelo retrato “respeitoso de uma pessoa enfrentando a tricotilomania”. Para a comediante, falar sobre o distúrbio foi como tirar um peso de suas costas. “Colocar isso para fora (…) aliviou um pouco da minha vergonha e talvez, com sorte, possa ajudar outras pessoas”.
O que é a tricotilomania?
A tricotilomania é uma condição que envolve a compulsão de puxar os cabelos, comportamento que acaba resultando em falhas no couro cabeludo.
Além do cabelo, áreas como os cílios e sobrancelhas também podem ser afetadas pela compulsão. Segundo a Cleveland Clinic, em adultos, o distúrbio é mais comum em mulheres do que homens.
A causa exata da tricotilomania não é conhecida, porém, acredita-se que envolve tanto fatores biológicos como comportamentais. O risco de desenvolvimento da doença pode ser maior em pessoas com parentes que também enfrentam o mesmo distúrbio, que sofram de depressão ou Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
O excesso de estresse e eventos traumáticos costumam ser fortes gatilhos da condição, que pode começar a se manifestar de formas mais leves, no enrolar de cabelos com os dedos, ao comer cabelo ou puxões mais leves.
Em casos mais severos, a tricotilomania pode levar a infecções no couro cabeludo, danos na pele da região afetada e perda permanente de cabelo. Além dos fatores físicos, a compulsão também pode desencadear outros problemas psicológicos, especialmente falta de autoestima.
Diagnóstico e tratamento
Não há um teste específico para diagnosticar a tricotilomania. Entretanto, se há a suspeita do distúrbio, é recomendado que a pessoa passe por um psiquiatra ou psicólogo especialista na condição.
Esses profissionais poderão, por meio de uma conversa e avaliação com o paciente, verificar se há um impulso para transtornos compulsivos e qual a melhor forma de tratá-lo.
O principal tratamento para a tricotilomania é a terapia chamada “reversão de hábitos”, uma abordagem onde a pessoa que sofre o distúrbio aprende a identificar gatilhos da compulsão e pratica técnicas de relaxamento para evitar crises. Em adição à terapia, medicações também podem ser recomendadas pelo médico, dependendo de cada caso.