Pouco tempo após o Ministério da Saúde anunciar o fim do último surto de febre amarela, que atingiu 777 pessoas, a doença voltou à tona pela descoberta de macacos infectados com o vírus em diversas áreas verdes do estado de São Paulo. Até agora, foram fechados mais de 15 parques, como o Ecológico do Tietê, Anhanguera, Cantareira e o Horto Florestal.
Em consequência, a vacinação contra a doença, que começou em áreas da Zona Norte da capital após os primeiros casos de primatas mortos, está sendo realizada em mais de 15 municípios e dois bairros da Zona Leste de São Paulo.
O secretário estadual da Saúde, David Uip, ainda afirma que há planos para ampliar a vacinação para todo o estado em 2018.
A seguir, entenda mais sobre a doença e sua imunização:
É preciso se preocupar com o novo ciclo?

Segundo a alergista Ana Karolina Marinho, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), os recentes casos dos macacos infectados não são motivo para pânico.
“É importante tomar a vacina, especialmente quem vive em áreas onde foram registrados casos da doença, mas não é necessário correr”, explica.
Doença em macacos representa risco para humanos?
A febre amarela é transmitida somente pela picada de mosquitos infectados. Na América Latina, há três espécies que hospedam o vírus: Haemagogus, Sabethes e Aedes aegypti. As duas primeiras têm hábitos silvestres, ou seja, vivem em matas e florestas. Já a terceira é urbana.
A infectologista Lucy Cavalcanti Vasconcelos, membro da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), afirma que a febre amarela em macacos está relacionada aos mosquitos selvagens, que não sobrevivem em áreas urbanas.
“O grande risco seria se uma pessoa fosse picada pelo mosquito selvagem infectado, viajasse até a zona urbana e fosse picada pelo Aedes aegypti“, explica, lembrando que o inseto passa a transmitir a doença assim que entra em contato com sangue infectado.
Felizmente, isso não ocorreu, o que diminui a necessidade de preocupação, mas aumenta a de prevenção.
Sintomas de febre amarela

Segundo a infectologista Lucy Cavalcanti Vasconcelos, o paciente pode demorar de 3 a 6 dias para apresentar sinais após a contaminação, mas há aqueles que permanecem assintomáticos.
Para outros, pode haver sintomas como:
- Febre alta
- Dor de cabeça
- Mal-estar
- Calafrios
- Fadiga
- Dores pelo corpo
- Enjoo
- Vômito
Apesar de parecer grave, a maioria dos infectados se recupera em até uma semana após o início dos sintomas e ainda fica imunizada, visto que a doença não se repete em quem já a apresentou.
Sintomas mais graves

Alguns pacientes podem desenvolver manifestações graves:
- Icterícia (amarelamento dos olhos e da pele)
- Cansaço intenso
- Hemorragias
- Insuficiência hepática e renal
Complicações
Caso a doença se apresente de forma grave, podem surgir complicações pela febre amarela, como hemorragia generalizada, encefalite e dano ao coração.
O infectologista Robert Rosas, professor no Centro Universitário São Camilo, afirma que metade dos casos graves da doença terá desfecho fatal e a outra se curará.
Quando se vacinar?

A única forma eficaz de prevenção é a vacina, tão eficaz que apenas uma dose evita a doença pela vida toda.
Ela é indicada para pessoas entre nove meses e 59 anos que vivem ou viajarão para regiões de risco.
Contraindicação
Já a contraindicação para a vacina estende-se a pacientes que podem não reagir bem perante o vírus vivo e atenuado, desenvolvendo efeitos colaterais ou simplesmente não ficando imunizados.

Neste grupo, encontram-se idosos, crianças abaixo de seis meses, pacientes imunodeprimidos (por doenças ou tratamentos), gestantes, pacientes com câncer e mulheres que amamentam bebês de até seis meses.
Como o vírus é cultivado na clara de ovo, quem tem alergia a ovos também não pode tomar a dose.
Pessoas de tais perfis que habitam regiões de risco devem consultar um médico para avaliar se os benefícios da imunização ultrapassam os riscos.
Vacina de febre amarela
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