
De acordo com um estudo recente realizado pela farmacêutica Bayer junto da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), mais da metade das brasileiras optam por algum tipo de pílula anticoncepcional para prevenir uma gravidez – mas, na prática, a eficácia dela não é tão alta como a bula indica.
É o que diz a ginecologista e membro da diretoria da Febrasgo Ilza Monteiro, que ainda alerta: apesar de pílula e DIU terem a mesma taxa de eficácia na teoria, o dispositivo intrauterino apresenta risco de falha 27 vezes menor na prática.
Pílula anticoncepcional: como funciona
Com diversos tipos diferentes de princípio ativo e atuação, as pílulas anticoncepcionais têm uma função: inibir a ovulação para que a mulher não entre no período fértil durante seu ciclo. Quando isso acontece conforme o planejado, a mulher não libera óvulos e, como a fecundação depende tanto deles quanto dos espermatozoides, a gravidez não ocorre.
Para que isso aconteça, no entanto, a mulher deve ser regrada quanto à ingestão do remédio, já que, caso ela se esqueça de tomá-lo no dia ou até hora certa, o processo fica comprometido e ela pode engravidar se não estiver fazendo a combinação de dois métodos – como, por exemplo, complementar a ação da pílula com o uso da camisinha durante as relações sexuais.

Eficácia da pílula é menor na prática
Desde a camisinha até o chip anticoncepcional, todos os métodos contraceptivos podem falhar. No caso específico da pílula, porém, a eficácia depende não apenas do índice de segurança do método, mas também do comportamento da mulher, o que, segundo Ilza, faz com que as chances de falha aumentem na prática.
Tanto o DIU quanto a pílula são eficazes na prevenção da gravidez em 99,7% dos casos – mas isso considerando o uso perfeito dos métodos, ou seja, um DIU devidamente implantado e a ingestão da pílula sem interferências. Na prática, no entanto, as coisas mudam e, enquanto o DIU não sofre variações em sua ação, a eficácia da pílula cai para 92%.
Em outros números, isso significa que o risco que uma mulher tem de engravidar tomando pílula é 27 vezes maior que o de engravidar usando DIU – algo que, conforme explica Ilza, tem relação com algo que nunca deixa de acontecer: o esquecimento na hora de tomar o remédio corretamente.
Segundo o estudo da Bayer e Febrasgo, 47% das brasileiras consultadas costumam se esquecer de tomar a pílula, e quase um terço delas havia se esquecido do remédio de uma a duas vezes nos três meses que antecederam a pesquisa. Além do esquecimento, há também o fato de que alguns medicamentos cortam seu efeito, bem como episódios de diarreia e vômito até quatro horas após sua ingestão.

Os dados apontados pela pesquisa, assim como as chances que o remédio tem de perder seu efeito, apontam certa limitação no método, e isso faz com que o “uso perfeito” dele seja algo raríssimo. Conforme explica a médica, é aí que entra o “uso típico” – ou seja, como o remédio funciona na prática -, que faz a eficácia da pílula diminuir.
“O uso perfeito traz três gestações não programadas a cada mil mulheres por ano, e isso vale para o DIU hormonal, para o DIU de cobre e para a pílula. No uso típico, a taxa é de 80 [gestações não programadas] em cada mil mulheres em um ano”, afirma a médica, ressaltando que, como o dispositivo intrauterino não depende de lembrança para surtir efeito, seu uso perfeito é possível.

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